Morre Maria Carmem Barbosa, autora de novelas e humorísticos como "Toma lá, dá cá"
A dramaturga estava internada há dois meses na Casa de Saúde Pinheiro Machado, em Laranjeiras, na Zona Sul do Rio de Janeiro, e tratava complicações derivadas da Doença de Alzheimer
Morreu na manhã desta sexta-feira (22), aos 76 anos, a autora de novelas e humorísticos Maria Carmem Barbosa, criadora de programas bem-sucedidos na TV Globo, como o sitcom "Toma lá, dá cá" (2007-2009) e o folhetim "Salsa e merengue" (1996), ambos idealizados e escritos em parceria com Miguel Falabella.
A dramaturga estava internada há dois meses na Casa de Saúde Pinheiro Machado, em Laranjeiras, na Zona Sul do Rio de Janeiro, e tratava complicações derivadas da Doença de Alzheimer. De acordo com Thiago Barbosa, sobrinho da autora, a novelista sofreu uma parada cardiorrespiratória após uma queda brusca de pressão. A informação foi veiculada pelo site "G1".
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Em publicação no Instagram, Miguel Falabella lamentou a notícia e enalteceu a trajetória profissional da colega, a quem define como "minha parceira e amiga por anos incontáveis". "Escrevemos juntos novelas, peças e roteiros, viajamos juntos, sonhamos e idealizamos projetos, foi uma amizade daquelas que ficam gravadas nas estrelas", destacou o ator, roteirista, diretor e dramaturgo.
Falabella e Maria Carmem escreveram juntos as novelas "Salsa e merengue" e "A lua me disse" (2005), além de oito peças de teatro, como "Querido mundo" e "South american way", musical que repassou a história de Carmen Miranda. "Eu poderia passar alguns dias contando histórias sobre nós dois e, na verdade, deixei de contá-las porque Maria Carmem já tinha nos deixado há alguns anos, quando resolveu que dava o viver já por vivido e saiu do ar, com muita rapidez, desligando-se do mundo. Agora, veio a morte física. E o dia fervilha de lembranças", lamentou Falabella.
Colegas da novelista e dramaturga prestaram homenagens para Maria Carmen por meio das redes sociais. "Meu Deus, como ela me fez feliz. Nossa arte perde uma mente brilhante, engraçada… Necessária", escreveu a atriz e comediante Fabiana Karla, por meio do Instagram. "Quanta vida nessas lembranças e sorrisos. Meus sentimentos carregados da certeza de que longe é um lugar que não existe onde tudo o que de fato existe é amor", afirmou a atriz Danielle Winits, em comentário no post de Miguel Falabella.
Humor como berço
Maria Carmem Barbosa tinha o humor nas veias. Filha do humorista, jornalista e compositor Haroldo Barbosa (1915-1979), a carioca começou a cultivar a paixão pela escrita — e pela teledramaturgia — por influência do pai, nome por trás de programas de comédia como "Noites cariocas" (1958-1965), "Faça humor, não faça guerra" (1971-1973) e "Satiricom" (1973-1975). Espectadora assídua de humorísticos desde a infância, ela costumava comentar sobre tudo o que via — o que gostava e o que não gostava — com a figura paterna.
"Esse hábito me deu prática de leitura de texto. Eu decupava novelas como um exercício, eu sabia que ia fazer isso profissionalmente um dia, não tinha dúvidas", rememorou a autora, numa entrevista ao "Memória Globo". A entrada na TV Globo aconteceu na década de 1970 — para trabalhar ao lado de Chico Anysio —, após passagens pela Rádio MEC e por produtoras de conteúdo audiovisual.
Na emissora carioca, ela autuou como produtora de títulos como a série musical "Grandes nomes" (1980), o seriado "Amizade colorida" (1981), a minissérie "Lampião e Maria Bonita" (1982) e a minissérie "Bandidos da Falange" (1983), de Aguinaldo Silva e Doc Comparato.