Mazuli, revelação da nova cena pernambucana, lança seu 1º álbum da carreira
Com repertório inteiramente autoral em canções que não têm medo de amar, disco sai pela Tratore, nesta sexta-feira (27), e traz 11 faixas solo ou em parcerias com nomes como Juliano Holanda
Mazuli. Direto ao ponto. Nome único que batiza o artista e o primeiro disco. A carta de intenções é clara: “E diga que me quer, ainda que seja mal”, canta na faixa de abertura ‘Raspe com a colher’ (Mazuli/Guilherme Barreto). Com dois anos de carreira, Mazuli quer ser o que se é. Em repertório inteiramente autoral, transborda vida. “Esse disco é de uma pessoa que tem muito medo, mas ainda assim se joga. Como falo na canção ‘Truman’, vi o precipício e pulei”. Mazuli não nega o medo, mas segue adiante. Maturidade precoce para um garoto de 25 anos, que se revela a partir de 27 de agosto, quando o disco chega às plataformas digitais, pela Tratore.
O importante é ter história para contar. E o disco está cheio delas, reflexo de um artista que se apaixonou por música muito cedo. Neto de um baterista, Mazuli recorda de suas idas constantes a Itamaracá, famosa ilha de Pernambuco. Entre as cirandas da célebre Lia e as músicas escutadas nos seguidos dias da viagem, o menino foi descobrindo seu talento. “Aos oito anos, fiz dois meses de aula de violão, mas, quando decorei os primeiros acordes, abandonei o professor e comecei a tocar sozinho”, revela. A certeza que a música seria sua fé e profissão veio aos 19 anos, já cursando a faculdade de direito. “Cheguei a me formar, mas terminei só por terminar, já sabia que seria cantor”.
A escolha de um repertório inteiramente autoral não é por acaso. A poesia é seu Norte. “A ideia de ser cantor nasceu a partir da composição. A palavra sempre foi muito importante. A partir dela, vou criando as melodias. Comecei a cantar para dizer aquilo que escrevo, é o que me instiga”. E foi colocando suas vivências no papel, ouvindo Lirinha, Cidadão Instigado, Chico Buarque, Toquinho e Vinicius de Moraes, entre tantos outros, que Mazuli encontrou sua melhor versão. “Todos esses artistas me inspiram muito, mas, na verdade, componho pensando em samba ou brega. Na minha mente, sempre vem um Gonzaguinha, um Odair José”, brinca.
Natural de Recife e integrante da Reverbo (mostra de música autoral, contemporânea e coletiva pernambucana), Mazuli traz Pernambuco impresso na fala, em seu dna, mas a sonoridade vai além do que se convencionou chamar “regional’, com uma embalagem mais ‘pop’, embora todos esses rótulos sejam sempre amarras e Mazuli aspira liberdade. A inspiração vai de Céu a Lenine, passando por Otto, com quem gravou o single ‘8 ou 80’, em setembro de 2020. As dores e cores do amor são embrulhadas na direção musical de Pedro Liao, com co-produção de Carlos Filizola. É pop na acepção da palavra, na sua capacidade de ser popular, melodias que conquistam fácil os ouvidos, refrões que não têm medo de ser cantarolados e de grudar na cabeça.
O primeiro disco, com 11 faixas assinadas somente por Mazuli ou com parceiros, é um reflexo dessa multiplicidade de referências. ‘Raspe com a colher’ é o primeiro single e ganhou clipe com direção de Cezar Maia (https://www.youtube.com/watch?v=gjdtFm-9a4M). Como diz a canção, “conte uma história, nem que seja uma tragédia”. Intuitivamente, Mazuli segue uma tradição da música popular brasileira que clama por vida, ainda que dolorida. Assim como na clássica ‘Emoções’, de Roberto Carlos”, ou na novíssima ‘Prudência’, de Tim Bernardes, gravada por Bethânia: “as paixões que me descontrolaram foi o que fizeram eu ser como eu sou”.
