Literatura e Ciência

Livro da médica e pesquisadora Margareth Dalcolmo aborda a pandemia do ponto de vista da ciência

Publicação reúne artigos escritos semanalmente pela autora para o jornal O Globo, documentando a pandemia sob a ótica da ciência

Médica pneumologista e pesquisadora Margareth DalcolmoMédica pneumologista e pesquisadora Margareth Dalcolmo - Foto: Divulgação

Referência nacional quando o assunto é pandemia de Covid-19, a médica e pesquisadora Margareth Dalcolmo lançará, na próxima quinta-feira (17), na Livraria Jaqueira, no Bairro do Recife, a partir das 17h, seu livro "Um tempo para não esquecer - A visão da ciência no enfrentamento da pandemia do coronavírus e o futuro da saúde", que já teve lançamento no Rio, em São Paulo e em Vitória, sua cidade natal. 

Os artigos reunidos na obra, escritos semanalmente para o jornal O Globo, constituem uma espécie de diário que documenta os acontecimentos sob a ótica da ciência em sua essencial missão humanista. "É uma cronologia, evidentemente, com muitas incursões literárias, porque não é um livro técnico, é de literatura. É um livro factual que faz uma cronologia pelo que passamos nesses últimos dois anos. Eventualmente, sairá uma versão ampliada com os artigos pós-ômicrom no futuro", adianta a autora.

O começo da crise sanitária
Com largo conhecimento sobre epidemias - acompanhou o surto de H1N1, junto ao Ministério da Saúde, anos atrás, e atua em um projeto sobre a epidemia de ebola na África Subsariana - dra. Margareth percebeu a gravidade da entrada do novo coronavírus no Brasil logo no início da crise sanitária. "Não era difícil para mim como pneumologista que tratou os primeiros casos depois do Carnaval, no final de fevereiro de 2020, entender que o que estava chegando para nós era realmente um 'tsunami', algo grave e de grande magnitude", relembra a médica. 

Desde o início das contaminações, a pneumologista acompanhou de perto as repercussões clínicas, os efeitos sociais e os esforços da comunidade científica para encontrar vacinas capazes de conter a vertiginosa propagação da Covid-19. "Alertei isso na primeira entrevista pública que dei, no dia 13 de março de 2020, logo depois da OMS caracterizar como pandemia o que ocorria no mundo. E o Brasil foi país que, de certa maneira, emulou os países que nos antecederam no número de casos e na magnitude do problema", destaca.
 

Médica e pesquisadora Margareth Dalcolmo lança seu livro em Recife, no próximo dia 17.
Desinformação e outros gargalos
Apesar de enaltecer o desenvolvimento da pesquisa em torno das vacinas e a expertise do Plano Nacional de Imunização no País, a médica faz ressalvas quanto à coordenação das ações das autoridades públicas. "Nós vivemos com essa tensão - a meu juízo evitável - que aconteceu. Com essa falta de coordenação que, de certa maneira, se replicou na questão do PNI e em relação às vacinas", argumenta.

Segundo a pneumologista, a pesquisa acadêmica brasileira vem demostrando compromisso público com participação na produção científica, além de se destacar no trabalho assistencial, tanto na rede pública quanto na rede privada no Brasil. 
Dra. Margareth também menciona como fundamental o acordo de cooperação técnica e transferência de tecnologia através da Fiocruz junto a Astrazeneca para a fabricação de vacinas, dando ao País uma autonomia de produzir imunizantes suficientes, inclusive para atender nações vizinhas.

Ouça o Podcast:

Sobre a autora
Margareth Dalcolmo é pneumologista, com doutorado em medicina pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), e pesquisadora da Fiocruz. Presidente Eleita da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisologia para o biênio 2022-2024, é integrante da Comissão Científica das Sociedades Brasileiras de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), da Rede Brasileira de Pesquisa em Tuberculose (Rede-TB) e do Steering Committee do Grupo denominado Resist TB, da Boston Medical School. Integra também o Expert Group for Essential Medicines List da Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Regional Advisory Committee do Banco Mundial para projetos de saúde na África Subsaariana em tuberculose e doenças respiratórias.

Tem experiência como investigadora principal em ensaios clínicos para o tratamento da tuberculose, e para vacinas e tratamentos para Covid-19. Professora da pós-graduação da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), tem mais de cem artigos científicos publicados nacional e internacionalmente. Em 2021 recebeu os prêmios Nise da Silveira, oferecido pela Prefeitura do Rio de Janeiro, por meio da Secretaria Especial de Políticas e Promoção da Mulher (SPM-Rio), e o Faz diferença – Personalidade do Ano (2020), do jornal O Globo, onde mantém uma coluna semanal.
 

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