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"Mafalda" vai ganhar série na Netflix dirigida por vencedor do Oscar

Cineasta argentino dirigiu "Segredos de seus olhos", vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro em 2010

Pôster de Mafalda, da Netflix Pôster de Mafalda, da Netflix  - Foto: Divulgação

O premiado cineasta argentino Juan José Campanella será o diretor, roteirista e showrunner de "Mafalda", adaptação audiovisual dos famosos quadrinhos de Quino para a Netflix.

O anúncio da série animada foi feito pela plataforma nesta terça-feira. Campanella foi o diretor de "Segredos de seus olhos", vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro em 2010.

Campanella e a Netflix divulgaram uma longa carta, explicando a ligação do diretor com a história de Mafalda, criada em 1964 pelo cartunista Joaquín Lavado "Quino", também argentino.

Quino morreu em outubro de 2020, aos 88 anos. Quino criou 1.928 tirinhas da menina sabichona, respondona e progressista, que foram publicadas em mais de 35 idiomas.

 

Mafalda é a tirinha latino-americana mais vendida do planeta e, cinco décadas depois, os comentários da menina continuam surpreendentemente atuais.

Leia a carta completa.

Eu tinha sete ou oito anos quando foi publicado o primeiro catálogo de tirinhas de Mafalda em forma de livrinho. Meus pais liam as tiras e me diziam que eu não ia entender. Que ofensa. Que desafio. Corri para comprá-lo e ainda me lembro de subir a ladeira de Melo enquanto lia, dando gargalhadas e admitindo que, de fato, haviam tiras que eu não entendia. Mafalda e seus amigos não só me faziam rir muito, mas de vez em quando me mandavam ao dicionário. E cada palavra nova que eu aprendia vinha com o prêmio de uma nova gargalhada.

Logo eu já era mais um da turma da Mafalda. Posso citar muitas piadas de memória, mas como hoje enfrento esse enorme desafio, não vou começar com os spoilers.

Corte para décadas depois, em plena produção de Metegol. O mestre Quino veio visitar nosso escritório de produção. Havia quase 200 artistas de diferentes gerações e para todos nós era como se Deus tivesse entrado. Lembro que foi nesse dia que Quino tentou, pela primeira vez, desenhar com um lápis digital. Um gigante como ele, que inspirou gerações de desenhistas com seu traço, e muitos outros humoristas com seu senso de ironia e comentários perspicazes, estava dando forma a um traço, mas como nunca antes, sem tinta nem papel. Seu entusiasmo era o de uma criança com um brinquedo novo, fazendo dezenas de perguntas. O entusiasmo e a curiosidade de quem nunca acreditou saber tudo.

Desde essa visita, começaram a surgir perguntas. Como podemos reconectar as novas gerações que não cresceram com Mafalda a essa grande obra? Como podemos levar seu engenho, sua mordacidade, às crianças que hoje crescem em plataformas digitais? Como podemos, enfim, traduzir uma das maiores obras da história do Humor Gráfico para a linguagem audiovisual?

Hoje, doze anos depois dessa visita inesquecível, enfrentamos esse desafio. Nada mais nada menos que transformar Mafalda em um clássico da animação. É nossa obrigação preservar o humor, o timing, a ironia e as observações de Quino. Sabemos que não podemos elevar Mafalda, porque mais alta ela não pode estar. Mas sonhamos que aqueles que são devotos dela desde o início possam compartilhá-la com nossos filhos, e embora haja coisas reservadas apenas para adultos, todos possamos soltar uma gargalhada em família, e por que não, recorrer ao dicionário de vez em quando.

Sem dúvida, de longe, o maior desafio da minha vida.

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