Le Monde chama Fernanda Torres de "monocórdia" em "Ainda estou aqui"
Longa de Walter Salles faz sua estreia na terra do "rival" "Emilia Pérez"
" Ainda estou aqui" chega aos cinemas franceses nesta quarta-feira (15). O lançamento vem repleto de expectativas no país, uma vez que é apontado como principal rival do francês "Emilia Pérez" na corrida pelo Oscar de melhor longa internacional. O filme de Jacques Audiard bateu o brasileiro no Globo de Ouro na categoria.
Com o título local de "Je suis toujours là", o filme de Walter Salles foi bem recepcionado no país, colecionando uma série de críticas positivas. "Doze anos após seu último filme, Walter Salles narra com força e emoção o luto impossível que atingiu os Paiva", escreveu o Libération. Já a tradicional Cahiers du Cinéma escreveu: "Um filme realizado com sutileza, que reafirma a necessidade da transmissão".
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Enquanto o Le Figaro destacou que o filme retratou "uma cativante e poderosa narrativa histórica", o Positif resumiu: "Um filme ao mesmo tempo intimista e universal". A revista Le Nouvel Obs escreveu: "O melhor filme de Walter Salles. Uma obra sobre a memória, sóbria e intimista, atravessada pelos fantasmas dos desaparecidos."
A revista Telerama foi mais uma a se render ao trabalho da atriz brasileira vencedora do Globo de Ouro: " Fernanda Torres está extraordinária". Mas a performance da filha de Fernanda Montenegro não foi unanimidade na França. O crítico Jacques Mandelbaum, do Le Monde, apontou a atuação da atriz como "passavelmente monocórdia".
A publicação deu ao longa brasileiro — uma co-produção com a França — apenas uma estrela, em uma escala de quatro. O texto critica o foco na figura de Eunice Paiva, que fez, na visão do crítico, o longa "passar com um traço leve demais pela compreensão do mecanismo totalitário".
"Ainda estou aqui" chega a 200 salas de cinemas na França. O país costuma recepcionar bem os trabalhos de Walter Salles, que por inúmeras vezes apresentou obras no Festival de Cannes.