Margareth Menezes é anunciada oficialmente como Ministra da Cultura
'Vai ter trabalho viu, Margareth', disse Lula à artista baiana
O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, anunciou em Brasília, nesta quinta-feira, 16 novos ministros, entre eles Margareth Menezes na pasta da Cultura. Lula já havia confirmado, nas redes sociais, o nome da artista baiana para o comando do setor na esfera federal.
"Vai ter trabalho viu, Margareth", disse Lula, depois de posar com ela para fotos.
Cantora e compositora com mais de 35 anos de carreira, Margareth falou com a imprensa sobre o convite pela primeira vez no dia 13, na porta do hotel onde o presidente eleito estava hospedado na capital federal.
Foi uma conversa muito animadora para a gente que é da cultura. Nós conversamos e eu aceitei a missão. Recebo isso como uma missão dele. Foi uma surpresa para mim também, o meu processo até de entender essa minha representação e entendendo também a necessidade da gente fazer uma força tarefa, para a gente levantar o Ministério da Cultura. O presidente disse que para ele é de uma importância muito grande e que ele está querendo fazer um Ministério da Cultura forte para atender os anseios do povo da cultura, do povo do Brasil pelo potencial que a nossa cultura tem, pela nossa riqueza.
Nascida em Salvador em 1962, Margareth Menezes da Purificação é uma das maiores referências da música baiana, integrando a geração dos anos 1980 que consolidou o movimento que viria a ser conhecido nacional e internacionalmente como Axé Music.
Em paralelo à carreira musical, a cantora desenvolveu um projeto de formação de jovens no campo da da arte, educação e cultura, a Fábrica Cultural. Inaugurada em 2004, a ONG atua desde 2008 no bairro da Ribeira, onde Margareth nasceu, e outras comunidades carentes da capital baiana. Em 2005, Margareth fundou o movimento Afropop Brasileiro, voltado a destacar e festejar a cultura negra no Brasil. Seus cortejos têm a participação dos principais blocos afros e dos maiores artistas baianos. Sua história será contada em uma biografia escrita por Djamila Ribeiro e um documentário dirigido por Joelma Oliveira Gonzaga, que estão em andamento. No ano passado, a cantora foi nomeada embaixadora da cultura popular do Brasil pela Unesco.
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Dívidas com a União
Depois do anúncio de seu nome no Ministério, uma reportagem da revista "Veja" revelou que a artista tem uma dívida de R$ 1,1 milhão junto à Receita Federal. A cifra se refere a impostos não recolhidos pelas empresas Estrela do Mar Produções Artísticas e MM Produções e Criações, responsáveis pela produção de espetáculos e gravação de discos de Margareth. Uma delas, de acordo com auditores, recolhia o INSS de seus empregados, mas não repassava à Previdência.
Além disso, o Tribunal de Contas da União (TCU) detectou, há dois anos, irregularidades num convênio assinado, em 2010, entre a Associação Fábrica Cultural — ONG fundada por Margareth — e o Ministério da Cultura, no último ano do governo Lula.
Em nota, a cantora explicou que as atividades de sua empresa foram afetadas pela pandemia e que as dívidas com a União estão sendo pagas, "por meio dos processos de regularização Fiscal, que legalmente são normatizados pela Receita Federal e colocados à disposição para todos".
Braço-direito
O historiador, curador e gestor cultural Márcio Tavares será o braço-direito de Margareth Menezes no Ministério da Cultura do novo governo Lula, de acordo com os planos da gestão eleita. Doutor em Arte pela Universidade de Brasília (UnB), ele assumiu o cargo de Secretário Nacional de Cultura do PT nos últimos quatro anos e tem experiência, segundo seus pares, com o funcionamento da máquina pública. Recentemente, atuou no processo de tramitação e votação das leis Aldir Blanc e Paulo Gustavo no Congresso. Ele estava ao lado da cantora quando ela anunciou que iria ocupar o cargo.