CINEMA

"Motel Destino": após estreia em Cannes, filme brasileiro chega aos cinemas

Longa-metragem de Karim Aïnouz é um thriller erótico protagonizado por Fábio Assunção, Iago Xavier e Nataly Rocha

"Motel Destino" estreia nos cinemas"Motel Destino" estreia nos cinemas - Foto: Divulgação

“Motel Destino” estreia nesta quinta-feira (21) nos cinemas brasileiros, após levar o calor do Nordeste ao Festival de Cannes, em maio deste ano. O novo filme de Karim Aïnouz marca um reencontro entre o cineasta cearense e sua terra natal nas telas.

Diretor de filmes como “Madame Satã” (2002) e “A Vida Invisível” (2019), Karim mora em Berlim há 14 anos e vem trilhando uma carreira cada vez mais internacional. No ano passado, lançou “Firebrand”, seu primeiro filme falado em inglês, e em breve começará a filmar “Rosebushpruning”, com nomes como Kristen Stewart e Elle Fanning.

“Motel Destino” é o primeiro filme do diretor inteiramente rodado no Ceará desde “O Céu de Suely” (2006). O longa foi gravado no ano passado, mais precisamente em Beberibe, a 80 quilômetros de Fortaleza.
 

Em entrevista à Folha de Pernambuco, Karim Aïnouz revela que chegou a acreditar que não mais voltaria a produzir um trabalho no Brasil. “Achei que o bonde tinha partido, sido sequestrado pela milícia e que a gente nunca mais poderia entrar nele”, comenta o cineasta, em alusão à situação política do País até 2022. “Então, o filme carrega, de fato, uma sensação de nostalgia, de um lugar que eu achei que eu tinha perdido”, continua.

Triângulo amoroso
A trama acompanha Heraldo, interpretado pelo estreante Iago Xavier, que se esconde em um motel de beira de estrada para escapar de um grupo de criminosos. Ele acaba se envolvendo com a dona do lugar, vivida por Nataly Rocha, casada com o explosivo Elias, papel que cabe ao experiente Fábio Assunção.  

“Esse personagem [Heraldo] representa a juventude em geral, que está sendo perseguida, assombrada por uma falta de perspectiva absurda, por uma espécie de abismo que foi desenhada nos últimos seis anos no Brasil”, explica Karim.

Em contraponto, o personagem de Fábio Assunção - um ex-policial carioca que abre um motel no Ceará - representa a decadência de “um homem branco do Sudeste” que, com sua visão “colonizadora”, aprisiona a esposa em um relacionamento abusivo.  

A partir do triângulo amoroso que é formado, jogos perigosos de desejo, poder e violência são vivenciados pelos personagens, escancarando problemáticas estruturais da sociedade brasileira. Cresce o clima de suspense e terror psicológico dentro da trama, que se desenvolve como uma espécie de thriller erótico.

Erotismo em cena
Tudo na enredo ocorre tendo como ambientação principal um cenário pouquíssimo explorado pelo cinema. Karim explica sua escolha: “A pergunta que eu faço é: ‘Como nunca fizeram um filme em um motel antes?’. É um lugar que passa uma energia de que tudo pode acontecer: a euforia, a alegria, mas também a morte. É também uma citação a outros filmes que serviram de inspiração, como ‘Psicose’”, aponta.

As escolhas estéticas de “Motel Destino” saltam aos olhos e ouvidos, com suas cores saturadas, paisagens litorâneas, gemidos constantes, dancinhas e forró cearense na trilha sonora. “Eu falo que é um filme em 5D, porque ele tem cheiro e temperatura, ou, pelo menos eu espero que tenha”, diz.

Sobre o erotismo tão presente no longa, Karim afirma que ele existe mais “como um exercício de liberdade”. “A gente entrou numa toada muito conservadora nos últimos anos. Essas cenas no filme vêm como um jeito de dizer: ‘Gente, está tudo bem. É só sexo. Não é nada demais’. É um elemento tão importante na vida da gente e o cinema é um terreno fértil para o erótico, o corpo e o desejo”, dispara.

Por outro lado, o diretor preferiu não colocar em evidência cenas violentas na obra. “Acho interessante pensar em como o filme mostra a violência sem colocar em cena os atos violentos, ao mesmo tempo em que filma a vida retratando o ato de celebração à ela, que é o sexo”, observa. 

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