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CINEMA

''Megalópolis'', de Francis Ford Coppola, é exibido para cinemas quase vazios nos EUA

Longa-metragem, que custou mais de US$ 120 mihões para ser feito, arrecadou apenas US$ 4 milhões na América do Norte, abaixo do pior cenário previsto nas projeções de pré-lançamento

Adam Driver e Nathalie Emmanuel em cena de ''Megalópolis''Adam Driver e Nathalie Emmanuel em cena de ''Megalópolis'' - Foto: Divulgação

Não há uma maneira gentil de dizer: "Megalópolis", de Francis Ford Coppola, é um fracasso de bilheteria.

O cineasta de 85 anos, passou décadas desenvolvendo o épico de ficção científica e vendeu parte de seu negócio de vinhos para cobrir o orçamento necessário — cerca de US$ 120 milhões em custos de produção e outros US$ 20 milhões em marketing e distribuição.

Mas os espectadores rejeitaram o filme: as vendas de ingressos de quinta à noite até domingo totalizaram cerca de US$ 4 milhões na América do Norte, de acordo com analistas, abaixo do pior cenário previsto nas projeções de pré-lançamento.

"Megalópolis" foi exibido em quase 2 mil cinemas nos Estados Unidos e Canadá. Na noite de sábado, estava a caminho de ficar em sexto lugar na bilheteria do fim de semana, atrás até mesmo de "Devara Parte 1", um drama de ação de 3 horas, falado no dialeto télugo, da Índia, que recebeu críticas ruins e estava disponível em cerca de mil salas de cinema.

''Megalopolis'' é sobre um arquiteto brilhante (interpretado por Adam Driver) que quer recuperar uma sociedade decadente. O público deu ao filme uma nota D+ nas pesquisas do CinemaScore. É raro que um filme de grande orçamento de um grande diretor receba menos que um B-.

Adam Fogelson, o principal executivo de cinema da Lionsgate, que distribuiu "Megalópolis", disse que a empresa estava "orgulhosa de fazer parceria" com Coppola para dar ao filme "o amplo lançamento nos cinemas que ele merece". "Como toda arte verdadeira, ele será visto e julgado pelo público do cinema ao longo do tempo", acrescentou Fogelson. Um porta-voz de Coppola se recusou a comentar.

Na década de 1980, quando Coppola começou a desenvolver o filme, "Megalópolis" poderia ter tido uma chance nos cinemas. Foi uma época em que filmes ambiciosos podiam ser colocados em alguns cinemas e construir um público ao longo de meses, adicionando mais telas semana após semana e, às vezes, ficar em cartaz por um ano ou mais.

Hollywood podia se dar ao luxo de ir devagar em parte porque a ida ao cinema dominava o tempo de lazer: não só não havia internet, como a TV a cabo e os videogames ainda estavam em sua relativa infância.

Hoje em dia, os filmes costumam ser reservados para o maior número de cinemas o mais rápido possível, especialmente se as avaliações forem fracas. Os estúdios usam essa tática de distribuição para capitalizar em campanhas de marketing caras, que visam abrir uma janela estreita de interesse dos consumidores.

Se as massas não se materializarem imediatamente, as redes de cinema redirecionam as telas para outros filmes. (Na sexta-feira, "Coringa: Delírio a dois" chegará a mais de 4 mil salas nos EUA.)

"Megalópolis" quase não chegou aos cinemas. No início do ano, quando Coppola começou a procurar um distribuidor, todos os grandes estúdios o recusaram. Alguns executivos admiraram o filme por seus riscos artísticos, mas nenhum viu muita esperança de bilheteria.

Eventualmente, a Lionsgate concordou em distribuir o filme por uma taxa. Cada vez mais, filmes originais vão diretamente para o streaming, enquanto os cinemas ficam dedicado a remakes e sequências.

''Goste ou não, os cinemas não são mais o lugar onde o público busca esse tipo de entretenimento'', disse David A. Gross, consultor de cinema que publica um boletim informativo sobre números de bilheteria, em um e-mail.

Coppola é a segunda lenda de Hollywood em três meses a aprender essa lição da maneira mais difícil. Há dois meses, "Horizon: An American Saga — Chapter 1", de Kevin Costner, fracassou nas bilheterias. Os planos de lançar o segundo capítulo nos cinemas foram cancelados.

Em Hollywood, onde a calúnia e o prazer pelo infortúnio correm soltos, alguns agentes e publicitários se referiram reservadamente a "Megalópolis" como "Megaflopolis" por meses.

O filme sofreu com problemas fora da tela que incluíam demissões de equipe no meio da produção, um processo por difamação e um trailer promocional malfeito. Mas a maior parte da indústria cinematográfica estremeceu com a péssima performance no fim de semana.

Muitos em Hollywood foram inspiradas a seguir o cinema como carreira por causa das obras-primas de Coppola da década de 1970, incluindo "O Poderoso Chefão" e "Apocalypse Now". Ver um de seus heróis daquela época cair é um lembrete doloroso de quanto o negócio do cinema atrofiou.

No fim de semana, o filme número 1 na América do Norte foi “Robô selvagem” (Universal/DreamWorks Animation), que estava a caminho de arrecadar robustos US$ 35 milhões em seus três primeiros dias nos cinemas. O filme custou US$ 78 milhões para ser feito e recebeu críticas eufóricas.

“Os fantasmas ainda se divertem” (Warner Bros.) ficou em segundo, arrecadando cerca de US$ 16 milhões, para um total doméstico de quatro semanas de aproximadamente US$ 250 milhões. “Transformers One” (Paramount) ficou em terceiro, arrecadando cerca de US$ 9 milhões, para um total doméstico de duas semanas de cerca de US$ 40 milhões.

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