Música Vingativa Brasileira: conheça o primeiro disco da cantora acreana radicada em PE Mayra Clara
Com o recente Música Vingativa Brasileira (MVB), Mayra estreia com o primeiro álbum de carreira
Ah, o deboche… E quando vem musicado, dobra o valor de uma vingança (amorosa). E se lorotas do tipo "novo amor, nova paixão, toda contente" vierem à tona, que a ironia de uma boa risada resvale ouvidos afora e faça rir a todos que i-m-p-r-e-t-e-r-i-v-e-l-m-e-n-t-e desejem o revide - das voltas do tempo e da vida que segue, apesar de.
"Fez muito parte de minha interpretação esse 'quê' de ironia, de deboche, porque a vingança tem esse lado, além da questão da tristeza, da mágoa, da raiva", ressaltou Mayra Clara, responsável em voz e em entrega pelas faixas do Música Vingativa Brasileira (MVB), disco inaugural de uma carreira que há algum tempo integra a fartura da música pernambucana. Lançado recentemente, o trabalho está disponível nas plataformas de música.
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Com produção de Lígia Fernandes e repertório "escolhido a dedo", o álbum vem após os EP's "Imã" e "Vingança é Prato que se Come em Forma de Canção" - nascedouro de um projeto que passou, inclusive, por escutas pessoais, para culminar em onze canções que alternam entre as clássicas "Alguém me Disse" (Evaldo Gouveia/Jair Amorim) e "Vingança" (Lupicínio Rodrigues), passando por "Trocando em Miúdos" (Chico Buarque e Francis Hime) e "Muito Pouco" (Moska), e pela contemporânea"Eu Não Quero Mais" (Igor de Carvalho e Juliano Holanda), entre outras que em comum, claro, carregam a marca da vingança.
"Um repertório que eu escuto há muito tempo, e que me reconheço, gosto, independente do projeto, eu já gostava muito de cantar. Quando esse projeto começou a dar os primeiros sinais de que viria, cheguei a fazer perguntas para as pessoas nas redes, se teriam dicas de canção de cunho vingativo, se fosse encaminhar para alguém qual seria, fiz enquete. Foi um pouco de canções que eu tinha em mente, outras sugestões e que eu entendi que fazia sentido. (...) tem muito a ver com me perceber, me sentir cantando" contou Mayra, em conversa com a Folha de Pernambuco.
Mayra Clara, cantora e compositora
Apesar do "peso" inerente à proposta do disco, a sutileza dos versos cantados pela artista acreana - e crescida em terras pernambucanas, fato que ela entrega no sotaque impregnado em cada uma das faixas - perfaz em equilíbrio o trabalho que, cantado e (bem) interpretado, registra Mayra Clara entre as vozes bem-vindas da Música Popular Brasileira e no subgênero criado por ela, a Música Vingativa Brasileira - projeto que foi viabilizado através de financiamento coletivo e apoio de muitas mãos e espaços como o Estúdio Carranca e o Oráculo Estúdio, no Paço do Frevo, os locais da gravação.
"O que canto e interpreto vai além de mim… o meu íntimo, minha verdade que sai das entranhas, de dentro para fora. Mas também tem a conexão com as pessoas que vão ouvir e essa escolha partiu muito desse lugar de conexão. Eu quis dizer o quanto esse tema é presente na vida das pessoas em geral, talvez elas nem tenham tido essa ideia da vingança em si, mas quantas de nós já não passamos por situações de dores por desamor, e o quanto a gente gostaria que aquela outra pessoa nos visse bem e coisas do tipo 'quem perdeu foi você, e não eu" , explica ela, sob risos, debochados, por óbvio.