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Mestre Salu e seu legado cultural serão celebrados na Fenearte

Herança do rabequeiro pernambucano Mestre Salu, fundador do Piaba de Ouro e da Casa da Rabeca, será enaltecido na edição 2018 da Fenearte, que ocorre entre 4 e 19 de julho, no Centro de Convenções

Caboclo de lança do Maracatu Piaba de OuroCaboclo de lança do Maracatu Piaba de Ouro - Foto: Ed Machado/Folha de Pernambuco

Um dos mestres mais conhecidos da cultura popular pernambucana será o homenageado da 19ª edição da Fenearte (Feira Nacional de Negócios do Artesanato), que vai ocorrer entre os dias 4 e 19 de julho.

Manoel Salustiano, o Mestre Salu, é conhecido por sua versatilidade: era músico, cantor e dançarino em brincadeiras como cavalo marinho, forró de rabeca, mamulengo, ciranda, coco e maracatu rural, para os quais também atuava como artesão, confeccionando instrumentos e indumentárias. Detentor de renome internacional, Salu faleceu em agosto de 2008, e o fato da Fenearte ter sua história como tema emocionou sua família.

"É uma notícia maravilhosa. Mais do que um reconhecimento por tudo que ele fez pela cultura de Pernambuco, é uma prova de que o legado dele não permanece vivo só em nós, os filhos", diz Maria Imaculada Salustiano, a Moca.

"Tudo o que Salu plantou continua vivo, os encontros de cavalo marinho, a associação de maracatu rural, a Casa da Rabeca, as pontes que possibilitaram que outros mestres também pudessem mostrar o que sabem ao resto do mundo. Ele foi e é muito importante para Pernambuco, e a gente agradece a homenagem e acha muito justo que ele tenha sido lembrado", complementa o cantor Maciel Salu.

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Dos quinze filhos que o mestre teve, dez têm levado adiante a herança artística da família (Moca e Maciel, junto com Pedrinho, Dinda, Mariana, Betânia, Manoelzinho, Cleiton, Cristiano e a caçula Bia, de apenas 14 anos). "Cada um de nós tem seus próprios interesses, suas carreiras. Mas a gente concilia para continuar mantendo vivo o legado de Salu", descreve Maciel.

Até o momento, o tema da Fenearte não foi anunciado oficialmente, e a assessoria de imprensa da Fenearte só vai se pronunciar após isso ocorrer. "Ainda vai haver uma reunião com o governador Paulo Câmara e os organizadores da Fenearte. Estamos no aguardo da agenda dele", explica Maciel Salu.

"Não sabemos bem como vai ser, pois ainda não temos detalhes sobre a logística. Mas a expectativa é poder mostrar a obra de Salu em toda a sua dimensão. Temos um grande acervo de fantasias, instrumentos e fotos", acrescenta Moca, que é atualmente a presidente da Casa da Rabeca e a vice do maracatu Piaba de Ouro, duas das grandes conquistas do pai.

Segundo o arquiteto Carlos Augusto Lira, que coordena a mostra e deu entrevista à coluna Persona (de Roberta Jungmann, da Folha de Pernambuco), a entrada do Centro de Convenções ganhará golas gigantes de maracatu rural e enormes pés de cana-de-açúcar, em reverência ao mestre que veio da Zona da Mata.

Também deve haver um estande da família, com mostra dos produtos que até hoje são produzidos por eles, como rabecas e trajes bordados de lantejoulas. "Deve haver apresentação do Piaba de Ouro, do Cavalo Marinho Boi Matuto de Olinda, da Família Salu e dos projetos individuais dos filhos", afirma Maciel.

Trajetória

Manoel Salustiano Soares nasceu em Aliança, na Zona da Mata Norte, em 1945, e faleceu aos 62 anos, por conta de problemas cardíacos causados pelo mal de Chagas (que já o tinham impedido de dançar, no início dos anos 1990, e o obrigaram a colocar um marcapasso no coração). Filho de seu João Salu, rabequeiro de mão cheia, ele ampliou o leque de atuação artística da família.


Cortador de cana em vários engenhos da região, Salu migrou para o Recife aos 17 anos, sonhando em viver da sua arte. Acabou alcançando renome internacional, sendo declarado doutor honoris causa pela Universidade Federal de Pernambuco e agraciado com os títulos de comendador da Ordem do Mérito Cultural, em 2001, pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso e de Patrimônio Vivo de Pernambuco, pelo governo do Estado, em 2002.

Tornou-se referência para a nova safra de músicos pernambucanos, influenciando o movimento mangue e seus desdobramentos. Apresentou-se em diversos países, como França, Estados Unidos, Cuba e Bolívia, e em 2001 subiu ao palco durante o Rock in Rio. Mestre Salustiano faleceu aos 62 anos, deixando 15 filhos. Vários de seus netos já participam das brincadeiras da família, levando as tradições do avô e do bisavô adiante.

 

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