Luz, câmera... Mulheres!: atrizes e diretoras vêm superando obstáculos no audiovisual
Cenário Hollywoodiano ainda não é o ideal, mas as conquistas têm seu valor
Fernanda Montenegro, Sônia Braga, Viola Davis e Meryl Streep. Esses são alguns dos nomes que podemos pensar quando falamos em grandes mulheres da indústria cinematográfica e televisiva. Nem sempre foi assim. Cada uma delas precisou passar por obstáculos e rejeições apenas por serem mulheres.
Quando levantamos a questão do racismo, os problemas aumentam. A atriz Viola Davis, tão imponente e premiada em seu trabalho, destacou a disparidade entre mulheres brancas e negras em uma entrevista com a diretora executiva da "Women in the World", Tina Brown, em 2018. “O que elas [mulheres brancas] recebem é metade do que os homens recebem e ganhamos um décimo do que a mulher branca recebe (...), eu tenho uma carreira que pode ser comparada com a de Meryl Streep, Julianne Moore... e mesmo assim, não somos iguais em dinheiro e oportunidades de emprego”, disse Davis.
Na busca por espaço
As conquistas têm valor: na TV, MJ Rodriguez foi a primeira mulher transexual a ganhar um Globo de Ouro pelo seu trabalho em “Pose”, as franquias de super-heróis contam com filmes inteiros dedicados às heroínas. As princesas da Disney estão cada vez mais empoderadas. No mês em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, é válido relembrar o passado para não repetir os mesmos erros nos dias de hoje.
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Em 1940, Hattie McDaniel foi a primeira mulher negra a vencer o Oscar. Mesmo assim, foi barrada da premiação e só pôde entrar minutos antes de receber sua estatueta de Melhor Atriz Coadjuvante, por seu desempenho em "E o Vento Levou". Seu discurso foi escrito pela produtora, ela leu palavras que não eram suas, agradeceu e saiu.
A indústria da juventude
Hollywood é considerada a mais antiga e importante indústria cinematográfica do mundo e, por muitos anos, foi comandada por homens brancos e heterossexuais. Com esse perfil nos estúdios, o patriarcado era regra. Marilyn Monroe, um dos grandes ícones de Hollywood, era a típica loira jovem e sonhadora, transformada em símbolo sexual e vítima dos padrões de beleza da época. Sua morte por overdose é tema de debate até hoje.
A indústria consegue ser impiedosa com a idade. Ao menor sinal de envelhecimento, as atrizes eram descartadas e substituídas por outra jovem loira. Às mulheres de 40 anos ou mais eram dadas personagens vazias e estereotipadas, servindo de apoio para o protagonista, o homem branco.
Estereótipos x Personagens multifacetadas
O principal motivo que faz o público acompanhar um filme é o personagem. Precisamos sentir empatia ou identificação na tela. Em “E o Vento Levou”, a personagem que consagrou Hattie McDaniel era uma empregada doméstica. Assim era como os homens brancos viam mulheres negras. No horror, personagens como a de Lupita Nyong'o, em “Us”, são desenvolvidas com profundidade e várias dimensões, as franquias “Halloween” e “Pânico” trazem protagonistas corajosas, com nuances e que enfrentam seus algozes.
A representatividade é poderosa. O que vemos na tela tem poder e quanto mais mulheres protagonizarem suas histórias, mais o público feminino se sentirá corajoso e forte para ocupar espaços na vida real.
Confira algumas conquistas das mulheres em Hollywood:
1940 - Hattie McDaniel foi a primeira mulher negra a vencer o Oscar. À época, foi premiada na categoria Atriz Coadjuvante por sua performance em "E o Vento Levou", mas foi barrada da celebração;
1977 - Lina Wertmüller foi a primeira mulher indicada ao Oscar de Direção, por "Pasqualino Sete Belezas";
1987 - Marlee Matlin foi a primeira atriz surda a vencer o Oscar, pela performance em "Filhos do Silêncio";
2002 - Halle Berry foi a primeira mulher negra a vencer o Oscar de Melhor Atriz, por sua interpretação em "A Última Ceia";
2010 - Kathryn Bigelow foi a primeira mulher a vencer o Oscar de Direção, pelo drama "Guerra ao Terror";
2017 - Julia Louis-Dreyfus quebra o recorde e se torna a atriz de comédia mais premiada do Emmy. Dreyfus venceu seis vezes a categoria de Atriz em Comédia por "Veep";
2022 - MJ Rodriguez é a primeira mulher trans a vencer o Globo de Ouro como melhor atriz em drama. Rodriguez foi condecorada por sua atuação em "Pose".