Maria Casadevall vive heroína com problemas reais em 'Garota da Moto'
Longa-metragem é baseada em série homônima exibida pelo SBT, Fox e Amazon Prime Video
"Garota da Moto", que chega nesta quinta-feira (23) às salas de cinema, leva às telas uma heroína brasileira. Sem os superpoderes das famosas personagens da Marvel e da DC, Joana encara os malfeitores com golpes de artes marciais e uma obstinada vontade de defender os oprimidos, ao mesmo tempo em que vai à luta para ganhar o pão de cada dia como motogirl.
Dirigido por Luis Pinheiro, o filme de ação é baseado na série homônima criada por David França Mendes e João Daniel Tikhomiroff, exibida em duas temporadas pelo SBT, Fox e Amazon Prime Video. No longa-metragem, Joana até tenta levar uma vida pacata ao lado do filho, após anos fugindo de perseguições, mas seu senso de justiça faz com que mais uma vez ela precise se arriscar.
No seriado, a protagonista foi interpretada pela atriz Christiana Ubach, que engravidou pouco tempo antes do início das gravações do longa. Com isso, o papel foi repassado para Maria Casadevall, parceira recorrente de Luiz em outros projetos dirigidos por ele, como no filme “Mulheres Alteradas” e na série “Lili, a Ex”. Para a artista foi desafiador participar, pela primeira vez, de um trabalho com tantas cenas de lutas.
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“Como profissional e espectadora, eu não tinha muita intimidade com esse universo dos filmes de ação. Era, realmente, algo muito novo para mim. Sorte que estive cercada por profissionais incríveis, que fizeram uma ótima preparação. Fomos criando as coreografias dos golpes na sala de ensaio, trazendo dramaticidade para dentro da luta. Tudo isso pensando em como transmitir credibilidade nessas cenas”, comenta.
Casadevall buscou explorar também outras camadas da personagem, para além da pancadaria. Sua protagonista é uma heroína "pé no chão", que lida com problemas reais de pessoas comuns. “A Joana mostra outra faceta da potência do feminino, com um roteiro cheio de metáforas. Acho que muitas mulheres podem se reconhecer nessa mãe solo, que exerce um trabalho altamente precarizado para poder sustentar a família com dignidade e passa por uma série de violências”, defende a atriz.
Para a construção da motogirl justiceira, Casadevall foi buscar referências que vão desde as super-heroínas clássicas dos quadrinhos até o trabalho de Uma Thurman em “Kill Bill”. O visual da personagem deixou para trás estereótipos. Joana surge em cena com roupas de motoqueira, cabelos raspados e axilas com pelos, fugindo de uma figura feminina sexualizada e de padrões estéticos impostos.
“O figurino, junto com a linguagem da direção, foi me dando pistas sobre quem seria a Joana. Luiz retrata uma São Paulo distópica, sombria, meio Gothan City. A personagem internaliza essa atmosfera soturna, que está também muito bem impressa na fotografia”, diz.
Para o produtor João Daniel Tikhomiroff, o longa é uma prova de que o cinema brasileiro é capaz de produzir filmes de ação com qualidade e identidade própria. “De certa forma, as plataformas de streaming vêm quebrando essa rotulagem de que existem países bons apenas em determinados gêneros. É um horizonte grande que se abre e a gente ainda tem muito a trilhar por esse caminho”, aponta.
O enredo de “Garota da Moto” traz Joana na mira dos chefes de uma quadrilha. Após libertar um grupo de mulheres imigrantes mantidas em trabalho escravo, ela passa a ser perseguida por bandidos, que ameaçam não só a sua segurança, mas também a do seu filho. O elenco reúne nomes importados da série original, como Kevin Vechiatto e Murilo Grossi, além de rostos novos para a trama, como Naruna Costa, Roberto Birindelli e Duda Nagle.