Macron sai em defesa do ator Gérard Depardieu, acusado de estupro: 'Caçada humana'
Presidente da França se mostrou favorável ao ator; Ministério Público anunciou que artista era alvo da segunda acusação de agressão sexual, feita pela atriz Hélène Darra, e outras atrizes fizeram denúncias
O presidente da França, Emmanuel Macron, saiu em defesa do ator Gérard Depardieu, acusado de violência sexual, nesta quarta-feira. O chefe do executivo disse considerar que exista uma "caçada humana” contra o artista.
A jornalista e escritora espanhola Ruth Baza anunciou, nesta terça-feira, que apresentou uma denúncia contra o ator francês Gérard Depardieu por estupro, por eventos ocorridos em Paris em 1995.
A autora, de 51 anos, explicou à agência de notícias AFP que apresentou a denúncia na última quinta-feira perante a polícia espanhola por um estupro que teria ocorrido durante uma entrevista que ela fez ao ator francês para a revista Cinemanía em 12 de outubro de 1995, em Paris, confirmando, assim, uma informação divulgada pelo jornal espanhol La Vanguardia.
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"Foi uma invasão sem o meu absoluto consentimento, em momento algum", indicou Baza, que na época tinha 23 anos, enquanto o ator tinha 46. "Fiquei absolutamente paralisada", acrescentou sobre os eventos que teriam ocorrido nos escritórios da antiga produtora Roissy Films.
Nesta semana, o museu de cera de Paris retirou, nesta segunda-feira, a escultura do ator francês Gérard Depardieu, disse a sua direção à AFP, devido às “reações negativas” dos visitantes após a recente transmissão de um vídeo com comentários sexistas do intérprete, também acusado de violação.
A decisão foi tomada “face às reações negativas dos visitantes [quando passavam em frente da figura] e nas nossas redes sociais”, afirmou o Museu Grévin, que recebe cerca de 800 mil visitantes por ano e onde Depardieu inaugurou a sua dupla de cera em 1981.
Durante uma viagem à Coreia do Norte em 2018, o ator fez comentários sexistas, bem como gestos e ruídos de garganta imitando atos sexuais enquanto conversava com mulheres, segundo imagens transmitidas em 7 de dezembro pela rede de televisão France 2.
Após o anúncio do museu, sua filha, a atriz Julie Depardieu, saiu em defesa do ator.
“Estou surpresa com a violência da rejeição deste homem que idolatramos durante toda a sua vida”, disse ela em declarações à rede CNews, denunciando “uma caçada humana sem precedentes”.
Ela também explicou que seu pai havia deixado a França e não passaria o Natal com a família.
Após a divulgação do vídeo do ator, a ministra da Cultura francesa, Rima Abdul-Malak, criticou os “comentários absolutamente escandalosos” e anunciou um processo disciplinar que poderá levar à retirada da sua Legião de Honra, distinção que premia civis e militares por atos e serviços prestados à França.
Em dezembro de 2020, a justiça acusou Depardieu, 74, de estupro e agressão sexual à atriz Charlotte Arnould.
Desde então, uma dezena de mulheres o acusaram de violência sexual na imprensa, incluindo a atriz Hélène Darras. A Justiça está investigando sua denúncia apresentada em 10 de setembro por fatos em princípio prescritos.
Depardieu, que nega as acusações, é figura importante do cinema francês, como Alain Delon ou Brigitte Bardot, com uma longa carreira de mais de 200 filmes.
Segunda denúncia
O Ministério Público francês anunciou na última semana, que o ator era alvo da segunda denúncia de agressão sexual, feita pela atriz Hélène Darra. O episódio, que teria acontecido em 2007, foi relatado às autoridades em setembro deste ano, segundo o MP.
Darras apresentou a queixa em 10 de Setembro por agressão sexual durante uma filmagem em 2007. Apesar do caso já estar prescrito, o Ministério Público especificou que irá estudá-lo para ver que curso a ação pode tomar.
Num episódio agendado para quinta-feira do programa investigativo "Complément d'enquête" da televisão pública France 2 sobre as inúmeras acusações contra o ator, Darras acusa Depardieu de tê-la apalpado quando ela tinha 26 anos e atuava como figurante no filme "Disco", de Fabien Onteniente.
Durante as filmagens, Depardieu “colocou a mão na minha cintura, nas minhas nádegas” e “ele me disse claramente: você quer ir ao meu camarim?”, explica a atriz. O ator seguiu com o assédio mesmo depois da negativa de Darras.
Antes desta denúncia, o sistema judicial acusou este gigante do cinema francês em dezembro de 2020 por violação e agressão sexual contra a atriz Charlotte Arnould, que denunciou duas violações em agosto de 2018 na casa do ator em Paris. Desde então, uma dúzia de mulheres o acusaram de violência sexual na imprensa.