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"Lama dos Dias": série dirigida por Hilton Lacerda retorna ao Canal Brasil com segunda temporada

Com sete episódios, produção traz trama ambientada no Recife dos anos 1990, em meio ao movimento manguebeat

"Lama dos Dias" estreia nova temporada"Lama dos Dias" estreia nova temporada - Foto: Divulgação

O movimento manguebeat e a efervescência cultural do Recife nos anos 1990 servem de pano de fundo para “Lama dos Dias”. A série dirigida pelo cineasta Hilton Lacerda (“Tatuagem”, “Fim de Festa”) e lançada em 2018 retorna em uma segunda temporada, que estreia nesta sexta-feira (24), às 21h, no Canal Brasil

Os sete episódios inéditos de “Lama dos Dias” vão ao ar em sequência, seguindo o formato de maratona. Nesta nova leva, a série lança o seu olhar para o modus operandi da produção artística recifense, possibilitando reflexões sobre o processo criativo que espelham os dias atuais.

A trama da segunda temporada é ambientada em 1994, ano marcado por acontecimentos como a Copa do Mundo, a morte de Ayrton Senna e o lançamento do real como moeda oficial brasileira. No contexto cultural pernambucano, o manguebeat ganhava projeção nacional com os lançamento dos discos “Da Lama ao Caos”, de Chico Science & Nação Zumbi, e “Samba Esquema Noise”, do Mundo Livre S/A.

Segundo Hilton, a ideia de uma continuação estava prevista desde a concepção da série. O projeto foi inicialmente pensado como uma trilogia, com uma narrativa contada em intervalos de dois anos entre cada uma das temporadas. Problemas com a Agência Nacional do Cinema (Ancine) adiaram a realização do projeto, o que acabou provocando mudanças na proposta original. 

“A primeira temporada se passava em 1990, em um momento muito embrionário para o movimento mangue. Pensávamos em fazer a temporada seguinte em 1992, mas pulamos quatro anos, chegando a um momento muito emblemático para o manguebeat. Com isso, os personagens estão também mais maduros”, pontua o diretor e roteirista. 

Ficção misturada à realidade
“Lama dos Dias” traz histórias fictícias, porém inspiradas em personagens e casos reais. Hilton e Hélder Aragão, que idealizaram a série, levaram muitas de suas experiências pessoais como “mangueboys” para o roteiro. 

“Às vezes, é bem incômodo você falar de personagens que você conhecia de fato. Quando trazemos essas pessoas para uma periferia inventada, mas usando uma lógica do que aconteceu de verdade, acho que ficamos muito mais livres para comentar e desenhar esses acontecimentos. Alguns personagens terminam mesclando vários amigos e amigas da gente e não alguém específico”, explica Hilton.

Nos novos episódios, Farmácia (Geyson Luiz) fica encantado com um filme do final dos anos 1970. Diante de sua descoberta e do descontentamento com a lógica de produção do audiovisual, ele resolve fazer seu próprio curta-metragem. Enquanto isso, o produtor EZK (Matheus Tchôca) se dedica ao Festival Música de Bordo e à banda Kara Feya, após a dissolução de sua antiga banda, a Psicopasso.

Protagonista mais maduro
Ator pernambucano, Geyson Luiz consegue perceber as transformações vividas por seu personagem entre uma temporada e outra. “De um jovem cheio de dúvidas na primeira temporada, a segunda dá um olhar mais nítido de seu amadurecimento como criador da sua própria obra. O Farmácia está mais certo dos seus objetivos, porém difícil de lidar com as consequências”, diz o artista. 

O curta produzido por Farmácia está integrado à narrativa da série. No início de cada episódio, é exibido um trecho do filme, que tem direção de Hélder Gomes - ele também assina a trilha sonora da série. “De certa forma, é uma homenagem também àquele cinema que foi inventado em determinado momento e que passou a ter uma importância enorme dentro do cenário brasileiro, trazendo um novo modo de produção”, comenta Hilton. 

Adições importantes
Além de trazer de volta personagens antigos, a série introduz novas figuras. Uma delas é Maria da Saudade (Alana Ayoká), inglesa, filha de um baiano com uma moçambicana, que passa a influenciar o grupo de amigos com sua liberdade de corpo e seu pensamento cosmopolita. Já Olívia (Carol Cavesso) é uma jornalista e musicista paulistana que se encanta pelo Recife, estabelecendo um forte diálogo com a Kara Feya.

No elenco, também estão nomes como Tavinho Teixeira, Isadora Gibson, Edson Vogue, Nash Laila, Ênio Damasceno, Caio Macedo, Lula Lira e Negrita MC, com participações especiais de Marcélia Cartaxo e Túlio Starling. “Erguemos uma obra que carrega um movimento, a história da cultura do povo pernambucano, e contar a história com a nossa  verdade, efervescência que só o nordestino carrega, é um ato de resistência”, defendeu Geyson Luiz. 

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