Em ‘Teste de amor’ (Mazuli/Helton Moura), canta: “você foi a pior companheira, arrogante e cruel. Fiz meu teste de amor por você, deu negativo”. E, no refrão, tripudia: “ao ouvir a canção você vai entender, o quanto que me sinto bem quando estou sem você”. Em outra parceria com Helton Moura, ‘Não Minta pra mim’, Mazuli assume: “não me torna melhor olhar pelos buracos que escolheste moldar as feridas do meu coração”. Passional sim e sem disfarces. Dor de cotovelo ora derramada, ora vestida de vingança. Ecos de Lupicínio Rodrigues, Herivelto Martins e tantos que cantam o amor. Música brasileira na veia.
Em ‘Clichês’, assume que, embora não acredite no amor ideal, segue à procura, mesmo duvidando. “Pode ser que seja como num jogo de boliche/onde você só precise acertar um pino pra me ganhar/mas você erre”. Às vezes, as letras são mais diretas; em outras, dão pistas difusas. A mensagem atrasada de um futuro ex amor se transforma em ‘Erro no jogo’ (Mazuli/Helton Moura): “foi num cartão postal que me chegou/um projétil atrasado do morto que me enterrou”.
O disco traz ainda ‘Entre eu e você’ (Mazuli/Guilherme Barreto), dueto com Bruna Alimonda, lançado como single há um ano e que também já ganhou um clipe (https://www.youtube.com/watch?v=hpvuUtp2KDE). O repertório final reúne canções de diversas épocas. Algumas foram escritas especialmente para o disco, outras não entraram no EP ‘Desafogo’, lançado em 2019. No encerramento, a primeira composição de Mazuli, ‘Moeda’, “Curioso que venho falando de amor e fecho com essa canção, que é uma crítica social. Fiz essa opção especialmente pela sonoridade, marcada por guitarras bem fortes. Eu queria que o disco terminasse assim bem tenso, do jeito que eu sou”, ri.
Tenso e intenso. Mazuli é sábio ao não ter medo de se olhar: “voei dentro de mim e saí em mim mesmo”, canta em ‘Truman’, parceria com Inez Maia e Juliano Holanda, compositor que é também um dos grandes destaques da nova cena pernambucana. Mazuli conta que, após uma discussão de relacionamento pelo celular, percebeu que não se permitir tropeçar só o frustraria eternamente e assim nasceu ‘Mirar na perfeição’, com versos filosóficos como, “prefiro acertar o erro ao mirar na perfeição/andar seguro sem saber do futuro e achar sem querer”.
A estreia de Mazuli é assim, demasiadamente humana. “Sem medo da morte”, como em ‘Pequeno Porte’ (Mazuli/Helton Moura/Mila Nascimento) e sem temer o arrependimento em ‘Astral’: “por isso vem cá pra eu te dizer/que eu posso me arrepender/mas o que eu sinto agora/é uma saudade enorme de você”. Ele quer é cantar e viver por aí e saber o que está todo mundo achando. Em seu bom pernambuquês, perguntar a cada um: “e aí, gostasse?”
Faixas ‘Mazuli’
1. Raspe com a colher (Mazuli/ Guilherme Barreto)
2. Mirar na perfeição (Mazuli)
3. Astral (Mazuli)
4. Não minta pra mim (Mazuli/ Helton Moura)
5. Pequeno porte (Mazuli/ Helton Moura/ Mila Nascimento)
6. Teste de amor (Mazuli/ Helton Moura)
7. Erro no jogo (Mazuli/ Helton Moura)
8. Entre eu e você (Mazuli/Guilherme Barreto)
9. Truman (Mazuli/ Juliano Holanda/Inês Maia)
10. Clichês (Mazuli)
11. Moeda (Mazuli)
Ficha Técnica
Produção musical: Pedro Lião
Co- produção musical: Carlos Filizola
Guitarra e craviola: Carlos Filizola
Baixo: Pedro Lião
Teclas: Pedro Lião
Percussão: Daniel Ribeiro
Bateria: Ian Vasconcelos
Susan Hagar: Violino em ‘Entre eu e você’
Jalvanez Guedes: Violoncelo em ‘Entre eu e você’
Mixagem: Guilherme Assis
Masterização: Artur Joly
Gravado em: Bule Estúdio (Recife/PE) - Zelo estúdio (Recife/PE) e Cantilena (Natal/RN)
Foto da capa: Luma Torres
Designer da capa: Pedro Muniz
Coordenação de produção: Atos Produções Artísticas
Assessoria de imprensa: Alan Diniz (São Paulo/SP) e Daniel Lima (Recife/PE)