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Marcelo Rubens Paiva lança plataforma de cursos online

Entre os professores que ministram as aulas virtuais estão nomes como Maria Ribeiro, Leo Jaime, Xico Sá e Paulo Betti

Marcelo Rubens Paiva, escritor Marcelo Rubens Paiva, escritor  - Foto: Divulgação

“No momento em que o mundo está vivendo uma verdadeira revolução por conta de uma pandemia, as pessoas estão em casa querendo trocar ideias”, analisa o escritor Marcelo Rubens Paiva. Tal percepção foi o que o impulsionou a criar, junto com a jornalista e empresária Karina Barcellos, uma plataforma de cursos online.

O “Bora saber?”, cujas primeiras atividades serão iniciadas no próximo dia 25, tem entre os professores nomes como Paulo Betti, Xico Sá, Barbara Gancia e Maria Ribeiro. As aulas serão transmitidas a partir do aplicativo de videoconferência Zoom. Todas as sessões contarão com momentos de interação com os alunos. “Esse é o diferencial em relação às lives. Em vez de só ficar subindo aqueles coraçãozinho e milhares de perguntas que o cara nem consegue responder, haverá bate-papo de verdade. O número de participantes é de no máximo 50. Então, será como numa sala de aula virtual”, explica Marcelo.

Quem conferir as ementas dos cursos vai perceber que algumas propostas fogem do que comumente é oferecido em plataformas de ensino à distância. O cantor Leo Jaime, por exemplo, dá aula sobre “a fórmula do amor”. Maria Ribeiro conversa sobre casamento. Já a escritora e roteirista Antonia Pellegrino fala sobre maternidade no século 21. “Queremos proporcionar uma experiência nova. A gente não tem nenhuma pretensão acadêmica. Enquanto as universidades e instituições estão trabalhando a cabeça dos alunos, nós queremos fazer algo voltado para o sentimento”, diz.

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Alguns cursos presentes na grade do “Bora saber?”, no entanto, mantém um perfil mais profissionalizante. O próprio Marcelo, que está acostumado a colocar no papel histórias da sua vida, como no livro “Feliz ano velho”, ensinará a como escrever uma autobiografia. “Descobri que há muita gente querendo escrever sobre si mesmo ou sobre a própria família, mas não sabe muito bem como vencer alguns bloqueios de autocensura ou não domina as técnicas de escrita de um livro. Então, resolvi falar como é na prática o passo a passo disso”, conta. As inscrições para a maior parte dos cursos já estão abertas e podem ser feitas pelo site borasaber.art.br. As aulas ocorrem em diferentes dias e as matrículas variam de R$ 290 a R$ 360.

Entrevista com Marcelo Rubens Paiva:

As produtoras Diane Maia e Joana Mariani compraram os direitos de “Feliz ano velho”, seu romance mais famoso, para transformá-lo em série de TV. O que você pode adiantar sobre a nova adaptação?

Eu me envolvi bastante nesse projeto. Quando as produtoras lançaram a proposta, eu disse que aceitaria se fosse uma história contemporânea. Não queria fazer de novo algo sobre a ditadura, mas se pudesse transportar a trama para os tempos atuais eu toparia. Todo mundo amou essa ideia e, pensando nisso, acabei entrando no processo também como um dos roteiristas. Só que agora, com a pandemia, estamos aguardando. O mercado já estava meio travado, por conta desmonte na cultura, e agora parou de vez.

O que você acha que deve mudar nas pessoas e na sociedade após a pandemia?

Tem gente que fala que vai mudar nada, tem gente que fala que vai mudar tudo. Mas, honestamente falando, eu também não sei. Escrevi uma crônica recentemente, dizendo que em algumas epidemias o mundo se abriu e em outras o mundo fechou. Com a peste bubônica, no Império Romano, veio a Idade Média em seguida e tudo passou a ser obra de Deus. Mas teve também a peste negra, que deu na Renascença. Depois da Febre Espanhola, no começo dos anos 1920, veio a Era do Jazz e a República de Weimar, um momento de muito desbunde e ousadia. Quando Aids apareceu, o mundo se retraiu e um moralismo pesado voltou. Dessa vez, o que eu acho que realmente vai mudar é a rotina das pessoas. O brasileiro vai ter que rever a forma como cumprimenta, com beijos e abraços. Muitos vão continuar trabalhando em home office também. A vida em casa será muito mais incentivada do que fora dela.

A história da sua família é profundamente marcada pela ditadura militar brasileira. Como você, que teve o pai sequestrado e morto pelo regime autoritário, vê as recentes manifestações que pedem uma nova intervenção militar no País?

Essa é a maior loucura que aconteceu nos últimos anos no Brasil. Aliás, o País está vivendo um momento muito peculiar. É uma insanidade tudo o que está acontecendo, de presidente em disputa com ministro a manifestantes pedindo fechamento do Congresso e do Supremo. Ao mesmo tempo, quando você vê as fotos aéreas desses movimentos, percebe são pouquíssimas pessoas presentes. É totalmente irrelevante diante do cenário geral. E são suicidas, porque estão nas ruas, aglomerados, alguns sem máscaras, se expondo num período em que todo mundo deveria ficar em casa. Também temos um presidente louco. Aliás, acho que é o mais louco que a gente já teve na nossa história, mas até do que Jânio Quadros. Outro detalhe trágico disso tudo é que, com uma pandemia viral, as pessoas não podem ir às ruas se manifestar contra o governo. É uma situação muito difícil a que estamos vivendo e eu tenho a impressão que só vamos sair dela da mesma forma como saímos da ditadura, com um pacto entre a sociedade civil e os militares.

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