'Magnatas do Crime': filme noir bobo e com elenco desperdiçado
Trama de Guy Ritchie não faria vergonha a uma intriga clássica se não tivesse junatdo um bando de bons atores e uma direção burocrática
"Magnatas do Crime" começa com o lance original da história e também com uma suave chantagem. Fletcher, papel de Hugh Grant, é um detetive que acredita ter uma história tão boa na mão que já escreveu o roteiro.
Fletcher é também detetive particular. Foi contratado por £ 150 mil para investigar um possível negócio, mas agora exibe a bagatela de £ 20 milhões para não vender a história a um senhor do crime inimigo.
A história que veremos é, em linhas gerais, aquela que se encontra no roteiro de Fletcher, a da venda do enorme comércio de maconha de Michael Pearson, vivido por Matthew McConaghey, para outro senhor do crime, Matthew, papel de Jeremy Strong.
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Essa história será entrecortada pelas intervenções de Fletcher, o que é um certo entrave. Mas ela se justificará por uma surpresa final - então, tudo bem.
Entre os dois grandes senhores do crime se intercalam inúmeros senhores intermediários que, ninguém se engane, também têm pretensões a passar a perna em pelo menos um dos dois "big shots".
Tudo se encaminha para o que poderia ser um film noir à inglesa, não fosse o fato de o detetive da história ser chantagista, além de escritor. E não fosse o fato de o cerebral do film noir se alternar com uma violência característica do cinema de ação contemporâneo.
No entanto, a trama escrita por Guy Ritchie não faria vergonha a uma intriga clássica. O problema é, além da interferência constante do roteirista, o fato de a direção de Guy Ritchie ser trivialmente britânica. Isto é, junta um bando de bons atores (além dos citados há, entre outros, Eddie Marsan e Colin Farrell, entre outros) e uma direção burocrática. Sem invenção, sem ao menos brilharecos.
Temos então uma intriga sobreposta a outra -a história da venda do negócio, em que Matthews, o comprador, faz de tudo para desvalorizar o produto de Michael (o vendedor, que por sua vez está em conflito com um poderoso editor de jornais sensacionalistas) e a chantagem de Fletcher (que também está a serviço de outros), sem contar um magnata russo que entra meio de gaiato na história.
Em poucas palavras, a intriga principal já teria a quantidade de elementos suficiente para, pelo menos, manter o espectador desperto. Ela é a garantia do filme, além da boa direção de atores.
O ritmo é entrecortado pela intriga de metacinema (a chantagem), o que atravanca um tanto o todo. Se o espectador se contentar com a direção-padrão de Ritchie pode até encontrar alguma diversão nesses "Magnatas". Não muito mais do que isso.
Magnatas do Crime
Produção EUA, 2019
Direção Guy Ritchie
Elenco Matthew McConaughey, Charlie Hunnam e Michelle Dockery
Classificação 16 anos
Avaliação Regular