Kanye West diz que perdeu US$ 2 bilhões em um dia após declaração antissemita
Rapper teve acordos comerciais na indústria da moda com empresas como Gap e Adidas rompidos
O rapper Kanye West disse nesta quinta-feira (27) que perdeu 2 bilhões de dólares em um dia, com o encerramento de colaborações de parceiros comerciais depois que ele fez comentários antissemitas.
O magnata da música, também conhecido como Ye, viu serem derrubados seus lucrativos acordos comerciais na indústria da moda com empresas como Gap e Adidas, que se distanciaram após os comentários, que ativistas e parte da opinião pública qualificaram de discurso de ódio.
"Perdi 2 bilhões de dólares em um dia. E continuo vivo. Este é o discurso do amor", escreveu West em uma postagem no Instagram que teve mais de 1 milhão de curtidas. "Eu ainda te amo. Deus ainda te ama. O dinheiro não é o que eu sou. As pessoas são o que eu sou", acrescenta o texto de letras brancas sobre um fundo preto.
A publicação menciona Emanuel Ari, diretor-executivo da empresa de entretenimento Endeavor, que instou várias empresas a cortar os vínculos com o rapper.
A gigante da moda esportiva Adidas encerrou anteontem sua relação comercial com West, depois de seus comentários "inaceitáveis, odiosos e perigosos".
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A Adidas informou que acabaria com a produção da bem-sucedida linha "Yeezy", desenhada em conjunto com o rapper, e suspenderia "todos os pagamentos a Ye e a suas companhias". A decisão deve custar à Adidas cerca de US$ 250 milhões só este ano.
West, que tem falado abertamente de sua luta contra o transtorno bipolar, ocupou as manchetes por suas declarações públicas, como em sua tentativa de campanha presidencial em 2020, na qual acabou apoiando Donald Trump.
Sua insistência em ultrapassar limites foi uma faca de dois gumes para seus parceiros comerciais, que se beneficiaram de sua popularidade e suas aparições na mídia, mas agora correm o risco de serem ofuscados por sua associação.
Embora tenham resistido a comentários anteriores, como quando West chamou a escravidão de "uma opção", as coisas começaram a piorar este mês, quando ele apareceu em um desfile de moda em Paris com uma camiseta que trazia impressa a inscrição "White Lives Matter" ("As vidas dos brancos importam", em inglês). A frase é uma reação de grupos de extrema direita e supremacistas brancos nos Estados Unidos ao movimento antirracista "Black Lives Matter" ("As vidas dos negros importam").
Depois, West foi suspenso temporariamente do Instagram e do Twitter por uma publicação ameaçadora contra a comunidade judaica, na qual usava uma referência mal escrita de códigos militares.
Isto acendeu o alerta, inclusive para sua ex-mulher, Kim Kardashian. "Apoio a comunidade judaica e exijo o fim da terrível violência e da retórica odiosa contra eles", escreveu a celebridade, referindo-se aos judeus, sem mencionar o pai de seus filhos.
No fim de semana, uma faixa foi instalada em uma rodovia de Los Angeles com as inscrições "Kanye tem razão sobre os judeus" e "Buzine se você sabe". Alguns ativistas foram fotografados fazendo a saudação "Heil Hitler".
'Escoltado'
O anúncio feito na terça-feira pela Adidas foi seguido do da americana Gap, que disse que agiria a seguir "para remover os produtos Yeezy Gap" das lojas, além de pôr fim ao portal YeezyGap.com.
West e Gap haviam anunciado em setembro que a colaboração chegaria ao fim, mas a Gap havia dito que lançaria vários produtos que estavam em fase de desenvolvimento.
Na semana passada, a 'maison' Balenciaga rompeu sua colaboração com o rapper, dizendo que "não tinha outra relação ou planos para projetos futuros com este artista".
Na segunda-feira, a CAA, uma das maiores agências de talentos de Hollywood, cortou sua relação de trabalho com West, e a produtora de TV e cinema MRC disse que arquivaria um documentário já concluído sobre ele.
A Skechers informou ontem que West foi "escoltado" para fora de suas instalações por dois de seus executivos em Los Angeles, aonde ele havia ido sem ser convidado e com uma equipe de gravação.