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Mariana Santos e a responsabilidade de encarnar, em cima da hora, a protagonista da novela das seis

Escalada às pressas, a atriz teve duas semanas para construir a atormentada Natália de "Elas por Elas"

Mariana Santos, a Natália de "Elas por Elas"Mariana Santos, a Natália de "Elas por Elas" - Foto: Divulgação

Vida de artista de tevê é assim: do nada, pode vir um chamado, uma chance de um papel importante e não tem como dar para trás. Mariana Santos viveu isso recentemente, quando foi convidada para ser uma das protagonistas do remake de “Elas por Elas”, novela das 18h da Globo. O papel da atormentada Natália estava destinado à colega Monica Iozzi, que teve de deixar a produção por problemas de saúde. A emissora, então, convocou Mariana, que mergulhou intensamente na aventura.

“Nossa carreira é assim, não é? A gente ganha e perde personagem, é meio que natural nessa vida maluca de arte e tevê. A rotina é ter de mudar de repente. Foi repentino, eu não esperava, mas aconteceu e recebi de braços abertos”, celebra.

Na história, uma adaptação escrita por Thereza Falcão e Alessandro Marson da obra criada originalmente na década de 1980 por Cassiano Gabus Mendes, Natália tem uma obsessão que a acompanha há 25 anos: descobrir quem matou o irmão gêmeo dela, Bruno, que é interpretado por Luan Argollo nos flashbacks do folhetim. A tragédia aconteceu justamente na última vez em que seu principal grupo de amigas se reuniu na casa de praia de Helena, vivida por Isabel Teixeira.

O choque foi tão grande que Natália sofreu um trauma e perdeu as memórias daquele fim de semana. Mas sempre acreditou que uma daquelas pessoas empurrou Bruno do alto de um penhasco. “Essa personagem é muito interessante e complexa. Eu era criança quando passou a primeira versão e lembro de algumas coisas, como a minha família sentada no sofá, assistindo. A música de abertura foi muito marcante também”, conta.


Ao redor de Natália, quase todos tentam convencê-la de que a morte de Bruno foi um acidente e que não adianta procurar um culpado tanto tempo depois. A começar pelo irmão mais velho, Pedro, personagem de Alexandre Borges, com quem Natália mora. Mas ela se nega e quando recebeu o convite de Lara, papel de Deborah Secco, para se reencontrar com as antigas amigas, até estranhou a novidade. Mas não demorou a pensar que poderia ser uma chance de investigar quem poderia ter motivos para querer se livrar de Bruno naquele fim de semana.

Então, ainda que, de cara, não tivesse o menor interesse em socializar, ela sabia que poderia ser produtivo retomar os laços com o grupo. Só que esse sentimento vai, aos poucos, se transformando. “Natália vai descobrir afetos. Faltou desenvolver isso dentro dela. É quase inocente a forma como ela vai nas pessoas para descobrir algo. É tão direta, ela já conta que está desconfiada, não tem freio”, analisa.

No começo, Natália direcionou sua investigação quase que inteiramente para a neurocientista Carol, interpretada por Karine Teles. Como ela era uma espécie de ficante de Bruno na época em que o rapaz morreu, Natália acredita que é por ali que sua investigação precisa começar. Só que, aos poucos, as duas criam uma identificação que deixa muito claro o afeto que brota, 25 anos depois.

E, no fundo, as amigas se parecem bastante. Afinal, Carol também não é muito dada a amizades. Sua vida social se restringe praticamente à colega Wanda, vivida por Magda Gomes, e ao aparelho de inteligência artificial Eva. “A Natália vai se apegando às pessoas e a doçura dela está nesse lugar. Foram 25 anos estagnada, com a vida parada no tempo”, defende Mariana.

Apesar do trauma imenso enfrentado por Natália em “Elas por Elas”, Mariana não deixou de lado sua já comprovada vocação para a comédia nesse trabalho. Até porque, de cara, enxergou possibilidades de amenizar o peso do passado da personagem por esse caminho. “Ter oscilação de humor traz uma leveza. Natália tem atitudes impensáveis, fala verdades de coisas que ela pensa sem um trato social. Isso é de verdade e cômico nela. Não tem filtro, ela não é carinhosa”, defende.

Dedicação intensa
De fato, a entrada de Mariana Santos em “Elas por Elas” se deu de uma forma bem atípica nas novelas, considerando o fato de assumir o posto de uma das protagonistas da trama. “Acho que foi um pouco menos de duas semanas. Recebi a sinopse, conversei com os autores e com a Amora (Mautner, diretora), tivemos reuniões e fui buscando referências”, explica.

Mas um ponto foi crucial para que Natália começasse a surgir para sua intérprete. “Eu fiz o cabelo, escureci. Entender toda essa parte de figurino ajuda muito! Vocês não têm noção de como é importante para a composição. Um sapato ou uma cor de cabelo muda tudo para a gente. Define como ela vai pisar, vai andar”, justifica.

Mariana se diz extremamente focada. Assim que recebeu a sinopse de “Elas por Elas”, leu e releu. Mas, ao contrário de alguns colegas de elenco, preferiu não rever nada da novela original, que foi exibida entre maio e novembro de 1982 e está disponível no catálogo da plataforma de streaming Globoplay. Aliás, vasculhar o passado parece ter passado bem longe dos planos da atriz. “Não vi muitas referências de filmes e novelas antigas. Meu primeiro dia de gravação foi a cena da festa do reencontro. Entrei já sentindo aquilo, como um jogo cênico. Fui muito acolhida e conversei com elas (as outras protagonistas) antes. Tudo com muito amor”, lembra.

Aos 47 anos, Mariana encara sua primeira protagonista de novela agora, com “Elas por Elas”. Mesmo assim, demonstra humildade e bastante maturidade quando o assunto é o que esse posto pode trazer de diferente para a própria carreira, daqui para frente. “Não fico pensando que agora vai tudo mudar. Vamos trabalhando. Eu não me cobro tanto. Só quero fazer bem o que tenho de fazer e socializar com meus colegas de trabalho”, garante. Aliás, nesse aspecto, a atriz entrega que é justamente atuando que ela mais interage com outras pessoas. “Na minha vida privada, sou muito quieta e reservada. Aqui é onde me divirto, onde socializo”, confessa.

Instantâneas

# O primeiro trabalho de Mariana Santos na Globo foi no “Zorra Total”. Ela teve participações no humorístico de 2006 a 2015 e, após a reformulação do mesmo, seguiu atuando ali até meados de 2017, quando passou a fazer novelas na emissora.

# O primeiro folhetim no qual atuou foi “Pega-Pega”, que estreou em 2017. De cara, já ganhou um papel de antagonista, na pele da desengonçada e ambiciosa Maria Pia.

# Mariana deu expediente entre 2012 e 2018 no “Amor & Sexo”, programa comandado por Fernanda Lima na Globo. Na época, era comentarista fixa.

# A atriz já revelou ter medo de avião. Mesmo assim, segue vivendo em São Paulo e gravando no Rio de Janeiro. “Moro lá há oito anos e sigo nessa doideira de ponte-área. É para me tirar da zona de conforto mesmo, mas já me acostumei”, conta.

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