Morre Geninha da Rosa Borges, a grande dama do teatro pernambucano
A artista havia completado 100 anos de vida no último dia 21
O teatro de Pernambuco se despede da sua grande dama. Geninha da Rosa Borges, atriz e diretora teatral pernambucana com mais de 60 espetáculos no currículo, faleceu na tarde desta quinta-feira (23). A artista havia completado 100 anos de vida no último dia 21.
Segundo os familiares, Geninha morreu em sua casa, na Zona Norte do Recife, por causas naturais. O velório ocorre no sábado (25), no Teatro de Santa Isabel, local que foi tantas vezes palco para a atriz. Em seguida, será realizada uma cerimônia de cremação no Cemitério Morada da Paz, restrita à família. Até o fechamento dessa edição, os familiares ainda não haviam divulgado os horários.
O desejo de Geninha
"Mamãe sempre teve vontade de que as cinzas dela fossem jogadas em frente ao Teatro de Santa Isabel, onde há um baobá. Vamos tentar realizar esse desejo", explicou Vera da Rosa Borges, filha mais velha de Geninha, que esteve ao lado da mãe durante os seus últimos momentos de vida.
"Ela estava enfraquecida, muito magra, mas sem nenhuma doença. Parece que estava só esperando completar 100 anos para se despedir. No aniversário dela houve uma pequena comemoração em casa, só com os parentes mais próximos. Hoje ela acordou bem, mas pouco antes do almoço começou a ficar ofegante. Foi uma passagem muito tranquila", detalhou.
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Vida e trajetória
Maria Eugênia Franco de Sá da Rosa Borges nasceu no Recife, em 1922, filha de um amazonense e de uma carioca. Se formou em Letras anglo-germânicas e em Pedagogia pela Faculdade de Filosofia do Recife. Viúva, ela deixa quatro filhos, além de netos e bisnetos.
A estreia de Geninha no teatro aconteceu em 1941, na apresentação teatral beneficente “Noite de Estrelas”. Encantado com o desempenho da jovem, o diretor da peça, Valdemar de Oliveira, resolveu convidá-la para integrar o Teatro de Amadores de Pernambuco (TAP). Com a companhia, a artista teve a oportunidade de ser dirigida por nomes como Zbigniew Ziembinski, Bibi Ferreira e Luís de Lima.
Ao longo da carreira, Geninha estrelou e dirigiu espetáculos como “Yerma”, de Garcia Lorca, e “A Comédia do Coração”, de Paulo Gonçalves. A comédia “Um Sábado em 30”, escrita por Luiz Marinho, é um dos seus trabalhos mais famosos.
Cinema, TV e Gestão
Fora dos palcos, Geninha brilhou também no cinema e na televisão. Ainda criança, ela participou do primeiro filme pernambucano falado, “O Coelho Sai”, de 1939. Mais tarde, em 1983, esteve em “Parahyba Mulher Macho”, de Tizuka Yamazaki.
Geninha atuou ainda em “Baile Perfumado”, de Paulo Caldas e Lírio Teixeira, de 1997, e nos curtas-metragens “Nóis Sofre Mais Nóis Goza”, de Sandra Ribeiro, e “Conceição”, de Heitor Dhalia, ambos filmados em 2002. Na televisão, ela fez uma aparição na novela “Da Cor do Pecado”, de João Emmanuel Carneiro, em 2004. Depois, em 2008, participou de “A Favorita”, trama do mesmo autor.
Em diferentes momentos, Geninha também ocupou cargos de gestão. Nos anos 1960, coordenou a equipe do Sistema Nacional de TV e Rádio Educação, iniciando um programa pioneiro em Pernambuco de aulas teatralizadas para o rádio. Também dirigiu em três ocasiões o Teatro de Santa Isabel. O carinho pelo equipamento cultural era tão grande que a artista escreveu um livro sobre ele, “Teatro de Santa Isabel: Nascedouro & Permanência”, publicado em 1992.
Em nota de pesar, a Secretaria de Cultura e a Fundação de Cultura Cidade do Recife lamentaram a morte da atriz e diretora. “Geninha foi, é e para sempre será das maiores estrelas que já brilharam no teatro pernambucano”, afirma o texto.
O velório foi marcado pela família para acontecer neste sábado (25), de 9h às 16h, no Teatro Santa Isabel, no Centro do Recife. O horário do sepultamento segue sem divulgação.