"Lei da Selva": série documental aborda a história do jogo do bicho
Marcelo Adnet é o narrador da produção, que estreia nesta sexta-feira (29), na TV e no streaming
Apesar de sua popularidade, o jogo do bicho ainda é considerado uma contravenção penal. Isso pode mudar, se um projeto de lei que autoriza os jogos de azar no Brasil, já aprovado pela Câmara dos Deputados, for acolhido também pelo Senado e pela Presidência da República. É em meio a um caloroso debate sobre o assunto que estreia na TV e no streaming uma produção que promete mostrar o que há por trás das apostas em que números representam animais.
A série documental “Lei da Selva - A História do Jogo do Bicho” estreia nesta sexta-feira (29), às 22h30, no Canal Brasil e nas plataformas Canais Globo e Globoplay + Canais ao Vivo. A direção é de Pedro Asbeg, que convidou Marcelo Adnet para ser o narrador da obra audiovisual.
“Sabia que eu queria alguém carioca, que tivesse um jeito de falar com leveza. Como a série já tem uma carga muito pesada, a gente tentou trazer um pouco de humor nessa locução. Além disso, o Adnet sabe muito sobre o assunto, porque foi o tema da monografia dele em jornalismo. Então, ele falou tudo aquilo com muita propriedade e coragem”, analisa o diretor, em entrevista à Folha de Pernambuco.
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A origem do jogo
Logo no primeiro dos seus quatro episódios, a série revela a origem do jogo do bicho. A loteria foi criada em 1892, pelo barão João Batista Viana Drummond, com o objetivo de arrecadar fundos para um jardim zoológico em Vila Isabel, no Rio de Janeiro. Rapidamente, a atividade se espalhou pela cidade e, com o passar dos anos, acabou se transformando em um império criminoso que movimenta bilhões.
“A gente se acostumou, no Brasil, a lidar com a contravenção de forma muito tranquila. No Rio, em particular, a linha entre o legal e o ilegal é muito tênue. O jogo do bicho é um exemplo típico disso. Há 130 anos ele existe, com banquinhas em todo lugar, e todo mundo sabe. Mais do que contar a origem, o que é relevante na série é ajudar a entender as conexões criminosas do jogo e como isso foi abraçado pela cultura popular”, pontua.
Corrupção e contravenção
Avançando no tempo, a série documental revela os movimentos e articulações que garantiram a sobrevivência do jogo do bicho até os dias de hoje. Apresentando personagens fundamentais para esse processo, como Castor de Andrade e Capitão Guimarães, a produção evidencia o rastro de violência e corrupção deixado por essa atividade. Também fica claro seu poder de penetrar nos mais diferentes setores da sociedade carioca, mantendo ligações controversas com escolas de samba, times de futebol, o tráfico de drogas, as milícias e policiais.
Cada episódio, segundo o diretor, passou por uma análise jurídica, para resguardar a produção de futuras contestações. “Me sinto seguro para falar sobre casos públicos e notórios, que passaram por investigações do Ministério Público, da Polícia Federal e da Polícia Civil, com várias pessoas indiciadas. Não estamos acusando ninguém sem provas, já que nos baseamos nos próprios autos dos processos”, explica.
Depoimentos e fatos verídicos
Asbeg costura sua rede de informações sobre o jogo do bicho a partir de fatos históricos e depoimentos gravados em estúdio, durante a pandemia de Covid-19. O carnavalesco Milton Cunha, o deputado Marcelo Freixo e a urbanista Tainá de Paula estão entre os entrevistados, além de jornalistas, historiadores, sociólogos e outros especialistas.
“Contamos com uma grande pesquisa, baseada em documentos, jornais e livros sobre o assunto. Isso já trouxe algum embasamento e, conversando com os entrevistados, eles foram trazendo mais informações. Ainda assim, a série não é baseada só em dados. Há também um lado opinativo de cada convidado muito forte”, afirma.