Melhores de TV Press 2024: Linha de Shows
Alguns formatos consagrados mostraram força e capacidade de adaptação a novos tempos, enquanto apostas aparentemente ousadas não conseguiram sustentar suas próprias expectativas
Neste ano, a televisão brasileira se reinventou mais uma vez, com um mosaico de programas que oscilaram entre o brilhantismo e a decepção.
Alguns formatos consagrados mostraram força e capacidade de adaptação a novos tempos, enquanto apostas aparentemente ousadas não conseguiram sustentar suas próprias expectativas.
A disputa pela atenção do público revelou grandes destaques, mas também algumas quedas que surpreenderam negativamente.
No topo da lista, “Que História É Essa, Porchat?” se consolidou como o grande vencedor entre os programas de humor, mais uma vez capturando a atenção dos telespectadores com histórias fascinantes e um humor inteligente que o tornou imbatível no gênero.
Já o inovador “Craque da Voz”, do SporTV, uniu narração esportiva e reality-show, uma combinação capaz de atrair não só os fãs de esportes, mas também quem busca apenas entretenimento, garantindo seu lugar como uma das melhores estreias do ano.
Entre os programas de auditório, “Altas Horas” manteve seu prestígio como uma das atrações mais bem-sucedidas, especialmente pelas edições temáticas que emocionaram e engajaram o público nas noites de sábado.
No segmento de debates, o “Saia Justa” surpreendeu com uma nova formação, tirando Astrid Fontenelle e trazendo Eliana como um dos destaques do elenco. Um movimento extremamente arriscado, mas que acabou injetando frescor e relevância nas discussões.
“Avisa Lá que Eu Vou”, comandado por Paulo Vieira, acertou entre os programas de variedades com histórias do cotidiano brasileiro sendo apresentadas de forma leve e tocante.
Já no segmento de entrevistas, o retorno diário do “Sem Censura” à TV Brasil, agora sob o comando de Cissa Guimarães, foi o principal destaque. A escolha de convidados e a leveza de Cissa foram essenciais para revitalizar o formato clássico.
Por falar em apresentadores, Celso Portiolli teve um ano e tanto, brilhando à frente do “Domingo Legal”, agora com sete horas de duração na grade de programação dominical do SBT, e provando mais uma vez sua versatilidade e carisma. Não à toa, sai como o escolhido na categoria de melhor apresentador do ano.
Já sobre as decepções, “Estrela da Casa” não sustentou as expectativas criadas pela Globo, ficando aquém do esperado, assim como o sitcom “Tô Nessa”, que tropeçou feio, mesmo com grandes nomes envolvidos na produção.
E, claro, 2024 também teve seus momentos de surrealidade, com destaque especial para o episódio polêmico da cadeirada de José Luiz Datena em Pablo Marçal durante um debate político. Um momento realmente bizarro e inesquecível, que rapidamente se tornou um dos mais comentados do ano.
Melhor Programa de Humor
“QUE HISTÓRIA É ESSA, PORCHAT?”, DO GNT
Humor com profundidade
Fabio Porchat segue mostrando por que é um dos maiores nomes do humor nacional. Desde 2019, o “Que História É Essa, Porchat?” é um deleite para os espectadores, ao pegar apenas o filé dos programas de talk-show, que são as histórias engraçadas ou interessantes – sempre oferecendo o palco para que os convidados brilhem ao contarem seus causos.
Além de garantir boas risadas, o programa se destaca pela profundidade inesperada de suas conversas, algo raro em produções voltadas ao humor.
Melhor Programa de Auditório
“ALTAS HORAS”, DA GLOBO
Eterna reinvenção
No ar desde 2000, o “Altas Horas” continua a encantar o público com sua combinação de descontração e conteúdo relevante. O programa até desandou, quando passou a trazer convidados com muita popularidade e qualidade duvidosa – na época que audiência da Globo foi ameaçada pelo “Legendários”, apresentado por Marcos Mion na Record.
Mas agora, com Mion contratado pela Globo, tudo voltou ao normal. Serginho Groisman seguiu firme na missão de dar voz à plateia e promover bate-papos que, mesmo leves, não caem na superficialidade. Em 2024, edições especiais temáticas, como as dedicadas aos anos 1970 e aos cantores Fábio Jr. e Sidney Magal, por exemplo, consolidaram ainda mais o programa como um clássico que sabe se reinventar.
Melhor Programa de Entrevista
“SEM CENSURA”, DA TV BRASIL
Bate-papo contundente
Depois de passar por diversos formatos, o “Sem Censura” voltou a ser exibido diariamente em 2024, com Cissa Guimarães comandando as tardes da TV Brasil. O formato de mesa redonda é um acerto, proporcionando um bate-papo dinâmico e informativo.
Com debatedores fixos brilhantes, como Milton Cunha, Hugo Bonemer, Dadá Coelho, Fabiane Pereira e Murilo Ribeiro, o Muka, o “Sem Censura” se tornou um programa bastante comentado tanto na tevê quanto nas redes sociais e conseguiu receber nomes consagrados de diferentes áreas.
