Marco Pigossi atravessa própria história em ''Maré Alta'', que estreia no Brasil
Drama queer aborda temas como a questão dos imigrantes e dos direitos LGBTQIAPN+
Em tempos inquietantes para os estrangeiros que vivem nos Estados Unidos, o drama queer ''Maré Alta'', protagonizado pelo brasileiro Marco Pigossi, faz sua estreia no Brasil, nesta quinta-feira (20). O longa-metragem aborda temas tão sensíveis quanto a relação do seu protagonista com o mar, como a questão dos imigrantes e dos direitos LGBTQIAPN+.
Na trama, o brasileiro Lourenço (Marco Pigossi) se encontra desorientado após ter sido abandonado pelo seu namorado na cidade norte-americana Provincetown, conhecida como uma meca LGBTQIAPN+. Frustrado e com o seu visto de turista prestes a vencer, o personagem desperta para uma jornada de autodescoberta.
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Identificação
O primeiro plano de "Maré Alta" é um cartão-postal aos fãs brasileiros, que ouvem Lourenço recitando um trecho do poema "Canto de regresso à pátria", de Oswald de Andrade, enquanto contempla um banho de mar aberto. O roteiro estabelece de forma espontânea o vínculo do personagem com o oceano e o sentimento conflituoso da saudade de casa.
O ator Marco Pigossi foi quem trouxe e inseriu o poema de Oswald no roteiro do filme, que assim como a direção, é assinado pelo cineasta italiano Marco Calvani, marido do brasileiro. A ideia era representar o Brasil através da criação de um sentimento de identificação no espectador e no próprio Lourenço, por estar longe de casa.
"Principalmente, o Marco (Calvani) queria um poema que o brasileiro se identificasse, e esse é um dos poemas que a gente nasce sabendo" afirmou Pigossi em entrevista à Folha de Pernambuco.
Encontro
Além do abandono, Lourenço vive com intensidade outro conflito pela iminência do fim do seu visto: o possível retorno para casa. Entendendo ser incapaz de ser ele mesmo no Brasil, pois sua família não sabe da sua orientação sexual, se assumir como um homem gay fora do País pareceu ser menos doloroso, ainda que não tenha se encontrado por completo.
As dificuldades para se estabelecer em Provincetown vão desaparecendo na medida em que Lourenço consegue criar vínculos na cidade. A figura paterna do seu vizinho Scott (Bill Irwin), a instigadora amizade com Miriam (Marisa Tomei), mas, principalmente, o seu envolvimento amoroso com Maurice (James Bland), ponto auge de ''Maré Alta''.
Pigossi e Lourenço têm suas histórias atravessadas. Ambos foram movidos pela possibilidade de ver o mundo fora de seu País, em uma jornada de autodescoberta, que não foi tirada deles, mas escolhida por eles. O ator brasileiro, cada vez mais adaptado com as produções internacionais, faz em "Maré Alta" a melhor atuação da sua carreira, flertando muitas vezes com a sua própria história.
Premiação
Essa representatividade em "Maré Alta", alcançou dois dos mais importantes eventos do cinema queer do mundo.
O filme será exibido na Europa, no Festival de Cinema LGBTQIA+ de Londres, no dia 22 de março. Posteriormente, o longa vai concorrer ao GLAAD Awards, em Los Angeles, na categoria de Melhor Filme da premiação, considerada o “Oscar queer”, no dia 27 deste mês.
Confira o trailer: