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NOVELA

"Mar do Sertão" eleva a audiência das 18h na Globo

Nova novela da Rede Globo conta com boa dose de humor, representatividade nordestina e texto bem escrito

"MAR DO SERTÃO", DA GLOBO "MAR DO SERTÃO", DA GLOBO  - FOTO: DIVULGAÇÃO

                 Há alguns anos, o futuro das telenovelas é discutido. Pudera. Com tantos investimentos em séries e a internet impondo uma agilidade cada vez maior às produções do audiovisual, é normal que se indague o quanto os telespectadores estão dispostos a acompanhar, diariamente, uma história que se estende por meses. E que, em alguns momentos, pode se arrastar com tramas repetitivas e as conhecidas e tediosas “barrigas”.

                Bom, mas a verdade é que, volta e meia, aparecem produções que mostram que há, sim, ainda fôlego para o gênero. “Mar do Sertão” é uma delas. A novela das 18h da Globo é umas melhores surpresas de 2022 na televisão, pelo menos por enquanto. Com um elenco bem escalado e a junção de nomes conhecidos com alguns que nunca tiveram espaço na televisão, o folhetim tem bom texto e a dose certa entre o humor e as críticas sociais. De quebra, ainda propõe uma reflexão sobre a própria estrutura da televisão, ao dar espaço a um número grande de profissionais do Nordeste.

                A trama principal gira em torno do triângulo formado por Candoca, Zé Paulino e Tertulinho, papéis de Isadora Cruz, Sergio Guizé e Renato Goés, no qual os dois primeiros são os mocinhos e o último, o antagonista. Isadora, aliás, se sai bem em sua primeira protagonista, apesar da experiência tão curta na televisão. Mas, verdade seja dita: há muito mais em “Mar do Sertão” do que os conflitos românticos típicos da faixa das 18h. Questões ambientais, corrupção na política e desigualdade social estão em pauta constantemente. Na maioria das vezes, em tom cômico. Mas há momentos em que essas críticas aparecem em cenas de drama, retratando até mesmo a fome, um dos problemas atuais do Brasil.

                Em relação à audiência, “Mar do Sertão” também está longe de ir mal. “Além da Ilusão”, a antecessora, se encerrou com média geral de 19 pontos. Já a substituta, nos 50 primeiros capítulos, acumula média de 20 pontos, ou seja, um a mais. E a tendência, pelo menos até agora, tem sido de crescimento ao longo das semanas. A título de comparação, “Nos Tempos do Imperador” e “Éramos Seis”, exibidas na mesma faixa de horário e as últimas inéditas da década de 2020, ao lado dos folhetins já citados, registraram, respectivamente, 16,9 e 20,7 pontos de média geral.

                Não faltam atuações marcantes em “Mar do Sertão” para prender a atenção do público. José de Abreu e Débora Bloch são dois exemplos, na pele do Coronel Tertúlio e da dondoca Deodora. Outro nome que vem se destacando bem na novela é Giovana Cordeiro, que dá vida à exuberante Xaviera. Giovana não era tão conhecida, mas ganhou bastante visibilidade ao ganhar uma pequena, mas extremamente marcante participação na reta inicial de “Pantanal”. Era ela a Generosa, prostituta com quem o menino José Leôncio, então interpretado por Drico Alves, teve uma noite de amor que resultou na gestação de José Lucas de Nada, interpretado por Irandhir Santos.

                Agora, em “Mar do Sertão”, ela mostra uma excelente desenvoltura na trilha um tanto inusitada que sua personagem seguiu. De aprendiz de vilã, Xaviera já até salvou a vida do mocinho. Não será surpresa se, com o passar do tempo, ganhar status de protagonista na novela. Ter uma boa intérprete e trama convincente já é meio caminho para isso.

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