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homenagem

Miró da Muribeca e Lucila Nogueira integrarão o Circuito da Poesia

A escolha dos poetas foi anunciada nesta quarta (1º), pela Prefeitura do Recife. As estátuas serão inauguradas até o fim deste ano

Miró da Muribeca e Lucila Nogueira farão parte do Circuito, que passará a contar com 22 nomesMiró da Muribeca e Lucila Nogueira farão parte do Circuito, que passará a contar com 22 nomes - Foto: Reprodução

A Prefeitura do Recife, por meio da Secretaria de Cultura e da Fundação de Cultura Cidade do Recife, anunciou, nesta quarta (1º), dois novos nomes que serão incluídos no Circuito da Poesia: Miró da Muribeca e Lucila Nogueira. As esculturas são assinadas pelo artista Demetrio Albuquerque e ganharão as ruas do Recife até o fim deste ano.

A estátua de Miró – falecido no fim de julho de 2022 – integrará a paisagem da Avenida Rio Branco, no Bairro do Recife. O poeta era das figuras mais emblemáticas das ruas do centro da cidade, por onde andava e de onde se alimentava de inspiração para sua arte.

Já a estátua de Lucila – falecida em dezembro de 2016 – será instalada nos arredores da Academia Pernambucana de Letras, no bairro da Jaqueira, evocando seus mistérios nas úmidas paisagens recifenses, feitas de água e imaginação.

As novas esculturas fazem o Circuito alcançar 22 obras, rendendo homenagens a variados grandes nomes da literatura e da música recifense, em paisagens da cidade que refletem suas obras:

Manuel Bandeira (Rua da Aurora); João Cabral de Melo Neto (Rua da Aurora); Capiba (Rua do Sol); Carlos Pena Filho (Praça do Diário); Clarice Lispector (Praça Maciel Pinheiro); Antônio Maria (Rua do Bom Jesus); Ascenso Ferreira (Cais da Alfândega); Chico Science (Rua da Moeda); Solano Trindade (Pátio de São Pedro); Luiz Gonzaga (Praça Mauá); Mário Mota (Pátio do Sebo); Joaquim Cardozo (Ponte Maurício de Nassau); Ariano Suassuna (Rua da Aurora); Alberto da Cunha Melo (Parque 13 de Maio); Celina de Holanda (Avenida Beira Rio); Liêdo Maranhão (Praça Dom Vital); Naná Vasconcelos (Marco Zero); Reginaldo Rossi (Pátio de Santa Cruz); Janice Japiassu (Rua do Príncipe); e Tarcísio Pereira (Rua Sete de Setembro).

Conheça os artistas:
  
Miró da Muribeca - O poeta contundente, de obra pavimentada no cotidiano urbano, nasceu João Flávio Cordeiro da Silva, em agosto de 1960. Em 2022, encantou-se Miró da Muribeca, nome eternamente escrito e inscrito nas ruas do Recife, até hoje povoadas de seus versos. 

A alcunha artística, ele ganhou fazendo poesia com os pés, nos campinhos de futebol do bairro onde cresceu. De tanto fazer gol, virou Miró, numa alusão ao então craque Mirobaldo, do Santa Cruz. Ainda mais hábil com as palavras que com a bola, acabou poeta. 

Entre o lirismo e a periferia, escolheu os dois. Subverteu a rima e cunhou uma poética popular, urbana, negra e social. Foi um cronista da cidade (como ele próprio se intitulava), tendo escrito e publicado mais de 15 livros, alguns traduzidos para o espanhol e para o francês. 

Entre ruas, noites e gentes do Recife, belezas, rudezas e margens, esculpiu sua poesia, feita de denúncia e delírio. Vivia no cerne e no centro do Recife. Naquele entorno, não há paisagem que não conte suas histórias, de agora em diante, escritas até em pedra. 

Lucila Nogueira - Poetisa de muitas vozes, Lucila Nogueira nasceu no Rio, mas naturalizou-se, prosa, verve e verso no Recife. Foi aqui que forjou sua estética literária, passeando por diversos estilos, identidades e fases. Da escrita mitológica, introspectiva e mística, que inaugurou sua obra, até a globalizada, com temáticas ibéricas e latino-americanas, confirmou uma personalidade literária cada vez mais aguda. 

Além de poetisa e contista, foi tradutora e professora, tendo lecionado literatura na Universidade Federal de Pernambuco. Colecionou premiações ao longo da vida. A primeira veio já em 1978, por ocasião do lançamento de seu primeiro livro de poemas, “Almenara”, que conquistou o Prêmio de Poesia Manuel Bandeira, do Governo de Pernambuco. 

Ao todo, escreveu mais de 20 obras, premiadas e lançadas mundo afora, em países como Portugal, França, Estados Unidos e Cuba. Em 2006, foi a primeira mulher a representar o Brasil no XVI Festival Internacional de Poesia de Medellín. Nos anos 2007 e 2008, assumiu a curadoria da Festa Literária Internacional de Porto de Galinhas (Fliporto). 

Em 2009, recebeu a Medalha Euclides da Cunha, da Academia Brasileira de Letras. Tantas conquistas literárias acabaram por conduzi-la à cadeira de número 33 da Academia Pernambucana de Letras. Morreu em 2016, confirmando-se eterna em sua vasta e intensa obra.
 

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