Melhor Programa de Competição e/ou Reality-Show
“ILHADOS COM A SOGRA”, DA NETFLIX
Fator surpresa
Programas de confinamento não são novidade na televisão. Mas a Netflix mandou bem ao fazer isso unindo justamente um tipo de dupla que, normalmente, rende algumas rusgas. “Ilhados com a Sogra” se beneficiou da ideia original e também da presença de Fernanda Souza como apresentadora.
Além de dinâmicas bem planejadas, o reality rendeu momentos impressionantes de conversas entre os participantes. E isso deve ter rendido muitos momentos de identificação dos telespectadores com as cenas exibidas. Foi uma competição familiar diferente e explorada de forma bastante inteligente.
Melhor Programa de Talent-Show
“CRAQUE DA VOZ”, DO SPORTV
No gogó
“Craque da Voz” chegou em 2024 com uma proposta inovadora: encontrar um novo narrador esportivo para assinar um contrato de um ano com a Globo.
Sob o comando de Galvão Bueno e Karine Alves, o reality combinou entretenimento e uma espécie de processo seletivo da emissora com maestria. Galvão brilhou à frente do programa, que apresentou provas criativas e desafiadoras. Mais do que um talent-show, foi um verdadeiro tributo à narração esportiva brasileira.
Melhor Programa de Debate
“SAIA JUSTA”, DO GNT
Frescor garantido
Renovar um elenco de longa data é sempre um desafio, mas o “Saia Justa” acertou ao apostar em nomes como Eliana, Tati Machado e Rita Batista.
O time trouxe espontaneidade e profundidade às discussões, mantendo o programa como uma referência em debates inteligentes e envolventes. Eliana, em especial, mostrou que sua experiência em diversos formatos televisivos foi essencial para conquistar o público.
E Rita parece sempre a quem tem menos medo de se expor, tornando-se uma figura essencial para elevar a riqueza das discussões.
Melhor Programa de Variedades
“AVISA LÁ QUE EU VOU”, DO GNT
Autenticidade valorizada
Com Paulo Vieira no comando, “Avisa Lá que Eu Vou” resgatou a simplicidade de contar histórias de pessoas reais. A produção lembra clássicos como o “Brasil Legal”, de Regina Casé, mas com a irreverência e o carisma únicos de Paulo.
Leve e profundo na medida certa, o programa conquistou pela forma como retratou o cotidiano do povo brasileiro. Enquanto um monte de produções aposta na fantasia para crescer, “Avisa Lá Que Eu Vou” se dá bem justamente por focar no mais simples e, principalmente, no que é verdadeiro.
Melhor Apresentador:
CELSO PORTIOLLI, DO “DOMINGO LEGAL”, DO SBT
O verdadeiro substituto
Este foi um ano em que o “Domingo Legal” ganhou ainda mais espaço na grade do SBT, em função da saída repentina de Eliana da emissora.
E Celso Portiolli aproveitou a oportunidade para mostrar por que é um dos maiores comunicadores da televisão brasileira atualmente. Com carisma e humor na medida certa, ele fez jus à confiança do SBT e, de quebra, ainda se mostra cada vez mais o principal herdeiro do carisma e da habilidade comunicadora de Silvio Santos na tevê nacional.
Momento Bizarro 2024
CADEIRADA DE DATENA EM DEBATE POLÍTICO
Polêmica vergonhosa
Em plena campanha eleitoral para a Prefeitura do município de São Paulo, José Luiz Datena protagonizou um dos episódios mais comentados do ano.
O jornalista estava afastado de suas tarefas na televisão para disputar o cargo de prefeito, mas depois de ser muito provocado, se descontrolou e atacou o concorrente Pablo Marçal com uma cadeira, durante um debate realizado pela TV Cultura.
O fato gerou repercussão nacional e foi até lembrado na estreia de Datena à frente do “Tá na Hora”, recentemente, no SBT, com uma vinheta que fazia alusão ao ocorrido.
Destaque negativo: Linha de Shows
“ESTRELA DA CASA”, DA GLOBO
Fora do tom
Misturando confinamento e música, “Estrela da Casa” mirou em ser uma espécie de combinação entre o “Big Brother Brasil” e o “Fama”, mas não entregou o que prometia.
Problemas técnicos – especialmente nas apresentações musicais, que resultaram em dificuldades para quem assistia – e um elenco pouco carismático prejudicaram a experiência do espectador.
Mesmo com a participação de artistas renomados como Katy Perry, o programa se tornou uma grande decepção. Tinha tudo para funcionar, mas a escolha por competidores tão sem graça não deixou.
O Pior do ano
“TÔ NESSA”, DA GLOBO
Na mesmice
Mesmo com nomes de peso, a começar pelos próprios criadores, Regina Casé e Jorge Furtado, “Tô Nessa” foi um dos grandes fracassos da televisão em 2024. A sitcom abusou de piadas previsíveis e de um texto repetitivo, que certamente contribuíram para afastar o público.
Nem o elenco talentoso, com Heslaine Vieira, Luana Martau e Valentina Bandeira, conseguiu salvar o programa. Até mesmo as novidades mais interessantes, como a presença de banda e um cenário em 360º, não chegaram a ser bem explorados pela equipe. Pelo menos não o suficiente para que a importância deles ali ficasse evidente.