Kim Kardashian defende aumento de salário a presidiários que lutam contra incêndios na Califórnia
Mais de 900 detentos participam de iniciativa governamental para auxiliar trabalho de bombeiros nos incêndios de Los Angeles, recebendo menos de 65 reais por dia
A empresária e modelo americana Kim Kardashian, dona de uma fortuna estimada em quase US$ 1,7 bilhão (cerca de R$ 10,3 bilhões no câmbio atual), defendeu que detentos recrutados para ajudar no combate aos incêndios florestais em Los Angeles recebam um pagamento maior pelo trabalho junto ao Corpo de Bombeiros, em meio ao que vem sendo considerado o pior incêndio da História do estado mais populoso dos EUA. Em uma série de publicações nas redes sociais durante o fim de semana, Kim chamou os detentos de "heróis" por seu papel na luta contra o fogo.
"Em todos os 5 incêndios em Los Angeles, há centenas de 'bombeiros encarcerados', arriscando suas vidas para nos salvar. Eles estão no incêndio em Palisades e no incêndio em Eaton, em Pasadena, trabalhando em turnos de 24 horas", escreveu Kardashian no sábado. "Eles recebem quase nada, arriscam suas vidas, alguns morreram, para provar para a comunidade que eles mudaram e agora são os primeiros a responder. Eu os vejo como heróis".
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Há muito tempo a Califórnia depende de pessoas encarceradas para auxiliar no combate a incêndios florestais. Na crise atual, mais de 900 fornecem a mão de obra necessária para as equipes do Corpo de Bombeiros, que está atuando no máximo de sua capacidade, mesmo com o reforço profissional de outros estados americanos e do exterior.
Defensores da justiça criminal — como a socialite americana — argumentam que o programa de trabalho prisional explora as pessoas encarceradas. Enquanto o salário mínimo estabelecido no estado é de US$ 16,50 por hora (R$ 100,5) os presidiários ganham no máximo US$ 10,24 por dia (R$ 62 na cotação atual), mais US$ 1 (cerca de R$ 6) adicional por hora durante emergências, de acordo com o Departamento de Silvicultura e Proteção contra Incêndios da Califórnia.
O valor é menor do que o pago a bombeiros sazonais do estado, que podem receber um salário base mensal de mais de US$ 4.600 (cerca de R$ 28 mil), e os bombeiros empregados pela cidade de Los Angeles, cujos salários começam em mais de US$ 85 mil (cerca de R$ 518 mil) por ano.
O serviço executado pelos detentos também inclui um risco importante à saúde. Um relatório da União Americana pelas Liberdades Civis e da Escola de Direito da Universidade de Chicago publicado em 2022 afirmou que, em um período de cinco anos, quatro desses bombeiros encarcerados foram mortos e mais de mil ficaram feridos durante o trabalho.
No domingo, o Departamento de Correções e Reabilitação da Califórnia disse que o governador Gavin Newsom assinou uma lei permitindo que esses bombeiros tenham mais oportunidades de carreira após cumprirem suas penas.