Morre a escritora Lya Luft, aos 83 anos, em Porto Alegre
Autora com 31 livros publicados lutava contra um câncer de pele
Morreu na madrugada desta quinta-feira (30), aos 83 anos, a escritora gaúcha Lya Luft. A autora, que lutava há sete meses contra um câncer de pele em fase avançada, faleceu em casa, na cidade de Porto Alegre (RS).
Ao longo da vida, Lya Luft publicou 31 livros. Entre as obras mais famosas, estão títulos como "O quarto fechado", "As parceiras" e "Perdas e ganhos". Sua última publicação foi "As Coisas Humanas", lançada no ano passado. Em entrevista à Folha de S. Paulo, em junho do ano passado, a autora afirmou que escreveu o livro de crônicas “para mostrar que o amor é mais importante que a morte".
Integrante de uma família de ascendência alemã, a escritora nasceu em 15 de setembro de 1938, na cidade de Santa Cruz do Sul. Em 1959, Lya se mudou para Porto Alegre, onde se formou em Pedagogia e em Letras Anglo-Germânicas pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), passando a trabalhar como tradutora. Trouxe para o português mais de cem livros, entre trabalhos de autores como Virginia Woolf e Hermann Hesse.
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O primeiro livro da autora, a antologia de poemas "Canções de liminar", publicado em 1964. Durante os anos de carreira literária experimentou diferentes gêneros, como poesia, conto, crônica, ensaio, romance e literatura infantil. Também foi colunista da revista Veja e professora universitária aposentada.
A trajetória profissional de Luft foi marcada por reconhecimentos. Um dos mais importantes foi o Prêmio União Latina de melhor tradução técnica e científica, pela obra “Lete: Arte e crítica do esquecimento”, de Harald Weinrich, recebido em 2001. Mais tarde, em 2013, ela foi agraciada com o Prêmio ABL, da Academia Brasileira de Letras, pela obra “O tigre na sombra”.
Lya casou-se com seu primeiro marido, o professor e dicionarista Celso Pedro Luft, aos 25 anos de idade. Com ele, a escritora teve três filhos: Susana, André e Eduardo. André faleceu de parada cardiorrespiratória, em 2017, aos 51 anos.
O casal se separou em 1985, mas voltou a viver junto em 1992, quatro anos após a morte do segundo esposo de Lya, o psicanalista Hélio Pellegrino. Em 1995, a escritora ficou viúva novamente. Atualmente, ela estava casada com o também escritor e engenheiro Vicente de Britto Pereira.
Admiradores famosos e anônimos da obra de Lya Luft lamentaram a perda nas redes sociais. O escritor Fabrício Carpinejar, conterrâneo da escritora, compartilhou um texto sobre ela. “Lya que escrevia as suas obras a quatro mãos: ela e o destino. Agora o destino segue a escrita para imortalizá-la”, diz em um trecho. “Dia triste para a literatura brasileira”, escreveu o jornalista Gerson Camarotti.
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, escreveu que a morte de Luft “abre uma lacuna difícil de ser preenchida”. Já o apresentador Luciano Huck ressaltou o “legado de reflexão, sabedoria e elegância” deixado pela autora. “Seus textos iluminaram a vida de muita gente e pautaram debates públicos inspiradores”, publicou.