Cultura+

Morre Ulay, artista alemão que viveu relação simbiótica com Marina Abramovic

Informação foi confirmada nesta segunda-feira (2) por sua galeria, Richard Saltoun

Artista alemão Ulay morre aos 76 anosArtista alemão Ulay morre aos 76 anos - Foto: Reprodução/Instagram

O artista alemão Ulay, ex-companheiro da sérvia Marina Abramovic, morreu aos 76 anos em Liubliana, na Eslovênia, por complicações de um câncer linfático. A informação foi confirmada nesta segunda (2) por sua galeria, Richard Saltoun. É Ulay -cujo nome de batismo é Frank Uwe Laysiepen - que aparece retratado em um das performances mais conhecidas de Abramovic. Nela, a artista se posta, completamente vulnerável, diante de um homem que aponta uma flecha para ela.

A obra é parte de uma série batizada de "Relation Works". Concebidas ao longo dos 12 anos em que o casal conviveu, quase todas elas envolviam as ideias de perigo e resistência e tinham como objetivo anular egos, de modo a tornar Abramovic e Ulay uma única entidade artística. Outras performances da série envolveram os dois ajoelhados um em frente ao outro, tapeando-se mutuamente com violência crescente, ou sentados em cadeiras opostas por sete horas diárias.

Leia também:
Morre a ativista e agitadora cultural Josenita Duda Ciríaco
Sertanejo Henrique, da dupla com Netto, morre 22 dias após acidente
Aos 62 anos, morre a cantora Claudia Telles no Rio de Janeiro


Também o término do casal foi representado numa performance. Em 1988, cada um deles partiu de um extremo da Grande Muralha da China -Ulay do deserto de Gobi, e Abramovic do mar Ocidental (mar Amarelo). Andaram quase 2.500 quilômetros cada um. Ao se encontrarem, no meio do caminho, se despediram quase sem palavras.
Ulay começou a carreira no fim dos anos 1960, em Amsterdã. Antes e depois da parceria com Abramovic, ele baseou sua prática na fotografia, encarada como instrumento de investigação e transformação da identidade.

Um de seus trabalhos mais famosos é uma série de autorretratos em Polaroid em que ele se traveste e se automutila. Nos anos 1990, voltou suas lentes para assuntos como nacionalismo, racismo e desigualdade e os indivíduos marginalizados pela sociedade. Em 2010, o artista surpreendeu Abramovic ao sentar em frente a ela na performance "O Artista Está Presente", no Museu de Arte Moderna, o MoMA, em Nova York.

Um ano depois, ele foi diagnosticado com câncer. Um documentário sobre a convivência de Ulay com a doença, "Project Cancer", foi lançado em 2013 pelo diretor esloveno Damjan Kozole.

Em 2015, Ulay processou Abramovic sob a alegação de que ela não tinha o creditado devidamente em parte de seus trabalhos conjuntos. Ganhou EUR 250 mil (R$ 912,5 mil à época), mais os custos da defesa, segundo o jornal The Guardian.
Abramovic lamentou a morte do artista no Instagram. "Ele foi um artista e um ser humano excepcional, cuja ausência será profundamente sentida. Neste dia, é reconfortante saber que sua arte e seu legado viverão para sempre."

A galeria de Ulay, Richard Saltoun, também homenageou o artista nas redes sociais. "Ulay era o espírito mais livre de todos –um pioneiro e provocador com uma obra radical e unica na história, operando na interseção entre a fotografia e abordagens conceituais da performance e da arte corporal. Sua passagem deixa um gap momentâneo no mundo -que não será facilmente substituído."

Veja também

"Pinguim": o que esperar da nova série da Max derivada de Batman
Crítica

"Pinguim": o que esperar da nova série da Max derivada de Batman

Projota chora ao falar sobre assalto em casa: ''Era difícil de entender. Parecia um pesadelo''
ASSALTO

Projota chora ao falar sobre assalto em casa: ''Era difícil de entender. Parecia um pesadelo''

Newsletter