Morre, aos 70 anos, o carnavalesco e jornalista Marcelo Varella
Diagnosticado com câncer em 2019, ele estava internado em um hospital particular no Recife
O carnavalesco e jornalista Marcelo Varella faleceu, aos 70 anos, na tarde desta quinta-feira (03). Diagnosticado com câncer em 2019, ele estava internado em um hospital particular no Recife.
O velório é realizado nesta sexta-feira, até as 15h, no Cemitério de Santo Amaro, região central do Recife. O corpo de Marcelo Varella será cremado às 16h Cemitério Jardim Metropolitano, no bairro de Águas Compridas, em Olinda.
A Secretaria de Cultura do Recife lamentou a perda de Varella. "Um carnavalesco por vocação, jornalista e servidor público com várias décadas de atuação incansável a serviço da cultura do Recife", diz trecho na nota de pesar.
Nas redes sociais, familiares, amigos e admiradores lamentaram sua morte. O ator Walmir Chagas foi uma das personalidades que deixou sua mensagem. "Acabo de ter a triste notícia que nosso irmão Marcelo Varella, um guerreiro da cultura popular da nossa região partiu para a eternidade!! Muito triste isso, meu Deus!!", postou.
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Ligado ao Carnaval
Marcelo Varella atuou como jornalista na extinta TV Tupi, na TV Jornal do Commercio, na Rede Globo Nordeste e na Rádio Globo. Na Fundação de Cultura Cidade do Recife, dirigiu a Casa do Carnaval. Juntamente como o violonista e maestro Antônio José Madureira, o Zoca Madureira, foi fundador do Bloco da Saudade. Também foi um dos fundadores do Bloco Aurora do Amor, ao lado de Maurício Cavalcanti e Romero Amorim. Atuou como diretor de Comunicação do Bloco Banhistas do Pina, além de ser membro da Comissão Pernambucana de Folclore e sócio benemérito dos maracatus Nação Elefante e Nação Leão de Judá, dos clubes Pão Duro, Prato Misterioso, Amante das Flores e da Troça Abanadores do Arruda.
Em 1979, compôs com João Santiago a marcha-bloco “Brincando com Dona Moça”, uma homenagem à uma fundadora do Bloco Rebeldes Imperial. Em 1982, compôs com Antônio Madureira o maracatu “Maracatu misterioso” gravado por Antônio Nóbrega, no LP “Frevança – III Encontro do frevo e do maracatu”. Em 1985, seu frevo “Lá vem o galo”, com Nelson Luis e Carlinhos Almeida, foi gravado por Jadir Camargo, no LP “O Galo da Madrugada”, da Som Livre, em homenagem ao tradicional bloco Galo da Madrugada. Em 1993, seu “Maracatu misterioso” foi gravado pelo Maracatu Nação Pernambuco em LP da gravadora Velas.
Nota de pesar da Fundação de Cultura do Recife
"Nós, que fazemos a Secretaria de Cultura e a Fundação de Cultura Cidade do Recife, lamentamos profundamente o falecimento do querido Marcelo Varella. Um carnavalesco por vocação, jornalista e servidor público com várias décadas de atuação incansável a serviço da cultura do Recife, desde 1979, Marcelo nos deixou hoje. Nascido na Boa Vista e criado no Bairro de São José, cresceu embalado pelo Frevo, na barra da calça do pai, João Rodrigues Varella, que esteve por muitos anos à frente de clubes e blocos famosos, como Pão Duro, Vassourinhas e Batutas de São José.
Entre Quartas de Cinzas e Sábados de Zé Pereira, escolheu graduar-se jornalista. E começou a mostrar seu protagonismo já nesta área, tendo atuado nos principais veículos da cidade, como a extinta Rede Tupi, a TV Jornal, a TV Globo Nordeste e a Rádio Globo. Mas não demorou para atender ao chamado dos clarins. Foi um dos fundadores do Bloco da Saudade e do Aurora do Amor, membro da Comissão Pernambucana de Folclore, diretor do Banhistas do Pina e compositor do Galo da Madrugada.
Sagrou-se ainda compositor de frevos, tendo vencido importantes concursos, como o Frevança e o Recifrevo. Durante boa parte da vida, foi também servidor público, estando na Fundação de Cultura desde o início. Varella transformou a cultura em ofício e missão, a que se dedicou diariamente. Mesmo quando a saúde passou a exigir restrições, ele seguiu na luta de sempre, deixando uma obra presente, mas uma grande lacuna na Cultura recifense.
“O amor de Marcelo pela Cultura não tinha limites, não havia impedimentos capazes de tolher sua criatividade, sua vibração, sua entrega ao fazer cultural. Em composições, projetos, ideias, ele ia muito além do cuidado apaixonado com as nossas tradições, ajudando com seu talento a mantê-las vivas, atuantes, atravessando gerações. Foi assim, por muitas décadas, desde que a Fundação de Cultura surgiu. Tínhamos aqui um guerreiro que soube escrever história em músicas, renovando símbolos e patrimônios, honrando agremiações, mestres e mestras, tornando-se, assim, um deles. Que a gente saiba seguir exemplos como o desse amor genuíno e perene à Cultura e ao seu poder de fazer o mundo melhor”, declarou o secretário de Cultura do Recife, Ricardo Mello".