Juvenil Silva lança seu novo álbum nesta segunda (10)
Nos arranjos, poucas guitarras e prevalecem violões de aço, nylon, 12 cordas e um lendário instrumento: o tricórdio de Lula Côrtes
O pernambucano Juvenil Silva lança, nesta segunda (10), nas plataformas digitais de música, "Um belo dia nesse inferno", quarto álbum de sua carreira. Com sua calmaria, o álbum "faz contraponto ao olho do furacão. Um álbum leve, apesar do pesar, em seus temas e letras mais duras", diz a divulgação do artista.
Diferentemente dos discos anteriores, o disco se esquiva do rock e das guitarras distorcidas, já conhecidas no trabalho do músico. Nos arranjos, poucas guitarras e prevalecem violões de aço, nylon, 12 cordas e um lendário instrumento: o tricórdio de Lula Côrtes, o mesmo que gravou clássicos como Paêbirú, Molhado de Suor, Flaviola e O Bando do Sol, o primeiro de Zé Ramalho, entre tantos outros.
O tricórdio, que estava sob a posse do amigo e músico Paulo Rafael – falecido em 2021 - foi parar nas mãos de Juvenil para as gravações do primeiro disco da Avoada, projeto coletivo do qual o músico participa.
Leia também
• Tulipa Ruiz lança disco com canções inéditas
• Isadora Melo põe as vestes de compositora em novo disco "Anagrama"
• Paulo Netto segue em celebração a Belchior em novo disco
O álbum
"Um belo dia nesse inferno" traz a atmosfera do folk psicodélico, da canção, soando ora mais popular, com ares de Zé Ramalho, Bob Dylan, Belchior, ora mais psicodélico, como Lula Côrtes, Syd Barret, e até mesmo melancólico, como Flaviola, Nick Drake e a cantora Nico. Todos esses artistas, assim como outros do mesmo nicho, fazem parte das referências e influências do artista desde o início de sua trajetória, acentuadas, finalmente, nessa obra mais recente.
“Pra mim é muito importante finalmente lançar esse disco, que comecei a gravar há mais de dois anos e que, por conta da pandemia e do envolvimento com tantos outros projetos, demorou tanto. Mas a demora é bem maior que isso. Um belo dia nesse inferno seria o título do meu primeiro disco, em 2013, que acabou se tornando Desapego. Mas não é só sobre o título, o conceito também, uma vez que eu queria ter lançado algo mais intimista e menos rock, mas acabei me inclinando por um caminho mais agitado lá no início dessa minha empreitada”, comenta Juvenil.
Ouça:
O disco tem participações especiais de vários artistas, como Régis Damasceno (Cidadão Instigado) nas programações, Lucas Gonçalves (Maglore) no violão, Pedro Huff no violoncelo, Bonifrate (Ex-Supercordas) fazendo teclado e viola de 10, D Mingus com flautas e programações, entre outros músicos locais.
As 10 faixas, que somam quase meia hora de música, são composições de Juvenil Silva, com parcerias em Objeto afetivo, com Guilherme Cobelo (Joe Silhueta) e Noites sem futuro, com Evandro Negro Bento.
“Esse é um disco de um novo eu, não pelo som, mas pela coragem de expor, cantar e ser quem sou, quem fui. Diferente daquele de 2013, que optou por não se mostrar tanto. O disco tá aí, tem um ar de leveza, calmaria e reflexão para esses tempos turbulentos e cruéis. Recentemente, lancei também o Depois da Curva, um álbum bem político, com a moçada do coletivo Avoada, e em breve vem mais trela com outros projetos, como a Dunas do Barato. Fiquemos firmes e sigamos amando e mudando as coisas, sim.”
A capa do disco é uma pintura do artista plástico olindense Gilvan Correia. A mixagem foi feita de forma conjunta entre Juvenil e o músico e produtor Tonho Nolasco, com exceção da faixa Sem relógios, mixada por D Mingus. A masterização foi feita de forma analógica, com um gravador de fita, no Estúdio Malunguim, por Pierre Leite. Esse, assim como último trabalho lançado, o EP Lonjura, 2021, é uma produção do selo Plurivox.