Mayana Neiva reencontra suas origens em disco de estreia, "Tá tudo aqui dentro"
Em seu primeiro álbum musical, a atriz paraibana se descobre como parte de um "Nordeste ancestral e high tech"
"Permita-me anunciar ao espaço sideral, ao mundo inteiro, a imensidão do teu ventre, nesse cordel estradeiro”. Os versos anunciam um nascimento, a realização de um imperioso desejo artístico. Eles abrem os primeiros minutos do álbum “Tá tudo aqui dentro”, estreia da atriz Mayana Neiva no mercado fonográfico. A faixa de abertura, “Cordel da mulher paraibana”, denota bem do que trata o disco: um reencontro de Mayana com suas origens, que dialogam com um mundo inteiro, através da sua música e poesia.
“Tá tudo aqui dentro” traz 12 faixas e participações especiais de Chico César, Josyara, Mestrinho e Phill Veras, além das contribuições – seja na produção, nas composições ou tocando no álbum – de diversos amigos/artistas, em especial, pernambucanos: Juliano Holanda, Yuri Queiroga, Igor de Carvalho, Ylana Queiroga, Zé Manoel, Caio Lima, entre outros.
Origens
Paraibana de Campina Grande, Mayana Neiva é conhecida como atriz, mas, sempre teve a música na sua vida, desde a adolescência. “Aos 14 anos, eu cantava numa banda cover de Cranberries”, lembra Mayana. “Sempre fui uma pessoa musical. E eu também tinha meus escritos, sempre gostei de escrever poesia. Escrevi o ‘Cordel da mulher paraibana’ com 18 anos.”
Atualmente, além de atriz, Mayana também canta no grupo Quimbará – que trabalha com ritmos latinos – e eventualmente participa do Fuá do Guegué, movimento que exalta a cultura nordestina em São Paulo. Mas, cantar algo próprio, até então, era algo distante do seu radar. Até a pandemia.
Leia também
• Sofia Malta lança single "Nosso Amor" e anuncia novo EP; ouça
• Coala Festival abre venda de ingressos antes de anunciar atrações; veja valores
• Torre Malakoff recebe baile de brega funk neste domingo (17)
“Eu me perguntei muito por onde começa a minha história. E ela começa pela minha ancestralidade feminina”, pontuou a artista, que voltou (e percorreu) a Paraíba para se reconectar com suas origens, através do manifesto audiovisual que se tornou “Cordel da mulher paraibana”.
“Fui aonde minha vó nasceu [Esperança/PB], com as mulheres da minha família, as mulheres sertanejas, justamente para revisitar essa ancestralidade e dizer que o Sertão é diverso, é high-tech, que não é esse óbvio da seca e da falta, e que as mulheres são jovens, maduras, tatuadas, de todas as cores, origens e vozes.”
O disco
“Eu sempre fui muito feliz cantando no palco. Sentia uma frequência muito alta no meu coração, muito feliz. E aquilo era a frequência que eu queria viver, um sonho que eu queria realizar”, diz Mayana sobre gravar o álbum “Tá tudo aqui dentro”, que se chamaria, inicialmente, “Origens”.
O título escolhido para o disco é o nome de uma canção de Igor de Carvalho. Assim como ele, muitos outros amigos/artistas foram essenciais para a feitura do álbum, diz Mayana. “Foram costuras de afetos em forma de produção, de co-criação, de composição. Amigos que abraçaram a narrativa desse disco”, conta Mayana.
Chico César é autor da canção “Queima” e canta com Mayana no disco. Ele também musicou “Yo no escribo poesia”, letra de Daiana Lopez De Vincenzi. Ylana Queiroga é autora de “Flecha” e parceira de Mayana em “Marcapasso”. Josyara produziu e cantou na faixa “Dopamina” O maranhense Phill Veras é parceiro da cantora em “Mutável” e também compôs “Assim que a chuva voltou”.
Além da narrativa que nos situa em um Nordeste “ancestral e high tech”, a sonoridade de “Tá tudo aqui dentro” passeia também pela latinidade, por elementos da música brasileira contemporânea, com a colaboração de diversos produtores nas faixas: Pupillo, Marcus Preto, Zé Manoel, Conrado Góes, Naná Rizzini, Magí Batalla, Marcel e Conrado Goes.
“Eu sinto como uma celebração: sou nordestina, sou latino-americana, sou de um Sertão que fala com o mundo. O Sertão tá em Nova Iorque, tá na Antártida, na Europa… tá nessa sanfona que costura o forró com o tango, que faz da gente um só.”