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Luto

Morre, aos 82 anos, a museóloga carioca Solange Godoy

Com ampla atuação na área, carioca foi a primeira mulher a dirigir o Museu Histórico Nacional

Solange GodoySolange Godoy - Foto: Reprodução/Internet

Morreu no último 15 de janeiro, em Itaipava, aos 82 anos, a museóloga Solange de Sampaio Godoy, uma das mais importantes profissionais de Museologia e do Patrimônio no Brasil. Ela deixa o marido, o arquiteto Luís Antonelli, e dois filhos, o psiquiatra Rodrigo e a jornalista Fernanda, além da neta Valentina.

 

Nascida no Rio de Janeiro, em 1940, Godoy graduou-se em Museologia pelo antigo Curso de Museus e em História (Licenciatura) pela PUC-RJ (1974), com mestrado em História Social da Cultura e professora de Museologia da UNIRIO. Foi a primeira mulher a assumir a direção do Museu Histórico Nacional (MHN) desde a sua fundação, em 1922. À frente da instituição entre 1985 e 1989, ela liderou um projeto para reaproximar o museu da sociedade após o fim da ditadura militar. Na sua gestão foram realizadas melhorias na área de documentação e preservação, como a ampliação da reserva técnica, como é chamado o local onde o acervo dos museus é armazenado.

Godoy foi pioneira na criação de associações filantrópicas no Brasil. Em 1988, ela idealizou a Associação dos Amigos do Museu Histórico Nacional, a primeira do tipo no país.

"A convite do consulado americano, minha mãe estudou esse modelos de contribuições, muito forte nos Estados Unidos, em que empresários e pessoas ligadas à cultura ajudam na arrecadação de fundos para que as instituições culturais tivessem mais musculatura de investimento", lembra a jornalista Fernanda Godoy, filha de Solange. "Ela se orgulhava muito de ver que outras instituições relevantes seguiram esse modelo".

De acordo com o site do Museu Histórico Nacional, Godoy também propôs conceitos museográficos inovadores em sua época, coordenando a montagem do atual circuito de exposições de longa duração. O módulo “Colonização e dependência” é considerado um verdadeiro marco das transformações da museologia do Brasil da década de 1980. Em 1991, ela voltou ao MHN para exercer o cargo de coordenadora técnica até 1992.

Aposentada ainda na década de 1990, aos 58 anos, continuou atuando em projetos especiais. Ela desenvolveu renovação do Museu de Arte Sacra de Mariana, na cidade mineira, que recebeu financiamento este ano. Foi ainda conselheira da Fundação Vitae, que financiava circuitos de exposição. Em 2022, lançou "O livro das opalinas", primeira obra de referência no Brasil sobre o desejado cristal.

No mesmo ano, ela recebeu recebeu Moção Honrosa durante a entrega da medalha Tiradentes para o centenário do MHN. Nas seis décadas dedicadas à sua profissão, recebeu outras diversas condecorações, como Medalha Rodrigo Mello Franco de Andrade-50 Anos do SPHAN (1987); Medalha Sérgio Gregori/Associação de Amigos do MHN (1990); Medalha Princesa Isabel/Museu Imperial (1994); e Medalha de Honra ao Mérito 80 Anos da Escola de Museologia/UNIRIO.

Na docência, Godoy coordenou e ministrou disciplinas, cursos e seminários em várias universidades e instituições de patrimônio. Foi professora nas áreas da Museologia e da História no MHN, na PUC-RJ, na FNPM, entre outras instituições. Na UNIRIO, atuou na implantação das Exposições Curriculares.

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