Lourival Cuquinha expõe obras sobre imigrantes camelôs no Recife
Artista visual traz ao Recife um recorte de "Transição de Fase", projeto que desenvolve há 10 anos
Imigrantes que trabalham como camelôs em grandes centros urbanos brasileiros são objeto de estudo do artista visual pernambucano Lourival Cuquinha. Intitulado “Transição de Fase”, o projeto já soma mais de 150 obras ao longo de 10 anos de sua pesquisa. Desta terça-feira (24) até o próximo sábado (28), cinco obras desse “museu da imigração” chegam ao Recife e serão expostas no Pátio de São Pedro e na rua Imperatriz, região central da Capital pernambucana.
As imagens retratam pessoas que fogem da pobreza, da violência e de guerras civis e massacres, buscando oportunidade nas ruas das metrópoles. “O sujeito que emigra é um corpo movente por ele próprio; também o é quando trabalha ambulando pelo território estrangeiro que vai se tornando cada vez mais dele. Muitas vezes ele próprio é o corpo deslocado de sua origem por força de um trabalho planetário que a economia impõe”, descreve o artista.
Cinco obras serão expostas em uma estrutura pentagonal de cobre criada pelo artista, acompanhadas de pequenas caixas de som que exibirão os áudios das entrevistas com os imigrantes. O projeto conta com incentivo do Sistema de Incentivo à Cultura, Fundação de Cultura Cidade do Recife, Secretaria de Cultura e Prefeitura do Recife.
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“Transição de fase”
Uma das obras da instalação é “Transição de Fase // Eloy”, criada em 2015 a partir do encontro com o peruano Eloy, no Bairro do Recife. As demais, ainda inéditas, foram captadas nas ruas do Recife no primeiro semestre deste ano, com os imigrantes senegaleses Momar Mbaye e Amâdou Touré, e duas venezuelanas Noelis Quijada e Maria Warao.
Os imigrantes selecionados tiveram toda ou parte de suas mercadorias compradas. Pequenas entrevistas foram gravadas em vídeo, acompanhadas do registro fotográfico deles, de frente e de costas, junto dos objetos que comercializavam. Em comum acordo, o cachê por essas fotografias tem o mesmo valor do(s) objeto(s) adquirido(s). As fotos de cada um foram impressas em uma superfície feita com cédulas de real costuradas nas placas de cobre e madeira.
O trabalho e os corpos
“Há dois tipos de trabalho: o primeiro, alterar a posição de um corpo na ou próximo à superfície da Terra relativamente a outro corpo; o segundo, mandar outra pessoa fazê-lo”, como diz Bertrand Russel em “Elogio ao Ócio”. “É uma interseção entre sujeito que se desloca e aquele que é deslocado”, reflete Cuquinha.
Segundo o artista, “cabe ouvir e entender suas dinâmicas coletivas e individuais, pois em seus gestos, ao indicar o corte do mundo, imigrantes reivindicam territórios sem fronteiras: utopia das mais futuras”.
Em sua trajetória, Lourival Cuquinha propõe uma crítica social, usando suportes como fotografia, vídeo e instalação, conectando realidades brasileiras a contextos globais e trazendo visibilidade a narrativas marginalizadas. Sua arte já foi exibida em importantes espaços culturais pelo mundo.
Desde 2014, o projeto “Transição de Fase” já passou pelo Museu de Arte Moderna de São Paulo; o Galpão Bela Maré e o Parque das Ruínas, no Rio de Janeiro; o complexo cultural da Funarte, em Belo Horizonte; e o Museu de Arte Contemporânea de Campo Grande (MT). Transição de Fase também já foi vista na embaixada do Brasil em Londres (Inglaterra) e na Art Brussels em Bruxelas (Bélgica).
SERVIÇO
"Transição de Fase" - Recife
Instalação de Lourival Cuquinha
Onde e quando: 24, 25, 26 e 27 de setembro, no Pátio de São Pedro, das 10h às 18h; 28 de setembro, na Feira Imperatriz das Artes (rua da Imperatriz), das 13h às 20h
Mais informações nos perfis de Instagram @lourival_cuquinha e @cuquinhatransicaodefase
Recife