música

Mayana Neiva reencontra suas origens em disco de estreia, "Tá tudo aqui dentro"

Em seu primeiro álbum musical, a atriz paraibana se descobre como parte de um "Nordeste ancestral e high tech"

Mayana NeivaMayana Neiva - Foto: Gabriel Bertoncel

"Permita-me anunciar ao espaço sideral, ao mundo inteiro, a imensidão do teu ventre, nesse cordel estradeiro”. Os versos anunciam um nascimento, a realização de um imperioso desejo artístico. Eles abrem os primeiros minutos do álbum “Tá tudo aqui dentro”, estreia da atriz Mayana Neiva no mercado fonográfico. A faixa de abertura, “Cordel da mulher paraibana”, denota bem do que trata o disco: um reencontro de Mayana com suas origens, que dialogam com um mundo inteiro, através da sua música e poesia.

“Tá tudo aqui dentro” traz 12 faixas e participações especiais de Chico César, Josyara, Mestrinho e Phill Veras, além das contribuições – seja na produção, nas composições ou tocando no álbum – de diversos amigos/artistas, em especial, pernambucanos: Juliano Holanda, Yuri Queiroga, Igor de Carvalho, Ylana Queiroga, Zé Manoel, Caio Lima, entre outros.

Origens
Paraibana de Campina Grande, Mayana Neiva é conhecida como atriz, mas, sempre teve a música na sua vida, desde a adolescência. “Aos 14 anos, eu cantava numa banda cover de Cranberries”, lembra Mayana. “Sempre fui uma pessoa musical. E eu também tinha meus escritos, sempre gostei de escrever poesia. Escrevi o ‘Cordel da mulher paraibana’ com 18 anos.”

Atualmente, além de atriz, Mayana também canta no grupo Quimbará – que trabalha com ritmos latinos – e eventualmente participa do Fuá do Guegué, movimento que exalta a cultura nordestina em São Paulo. Mas, cantar algo próprio, até então, era algo distante do seu radar. Até a pandemia.

“Eu me perguntei muito por onde começa a minha história. E ela começa pela minha ancestralidade feminina”, pontuou a artista, que voltou (e percorreu) a Paraíba para se reconectar com suas origens, através do manifesto audiovisual que se tornou “Cordel da mulher paraibana”.  

“Fui aonde minha vó nasceu [Esperança/PB], com as mulheres da minha família, as mulheres sertanejas, justamente para revisitar essa ancestralidade e dizer que o Sertão é diverso, é high-tech, que não é esse óbvio da seca e da falta, e que as mulheres são jovens, maduras, tatuadas, de todas as cores, origens e vozes.”

O disco
“Eu sempre fui muito feliz cantando no palco. Sentia uma frequência muito alta no meu coração, muito feliz. E aquilo era a frequência que eu queria viver, um sonho que eu queria realizar”, diz Mayana sobre gravar o álbum “Tá tudo aqui dentro”, que se chamaria, inicialmente, “Origens”. 

O título escolhido para o disco é o nome de uma canção de Igor de Carvalho. Assim como ele, muitos outros amigos/artistas foram essenciais para a feitura do álbum, diz Mayana. “Foram costuras de afetos em forma de produção, de co-criação, de composição. Amigos que abraçaram a narrativa desse disco”, conta Mayana.

Capa do disco "Tá tudo aqui dentro", de Mayana Neiva | Foto: Reprodução

Chico César é autor da canção “Queima” e canta com Mayana no disco. Ele também musicou “Yo no escribo poesia”, letra de Daiana Lopez De Vincenzi. Ylana Queiroga é autora de “Flecha” e parceira de Mayana em “Marcapasso”. Josyara produziu e cantou na faixa “Dopamina” O maranhense Phill Veras é parceiro da cantora em “Mutável” e também compôs “Assim que a chuva voltou”.

Além da narrativa que nos situa em um Nordeste “ancestral e high tech”, a sonoridade de “Tá tudo aqui dentro” passeia também pela latinidade, por elementos da música brasileira contemporânea, com a colaboração de diversos produtores nas faixas: Pupillo, Marcus Preto, Zé Manoel, Conrado Góes, Naná Rizzini, Magí Batalla, Marcel e Conrado Goes.

“Eu sinto como uma celebração: sou nordestina, sou latino-americana, sou de um Sertão que fala com o mundo. O Sertão tá em Nova Iorque, tá na Antártida, na Europa… tá nessa sanfona que costura o forró com o tango, que faz da gente um só.”

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