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Centenário de Zé Dantas

Marina Elali: "Faz parte de minha missão como artista homenagear o meu avô"

Neta de Zé Dantas, apesar de ter trilhado estilo próprio na música, carrega influências do avô para a carreira

Marina Elali, neta de Zé DantasMarina Elali, neta de Zé Dantas - Foto: Reprodução/TV Globo

“Gente, vocês estão cantando as músicas do meu avô. É tudo do meu avô”. E era mesmo. Nas brincadeiras de pot-pourris da escola que estudava quando criança, a cantora Marina Elali se gabava em dizer que era neta de um dos maiorais da Música Popular Brasileira (MPB), Zé Dantas. Era o nome dele que predominava na playlist  de músicas nordestinas cantadas à época.

Embora não tenha conhecido o avô, coube à sua avó Yolanda Dantas - a quem ela chamava carinhosamente de Vovó Landa - a companheira de vida de Zé Dantas, apresentar a Marina as facetas artísticas de um dos nomes de peso da música brasileira.

“Quantas vezes dancei quadrilhas nas festas de São João e fora delas, ouvindo músicas deles e com minha avó - musa inspiradora de vovô para quem ele escreveu tantas canções – sempre apontando: ‘olha minha filha foi seu avô quem escreveu’ e continuava me contando a história daquela letra, onde ele estava quando compôs”, relembra Marina que, em conversa com a Folha, rememorou outras passagens de suas andanças pelo Recife, na casa da avó, conhecendo as memórias de Zé Dantas que ganha celebração pelo seu centenário neste sábado (27).

Pot-Porri de Zé Dantas
"Ser neta de Zé Dantas é de uma honra imensa. Desde pequena aprendi a admirar o trabalho do meu avô, a obra dele é sem nenhuma dúvida uma das minhas maiores influências.

Quando pequena nunca vou esquecer do dia em que a professora falou ‘hoje nós vamos fazer um pot-pourri de músicas nordestinas’, e quase todas eram músicas dele e lembro de que foi um momento emocionante porque eu estava ali no meio dos meus grandes amigos que estudavam comigo e todos cantando as músicas do meu avô e eu ‘gente vocês estão cantando a música do meu avô’".

Seguir levando a obra de Zé Dantas
"Quantas vezes dancei quadrilhas nas festas de São João e fora delas, minha avó, musa inspiradora de vovô para quem ele escreveu tantas canções, sempre falando: ‘minha filha, foi seu avô quem escreveu essa música’ e depois me contava como ele compôs, onde estava.

Desde o início de minha carreira, apesar de cantar um estilo mais pop e romântico, sempre senti no meu coração uma vontade imensa de fazer homenagens a ele. Senti que fazia parte de minha missão como artista continuar levando a obra dele para as pessoas e principalmente às novas gerações".

Xote das Meninas e paixão por Pernambuco
"Ah, o ‘Xote das Meninas’... Em todos os shows que fiz, acho que todos mesmo, sempre abri um parêntese e me apresentei como neta de Zé Dantas e dizia: ‘vou cantar aqui para vocês uma música, vejam se vocês conhecem e começava já no refrão e em todos os lugares as pessoas cantavam comigo.

É muito bom saber que a música dele está viva até hoje, presente em nossa cultura. Minha avó dizia que a música boa, ela nunca morre e o meu avô faz parte dessa turma que compôs música e que nunca vai morrer. O povo pernambucano vai ser responsável por isso, inclusive. Eu tenho admiração e paixão pelo povo de Pernambuco, e uma das principais razões é porque é uma terra em que se valoriza a cultura, a boa música, a obra de Gonzaga, do meu avô... "

Reflexo na carreira
"Sempre fui muito influenciada por Zé Dantas. Crescer tendo essa referência é muito bacana, porque isso reflete em meu trabalho de forma positiva. Sempre tenho muito cuidado antes de gravar uma música, fico atenta à melodia se é bonita, se a letra fala coisas legais, mesmo em outro estilo o cuidado que tenho com minha carreira tem a ver com a admiração que tenho dele".

Parceria com o avô
"Um dos momentos mais felizes da minha vida foi quando minha avó chegou para me presentear com uma letra inédita do meu avô, pedindo para que eu desse a melodia. E eu nunca esperava me tornar parceira dele... “Adeus Saudade” é o nome da música. Pedi iluminação a Deus e a meu avô também, e comecei a fazer uma melodia no piano e saiu rapidamente. Falei, pronto é isso.

Levei para a gravação do DVD em homenagem ao centenário de Gonzaga e fiz uma versão piano e voz, eu mesma tocando. O público aplaudiu diversas vezes e foi um momento inesquecível, e ficou registrado a minha parceira com o vô Zé Dantas por todo o sempre".

Homenagem no centenário
"Vou disponibilizar o DVD completo, porque ele não está completo no YouTube. Em meu canal ele vai estar com todas as músicas e depois vou soltar também making off. As pessoas vão ter acesso gratuitamente. Não tem como superar aquele projeto em que cantei o Zé Dantas e Gonzaga".

Memórias
"Amo Pernambuco, amo Recife. A relação com a minha avó, quem me conhece sabe da paixão que eu tinha por ela, e um dos momentos mais difíceis foi quando ela se foi. Ela me incentivava tanto, adorava minha voz e meus agudos, e me dizia que se meu avô fosse vivo ia gostar muito do meu trabalho. Tenho memórias lindas, as mais felizes. Apesar de ser de Natal (RN), eu tenho orgulho também de ser pernambucana".

 

Marina guarda memórias da avó Yolanda Dantas e do avô, Zé DantasMarina Elali ao lado da avó, Yolanda Dantas              Crédito: Reprodução/Instagram

Vó Yolanda e vô Zé Dantas
"Minha vó me contava que às vezes ela acompanhava meu avô ao piano, enquanto ele estava ritmando uma letra numa caixinha de fósforo. Ele, médico, chegava do plantão com os bolsos cheios de papel com o que tinha escrito enquanto aguardava chegar pessoas doentes para atender. Imagino a letra do ‘Xote das Meninas’ tendo a ver com a profissão dele, inclusive".

 

 

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