ARTES VISUAIS

Mostra do pernambucano Montez Magno inaugura nova sede da Galatea, em São Paulo

''Montez Magno: entre Morandi, Nordeste e Tantra'' é a união de elementos da cultura popular nordestina com representações geométricas e autorais 

Obras de Montez Magno da série Barracas do Nordeste estão presentes na mostra Obras de Montez Magno da série Barracas do Nordeste estão presentes na mostra  - Foto: Divulgação

A mostra ''Montez Magno: entre Morandi, Nordeste e Tantra'', do artista pernambucano Montez Magno (1934-2023), na próxima quinta-feira (29), será a primeira na nova sede da galeria Galatea, em São Paulo. A exposição traz obras de Montez que fundem elementos da cultura popular nordestina com representações geométricas e autorais. 

''Montez Magno: entre Morandi, Nordeste e Tantra'' tem curadoria de Tomás Toledo e texto crítico da exposição escrito por Clarissa Diniz, curadora, pesquisadora e uma das responsáveis por divulgar o trabalho de Montez nos últimos anos. Ela faz uma análise sobre a influência do pintor italiano Giorgio Morandi no trabalho do pernambucano. 

Além disso, o ensaio de Diniz integra o livreto da exposição. Nele será possível ter acesso a reedição inédita de um ensaio publicado por Montez em 1978, intitulado ''A forma popular construtivista''. As ideias defendidas no texto do artista se materializam na série Barracas do Nordeste (1972-1993), um dos pilares da exposição.

''No encontro de Montez com [Giorgio] Morandi, o pernambucano elaborou percepções que se tornaram definidoras de parte significativa de suas concepções poéticas, estéticas e políticas acerca da prática artística. Magno compreendeu que o caráter contemplativo da arte acontecia também para além da geometria ou da construção'', disse Clarissa. 

Nova unidade
Inaugurada há pouco mais de dois anos, em junho de 2022, a Galatea anuncia sua expansão com a abertura de mais um espaço em São Paulo. A nova sede da galeria está instalada em uma construção icônica da arquitetura brutalista: o Edifício Thais, localizado na Rua Padre João Manuel, nos Jardins. 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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Nessa unidade, 30 obras estão expostas, três pinturas da série Morandi (1964/1972/2000) e trabalhos abstratos criados tanto no período inicial de sua produção, como a pintura Abstração Geométrica (1957), quanto em sua maturidade, como a série Teares de Timbaúba (1979-1998), além de uma seleção de obras em torno das práticas e investigações conceituais, textuais e cartográficas de Montez.

Como a mostra se divide em dois eixos e ocupa os dois espaços da Galatea, na Rua Oscar Freire estão concentradas as pinturas de grande formato, pouco exploradas em exposições recentes do artista. São 22 trabalhos que se baseiam em tradições estéticas alternativas a paradigmas eurocentrados, dialogando com o que o artista chamou de “arte popular geométrica”. 

Este eixo inclui obras das séries Barracas do Nordeste e Portas de Taquaritinga (1983), além de peças que refletem o interesse de Montez pelo zen-budismo e hinduísmo, como a série Tantra (1963-2006).

''Montez Magno é uma artista que se define por sua polifonia. Sua produção artística e intelectual altamente sofisticada, que misturava referências eruditas e populares, por muito tempo foi marginalizada pelo meio artístico sudestino, e agora passa a ganhar o merecido destaque, como foi visto em sua individual na pinacoteca do São Paulo em 2023. A exposição Montez Magno: entre Morandi, Nordeste e Tantra, que ocorre nos dois espaços da Galatea em São Paulo, apresenta e celebra justamente toda a polifionia e multiplicidade do artista'', expressou o curador Tomás Toledo. 

''Morandi, Nordeste e Tantra''
O título da mostra faz referência tanto a séries de trabalhos que são apresentados quanto a três universos que compuseram o imaginário de Montez Magno. Há as pinturas que partem da admiração de Montez pelo pintor italiano Giorgio Morandi (1890-1964) e que representam a sua prática de comentar outros artistas e de citar as vanguardas europeias. 

 Há o Nordeste, referência ao seu contexto de vida e à série Barracas do Nordeste (1972-1993), baseada nas geometrias vernaculares. Por fim, Tantra, referência a um conjunto de trabalhos que exploram com originalidade o universo da filosofia tântrica e os ensinamentos de matrizes de pensamento não ocidentais.

''Montez Magno: entre Morandi, Nordeste e Tantra'' ainda apresenta duas propostas diversas no âmbito da expografia: na Oscar Freire, as pinturas de grande formato são fixadas em estruturas que se inspiram nas criações dos arquitetos e designers italianos Franco Albini, Carlo Scarpa e Lina Bo Bardi. Já na unidade da Padre João Manuel, o ambiente convida a uma experiência intimista, e a expografia de caráter mais convencional permite que a arquitetura brutalista da nova unidade da galeria sobressaia.

Sobre o artista
Montez Magno nasceu no município de Timbaúba, mas mudou-se com a família para Recife, Pernambuco, ainda em 1934. Entre 1940 e 1942, estudou no Grupo Escolar João Barbalho. Em 1950, escreveu seus primeiros poemas e, em 1954, ingressou na Escola de Belas Artes do Recife, onde realizou o curso livre de paisagem e desenho artístico ministrado por Mário Nunes (1889-1982). 

Em 1957, mudou-se para Olinda, onde estabeleceu seu ateliê na Rua de São Bento, 358. Aproximou-se do artista Aloísio Magalhães (1927-1982) e realizou sua primeira exposição individual na galeria do Instituto dos Arquitetos do Brasil, em Recife. Em 1959, integrou o grupo de artistas da 5ª Bienal de São Paulo, no MAM-SP.

O artista também estudou litografia com o desenhista e gravador Darel Valença (1924-2017). Montez viajou para Madri, na Espanha, através de uma bolsa de estudos concedida pelo Instituto de Cultura Hispânica de Madri. Com isso, teve a oportunidade de conhecer vários países da Europa, entre eles a Itália, que visita em 1964 tanto para apreciar a Bienal de Veneza quanto para seguir o rastro de Giorgio Morandi na cidade de Bolonha.

Em 2011, em comemoração aos 55 anos de carreira de Montez Magno, o Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães — MAMAM, no Recife, realizou uma retrospectiva de sua obra que abarcou 150 trabalhos entre desenhos, pinturas, gravuras, poesias visuais, objetos, fotomontagens, livros, instalações, performances e música. 

Suas obras podem ser encontradas em diversas coleções permanentes, tais como: Museu de Arte do Rio — MAR, no Rio de Janeiro; Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães – MAMAM, em Recife; Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo — MAC USP, em São Paulo; e Pinacoteca de São Paulo.

SERVIÇO:
Abertura da mostra ''Montez Magno: entre Morandi, Nordeste e Tantra''

Quando: 29 de agosto, 18h
Onde: Galatea - Rua Padre João Manuel, 808, Jardins, São Paulo – SP / R. Oscar Freire, 379 – Jardim Paulista – São Paulo - SP, 01426-001
Período expositivo: 29 de agosto a 21 de setembro
Horários: Segunda à quinta das 10h às 19h | Sexta das 10h às 18h | Sábado das 11h às 15h 
Mais informações no site 

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