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Teatro

"Molière", com Matheus Nachtergaele, chega ao Recife neste final de semana

Em turnê nacional, peça será encenada no Teatro do Parque

Espetáculo Espetáculo  - Foto: Guilherme Silva / Divulgação

Baseado na vida de um dos maiores mestres da comédia satírica, o espetáculo “Molière”, em turnê nacional, chega ao Recife neste final de semana. Protagonizada pelo ator Matheus Nachtergaele, que vive o dramaturgo francês, a peça será encenada no Teatro do Parque nesta sexta-feira (10) e sábado (11), às 20h30, e no domingo (12), às 19h30.

A montagem narra com bom humor a disputa entre a comédia - representada pelo mestre do gênero satírico Jean-Baptiste Poquelin, mais conhecido como Molière, em cena vivido por Nachtergaele; e a tragédia - representada pelo poeta Jean Racine, interpretado por Elcio Nogueira Seixas. Além de Nachtergaele e Seixas, integram o elenco Renato Borghi, Rafael Camargo, Luciana Borghi, Josie Antello, Jorge Hissa, Regina França, Diogo Brandão, Débora Veneziani, Joana Araujo, Fábio Cardoso e Renata Neves.

O espetáculo
“Molière” é uma comédia musical escrita pela dramaturga mexicana Sabina Berman. O texto narra a visão histórica da disputa entre Racine e Molière, sob o ponto de vista da autora latina contemporânea. “Ela é inteligentíssima. Colabora como roteirista do cinema de Iñárritu, uma grande dramaturga. Ela classifica a peça como uma comédia musical, mas eu considero uma tragicomédia musical antifascista”, descreve Matheus.

No enredo, Molière e Jean Racine travam uma luta tragicômica, repleta de trapaças e reviravoltas, pelo domínio dos palcos da corte de Luiz XIV, o Rei Sol, da França. Nessa contenda, o fanático Arcebispo Péréfixe, entusiasta da guerra, se aproveita do conflito entre os artistas para banir do reino o próprio Teatro, instaurando no país uma era de censura, violência e sacrifício.      
 

Trilha Sonora conta com obras de Caetano Veloso adaptadas por Gilson Fukushima | Foto: Guilherme Silva

A obra de Caetano em cena
“Através do Renato Borgui, que foi quem descobriu esse texto e encabeça a produção, a gente pediu ao Caetano Veloso para usar a obra dele e o Gilson (Fukushima) adaptou. O Caetano ficou inebriado com o resultado. A música é executada ao vivo no palco, por uma banda incrível. A gente também canta e dança em cena. A base toda da inspiração é, obviamente, a França daquela época, mas todas as músicas são arranjos da obra de Caetano”, explica Nachtergaele.

Renato Borgui, que no espetáculo interpreta o arcebispo Péréfixe, é fundador do Teatro Oficina junto ao lado de Zé Celso. Participou da criação de toda a primeira etapa do teatro Oficina, que surgiu junto com o tropicalismo dos baianos. “Por isso que o Caetano topou na hora”, diz Matheus.

“Molière foi o maior dramaturgo cômico do mundo. Influenciou toda a comédia ocidental depois dele e provavelmente toda a comédia mundial depois dele. Altamente crítico aos costumes, aos valores da burguesia e ao clero, ele foi protegido pelo Rei da França, até que a Igreja francesa decidiu baní-lo e colocar Racini, que era um trágico e discípulo de Molière, no lugar dele, para fazer peças mais caretas”, descreve Nachtergaele. 

A censura e a revolução da comédia
Quando Luiz XIV resolver organizar e moralizar o teatro oficial da França, a comédia passou a ser considerada subversiva. “Foi uma censura. Queimaram o teatro de Molière e ele terminou a vida na miséria. A última peça dele foi ‘O doente imaginário’. Ele não morreu em cena, mas ele entrava em cena, e escreveu para poder fazer a peça estando doente”, conta Matheus. 

“Como sempre, a comédia tem a função maravilhosa de cutucar a tragédia o tempo todo e ser uma constante crítica e alerta aos costumes de uma sociedade. Alguns cacoetes humanos ainda não foram curados. A igreja interferindo nas decisões de um estado continua sendo questão extremamente urgente, no Brasil inclusive”, avalia o ator. “O embate entre a comédia e a tragédia e a filosofia que isso carrega em si e como a Sabina trabalha com isso, vocês verão, é majestoso. Todo riso é contaminado de crítica e horror”, detalha.

Turnê nacional
“Molière” estreou antes da pandemia da Covid-19, em São Paulo e no Rio, em 2018, em um período conturbado da política nacional.“A gente achou importante fazer a peça por causa do neofascismo emergente no Brasil naquela época. Tivemos grande aceitação de crítica e de público na época da estreia em São Paulo e no Rio. Mas ficamos devendo essa turnê bonita que estamos fazendo agora e estamos cumprindo”, relata Matheus.

A programação da turnê nacional tem apresentações confirmadas Rio de Janeiro, Ceará, Maranhão, Recife e São Paulo. Antes de chegar ao Recife, o espetáculo se apresentou no Teatro Arthur Azevedo, no Maranhão, segundo teatro a ser construído no Brasil. “É um elenco enorme. São 14 pessoas em cena e é raro uma peça grande assim durar tanto tempo”, comenta Matheus.

“Eu estou doido para me apresentar no Recife e também ansioso porque meus grandes amigos irão ver”, comenta o ator. “As pessoas estão em cena felizes e saciadas e o público lotando teatros imensos”, comemora.

SERVIÇO:
"Molière – Uma comédia musical de Sabina Berman"
De hoje a 12/02 (domingo)
Onde: Teatro do Parque
Horário: hoje, às 20h30 | sábados, às 20h30, e domingos, às 19h30
Ingresso: entre R$ 50 e R$ 120 na bilheteria do teatro ou no Sympla
Bilheteria: terça a sábado, das 12h às 20h | domingos e feriados, das 12h às 19h
Classificação: 12 anos

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