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Sem festa

Em um Marco Zero vazio, maestro entoa frevos em homenagem ao Carnaval

Pernambucano Manoel Carvalho quis lembrar os colegas que deveriam se apresentar nesta sexta (12)

Maestro Manoel Carvalho faz homenagem solitária ao Carnaval do RecifeMaestro Manoel Carvalho faz homenagem solitária ao Carnaval do Recife - Foto: Ed Machado

A noite desta sexta-feira (12) era para ser de festa no Marco Zero, ponto turístico mais emblemático do Recife e tradicional palco da abertural oficial do Carnaval da cidade, além de ser o maior polo da folia. Mas a Covid-19, que vem mudando cenários em todo o mundo, colocou água no chope do folião. 

O Marco Zero, contudo, não passou esta noite sem ouvir um frevo. O maestro pernambucano Manoel Carvalho, de 72 anos, prestou uma homenagem pra lá de especial ao ritmo e aos colegas que deveriam estar se apresentando no imponente palco da Abertura do Carnaval do Recife. 

Sozinho, no local onde deveria ser instalado o palco, ele entoou em sua clarinete frevos clássicos. “Voltei, Recife” era um que não podia faltar, sobretudo para um pernambucano natural de Palmares, na Zona da Mata Sul, que há cinco décadas mora em Brasília. Foi para lá como integrante da banda da Aeronáutica e acabou se profissionalizando. 

Na Escola de Música da capital federal, Manoel de Carvalho deu aulas e recebeu, ainda como alunos, os maestros Spok e Forró, hoje referências pernambucanas e lembrados por ele em seu solo. Aposentado, Manoel agora comanda uma orquestra privada, a Brasília Popular Orquestra, e está no Recife de passagem. 

“Costumo vir sempre em fevereiro por causa do aniversário da minha mãe. Esse ano foi diferente, ela partiu um pouco antes da data”, contou ele, que aproveitou o momento especial desta sexta para também homenageá-la. "Toquei 'À procura de alguém' para ela. Era a música preferida dela”, revelou. 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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Manoel também fez questão de entoar o famoso hino do Galo da Madrugada, que, em tempos normais, tomaria as ruas do Centro do Recife neste Sábado de Zé Pereira. 

“Quis olhar o movimento, ver se realmente não haveria nada. Perguntei à Polícia Militar da área se poderia tocar, já que está proibido som, e eles disseram que sim, desde que não houvesse aglomeração. Então fiz meu solo. Algumas pessoas passaram, pediram uma música ou outra, mas era como um dia normal. Até encontrei outro maestro também desolado”, disse ele, sem esconder a esperança por dias melhores.  

“Toquei durante uma meia hora, me senti bem. Senti que cumpri uma missão. A abertura é linda, emocionante. Espero que no próximo ano tenhamos um lindo Carnaval.” 

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