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Música

Marina Sena: mineira mostra sua força pop ao lançar primeiro disco solo

Aos 24 anos, a cantora apresenta 'De Primeira', seu primeiro álbum inédito

Marina SenaMarina Sena - Foto: Fernando Tomaz/Divulgação

Marina Sena queria ser famosa. Esse desejo parecia loucura para uma artista de Taiobeiras, uma pequena cidade do norte mineiro de apenas 33 mil habitantes. Aos 24 anos, a mineira lançou seu primeiro disco solo, o “De Primeira”, mostrando que sua intuição estava certa. O álbum com dez músicas inéditas foi lançado em agosto passado, conquistando crítica e público, sendo a nova aposta do pop brasileiro. E com mais seis milhões de streamings no Spotify e dois videoclipes acima de 1 milhão de visualizações, Marina alçou seu desejo. E quer mais.

São poucos ou poucas artistas que conseguem visibilidade com tão pouco tempo de trabalho. Marina Sena acostumou e construiu seu público, aos poucos, ao atravessar dois grupos: A Outra Banda da Lua, fazendo rock rural em Montes Claros, também em Minas Gerais; e Rosa Neon, em que experimentou pela primeira vez grandes palcos nacionais, porém ainda restrito aos ouvintes do indie pop.

Embora tenha conquistado espaço participando das duas bandas, Marina Sena tinha um mundo a ganhar sozinha. Ela descobriu isso ao lançar “Me Toca”, primeiro single do disco, no início do nada. A música pop de refrão chiclete veio acompanhada de um clipe tropical, descontraído e sensual - ganhando visibilidade entre o público e dando um gostinho do que viria futuramente. Já a segunda música inédita, “Voltei Pra Mim”, veio como um hino pós-término na visão de uma mulher independente e contemporânea, com todas as nuances de liberdade: ser livre possibilita uma Marina maior que naquele relacionamento que estava presa.

Álbum tropical

Esses dois trabalhos introduziram o que viria o trabalho completo de Marina Sena, em 19 de agosto. Tropical, mineiro, brasileiro e acompanhado de mini clipes visuais para todas as faixas, a proposta ousada para uma nova artista aponta o direcionamento que ela quer para a carreira. “Eu queria ser muito famosa, independente da música que eu estivesse fazendo. Quando eu faço música, faço para muita gente ouvir. Eu só precisava afinar o que eu queria mostrar e o que mundo queria ouvir. Fazer realmente essas negociações e acordos com a sociedade”, afirma a cantora.

Para compor o álbum, a mineira entendeu quais acordos eram necessários para chegar a um grande público. Todas as dez faixas contém refrões chicletes, com letras marcantes, e uma produção afinada feita pelo músico Iuri Branco. O conteúdo lírico passeia pelo feminino que reivindica, além de uma liberdade, um olhar para um mundo distante do que os homens da música enxergam.  “Normalmente, a gente tem a óptica da vida na  perspectiva do homem cis e branco, né? E quando eu, como mulher, tomo a posse da narrativa.. eu acho que as mulheres pensam “eu também tenho essa narrativa”. Eu falo sobre o amor, o ciúme, o flerte e a pirraça da minha perspectiva. Eu sou a protagonista dessa narrativa, eu me mando”, conta Marina.

Musas inspiradoras


Marina é muito visual. Todas as suas canções são acompanhadas de visualizers (clipes curtos para o streaming) e a pretensão é que tenha mais clipes para o álbum. Esse visual tem inspirações, que vão de Gal Costa à Sônia Braga. “Sônia Braga me inspira visualmente, mas a pessoa que me inspira como um todo é Gal Gosta. Ela é a mulher que eu olho e completa ‘meu deus do céu’. Ela ali nos anos 1970, não existiu ninguém maior no Brasil que Gal Costa”, enfatiza a mineira, de voz forte e aguda, sobre sua inspiração maior.

Mesmo com tantas inspirações, que passam por Kali Uchis, Doja Cat, Rihanna e Rosalía, Marina conseguiu transmitir algo que era só dela. Em sua fala, também está presente o orgulho de pertencer ao norte mineiro, de ter suas particularidades na música e também de romper com algumas narrativas propostas pela Música Popular Brasileira (MPB). E, assim, como tem ocorrido com artistas de outros países, a cantora entendeu que para ser pop precisa valorizar suas particularidades e suas origens. E a música brasileira agradece.

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