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Morre o pianista Arthur Moreira Lima, aos 84 anos

Um dos maiores nomes da música clássica no Brasil, carioca encabeçou projeto de popularização do gênero, com mais de 500 concertos feitos a bordo de caminhão-teatro circulando pelo país

O pianista Arthur Moreira Lima O pianista Arthur Moreira Lima  - Foto: Reprodução

Um dos maiores nomes do piano brasileiro, Arthur Moreira Lima morreu nesta quarta-feira (30), aos 84 anos. O músico morreu no Hospital Imperial de Caridade, em Florianópolis (SC), onde morava desde 1993. Segundo informações de familiares, ele lutava contra um câncer de intestino há cerca de um ano. O velório será realizado nesta quinta-feira (31), entre 12h e 16h, no Jardim da Paz, em Florianópolis.

Pianista mais laureado da história do país, Moreira Lima teve uma longa carreira internacional, tocando, nos anos 1970, com as filarmônicas de Leningrado, Moscou e Varsóvia, as sinfônicas de Berlim, Viena e Praga, além das orquestras da BBC de Londres e a Nacional da França.

Nascido no Rio em 1940, iniciou seus estudos ainda criança, e teve o primeiro recital profissional em 1949, no Theatro da Paz, em Belém (PA). À época, venceu importantes concursos no Brasil, como o Jovens Solistas, promovido pela Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB), em 1949 e 1952.

 

Nas décadas de 1950 e 1960, ampliou sua formação na França e na Rússia, onde obteve vaga no Conservatório Tchaikovsky, em Moscou, sendo orientado por Rudolf Kehrer. Em 1965, ainda aluno do Conservatório, conquistou o segundo lugar no Concurso Internacional Chopin, em Varsóvia.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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Após diplomar-se no Conservatório, foi assistente de Rudolph Kehrer por três anos. Ao longo de sua carreira, dedicou-se a interpretar compositores clássicos como Chopin, Brahms, Mozart e Rachmaninoff, mas também incluiu em seu repertório obras de músicos brasileiros, como Villa-Lobos, Ernesto Nazareth, Radamés Gnattali e Pixinguinha.

Em 1975, gravou um álbum duplo com obras de Ernesto Nazareth, contribuindo para o resgate da obra do compositor. No período, morando novamente no Brasil, ampliou sua atuação para além da música de concerto. Tocou com o grupo Época de Ouro e gravou o clássico álbum "ConSertão" (1982), com Elomar, Paulo Moura e Heraldo Do Monte, pela gravadora Kuarup.

Nos anos 1980, intensificou as ações para a popularização da música de concerto. A partir de 1986, o pianista apresentou, na extinta TV Manchete, o programa "Toque de classe", no qual teve convidados nomes como Moreira da Silva, João Nogueira, Ney Matogrosso, Nelson Gonçalves e Milton Nascimento.

Na década seguinte, apresentou-se em concertos populares em locais como a Mangueira e a Rocinha. Em 1998, suas gravações foram distribuídas em 41 CDs vendidos em bancas de jornais, acompanhados por fascículos escritos por Eric Nepomuceno. A partir de 2003, ele passou a se apresentar no projeto Um Piano pela Estrada, com o qual fez mais de 500 concertos em um caminhão-teatro que circulou por centenas de cidades em todas as regiões do Brasil.

 

Caminhão-teatro do projeto Um Piano pela Estrada Caminhão-teatro do projeto Um Piano pela Estrada — Foto: Divulgação

Tricolor ilustre, era homenageado pela torcida do Fluminense e gravou o hino do clube ao piano. Em setembro deste ano, Arthur Moreira Lima recebeu o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), homenagem aprovada por unanimidade no Conselho Universitário em 22 de agosto.

O Instituto Piano Brasileiro, Centro de pesquisas dedicado ao instrumento, postou ontem uma mensagem: "A família acaba de nos comunicar. Nossos agradecimentos a esse gigante incomparável, por tudo que fez pela cultura brasileira e pianística. Que seu nome seja sempre reconhecido entre os heróis brasileiros."

Na mesma postagem, o maestro Roberto Tibiriçá, que sábado vai reger a Orquestra Sinfônica Brasileira na edição 2024 do Projeto Aquarius, no Rio de Janeiro, deixou um comentário: "Oh meu querido amigo! Que pena".

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