Morre compositor pernambucano Marlos Nobre, aos 85 anos
Nascido no Recife, Marlos Nobre, um dos mais destacados compositores brasileiros, faleceu na última segunda-feira (2)
O maestro e pianista pernambucano Marlos Nobre, um dos mais destacados compositores brasileiros, faleceu aos 85 anos, na última segunda-feira (2). A notícia sobre a morte, que não teve a causa divulgada pela família, só foi confirmada nesta quarta-feira (4), por sua esposa, Maria Luiza Nobre.
Nascido no Recife, Marlos Nobre ocupava a cadeira nº 1 da Academia Brasileira de Música e foi diretor musical e regente titular da Orquestra Sinfônica do Recife.
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Trajetória
Ainda muito jovem, iniciou seus estudos no Conservatório Pernambucano de Música e se formou em piano e teoria musical em 1955.
Dando continuidade aos estudos, teve aulas de harmonia e contraponto no Instituto Ernani Braga até 1959 e estudou composição com H.-J. Koellreutter e Camargo Guarnieri entre 1960 e 1962.
Nos dois anos seguintes, por meio de bolsa da Fundação Rockefeller, estudou composição no Centro Latino-americano de Altos Estúdios Musicales do Instituto Torcuato Di Tella, em Buenos Aires, na Argentina, com Alberto Ginastera, Olivier Messiaen, Riccardo Malipiero, Aaron Copland e Luigi Dallapiccola.
Estudou ainda com Alexandre Goehr e Günther Schüller, no Berkshire Music Center, em Tanglewood, nos Estados Unidos, onde também trabalhou com Leonard Bernstein. No mesmo ano, estudou no Centro de Música Eletrônica de Columbia-Princeton, em New York, com Wladimir Ussachevsky.
A obra do artista
Sua primeira obra para orquestra foi "Concertino para piano e orquestra de cordas", em 1959, que lhe rendeu menção honrosa do 1º Concurso de Música e Músicos do Brasil, promovido pela Rádio MEC, ondel foi diretor musical (1971). No ano seguinte, foi premiado no mesmo concurso, com a obra "Trio, op. 4".
O compositor deixou como legado para a música brasileira uma obra com linguagem musical eclética e inventiva, unindo técnicas clássicas como politonalidade e atonalidade a influências da música popular brasileira. Seu catálogo reúne obras orquestrais, música de câmara, música para piano e música coral.
Nobre foi o primeiro brasileiro a reger a Royal Philarmonic Orchestra de Londres, em 1990, e também regeu a Orchestre Philharmonique de l'ORTF em Paris; l´Orchestre de la Suisse Romande; l'Orchestre de l'Opéra de Nice, France; Orquesta Filarmónica del Teatro Colón, em Buenos Aires; Orquesta Sinfónica no México; Orquesta Sinfónica de Cuba. Foi professor visitante da Universidade Yale, da Juilliard School, da University of Texas e da Indiana University.
Suas obras são publicadas pelas editoras Max Eschig (Paris), Boosey & Hawkes (Inglaterra) e Marlos Nobre Edition (Rio de Janeiro). O maestro conviveu com grandes nomes no exterior como Alberto Ginastera, Leonard Bernstein, Penderecki, Lutoslawski, Olivier Messiaen, Dallapiccola, entre outros. Marlos Nobre escreveu cerca de 460 obras, conforme informou em entrevista à Agência Brasil.
Prêmios
O compositor, que lecionou como professor visitante em renomadas universidades - a exemplo de Yale e Juilliard - recebeu vários prêmios, como a Bolsa Guggenheim, o Prêmio Tomás Luís de Victoria da SGAE e a Ordem do Mérito Cultural.
Nobre ganhou também o título de professor honoris causa da Universidade Federal de Pernambuco (2010), da University of Texas at Austin e da Universidade de Indiana (Indiana).
Atuação como gestor
O pernambucano atuou ainda como diretor musical da Rádio MEC e do Instituto Nacional de Música da Fundação Nacional de Arte do Brasil, sendo também presidente do International Music Council of Unesco em Paris - entre 1985 e 1987 - e, depois, diretor da Fundação Cultural de Brasília.