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Crítica

"Morbius" desperdiça bom elenco com roteiro pouco inspirado

Filme da Sony traz Jared Leto no papel de anti-herói dos quadrinhos da Marvel

Jared Leto em "Morbius"Jared Leto em "Morbius" - Foto: Divulgação

Para quem não está tão familiarizado com a leitura de HQ’s, acompanhar o constante acréscimo de novos personagens e tramas diversas em filmes relacionados à Marvel pode ser uma tarefa difícil. “Morbius”, mais novo longa-metragem baseado nos quadrinhos da editora, que chega nesta quinta-feira (31) aos cinemas brasileiros, promete deixar tudo ainda mais confuso.
 


Estrelado por Jared Leto, o filme introduz um personagem inédito em produções cinematográficas, mas já conhecido das revistas. Michael Morbius fez sua primeira aparição em uma história do Homem-Aranha, em 1971, ocupando o posto de vilão. Com o passar do tempo, as publicações passaram a caracterizá-lo mais como um anti-herói, visão adotada pelo longa.

O novo blockbuster integra os planos da Sony de expandir seu universo compartilhado de vilões do Homem-Aranha. O sucesso de bilheteria de “Venom” (2018), deu ao estúdio o impulso que ele precisava para levar às telas obras estreladas por esses personagens, cujos direitos pertencem à empresa, correndo em paralelo às produções da Disney (dona da Marvel).
 

No filme dirigido por Daniel Espinosa, Morbius é um cientista grego de renome internacional, que chega a ser nomeado ao Nobel de Medicina por suas pesquisas. Desde a infância, ele convive com uma rara doença sanguínea. Obstinado a encontrar a cura para essa condição, o médico combina o seu DNA com o de um morcego.

O tratamento desenvolvido por Morbius se torna uma maldição. Ao mesmo tempo em que elimina os problemas de saúde e confere ao cientista poderes especiais, como superforça e uma espécie de radar, o experimento acaba o transformando em vampiro. Agora, ele precisa controlar sua sede por sangue para não ferir pessoas inocentes.

Com um enredo mais do que “batido” e pouco interessante, “Morbius” é um desses filmes genéricos, facilmente esquecíveis pelo público logo após a saída do cinema. O roteiro parece ainda preso às fórmulas e soluções usadas em produções de super-heróis dos anos 2000, sem aparentar qualquer tentativa de trazer um pouco de originalidade à história. Também não há bons momentos de humor, como em “Venom”, o que poderia tornar a experiência de assistir ao longa, pelo menos, divertida.


Morbius ganha poderes de vampiro após experiência (Foto: Divulgação)

Até mesmo as cenas pós-crédito parecem contaminadas pelo efeito enfadonho da trama. Com duas aparições do Abutre, interpretado por Michael Keaton, os momentos extras do filme - que parecem relacionados aos eventos de “Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa” (2021) - geram mais confusão do que curiosidade em conferir seu desenrolar.

Visualmente, o trabalho perde a mão nos recursos digitais, usando e abusando de computação gráfica, mesmo onde uma boa maquiagem poderia surtir um efeito bem melhor. O resultado soa artificial.

Embora o perfil “esquisito” do personagem seja perfeito para alguém como Jared Leto, o ator acaba prejudicado pela construção limitadora do protagonista. O vampiro parece ter tido seus instintos mais transgressores podados pela produção, para conseguir caber na roupa de bom-moço e assim, talvez, agradar a uma parcela mais conservadora de espectadores.

Quem acaba roubando a cena é o vilão do longa, vivido pelo ator britânico Matt Smith, que parece se divertir no papel. Ele empresta seu carisma para Milo, amigo de infância de Morbius e que possui a mesma doença no sangue. Também chama atenção o bom desempenho de Adria Arjona como a médica Martine Bancroft, que merece ganhar mais destaque em futuras sequências do filme. 

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