santa catarina

Mulher detida por topless relembra caso: "Como pode o corpo de uma mulher ser considerado obsceno?"

Carol Werner foi algemada em Balneário Camboriú por caminhar com os seios expostos, e cita "julgamento da sociedade"

Mulher é abordada por guardas municipais após fazer topless em SC Mulher é abordada por guardas municipais após fazer topless em SC  - Foto: Reprodução

Há seis meses, a modelo e empresária Carol Werner teve o rosto (e os seios) estampados no noticiário nacional depois de ser detida por guardas municipais de Balneário Camboriú (SC) enquanto caminhava com os seios expostos, passeando com cachorros, na orla da Avenida Atlântica. O caso segue na Justiça ainda hoje, e Carol move uma ação contra o estado de Santa Catarina — por abuso de autoridade —, exigindo uma compensação pelos danos morais que lhe foram causados.

"Assim como várias outras mulheres, fui mais uma vítima da nossa sociedade patriarcal, machista que oprime as mulheres e através do uso da força ou de algemas no caso, buscam nos calar" afirma ela, ao Globo. "Como pode o corpo de uma mulher ser considerado obsceno? Como pode uma mãe ter que recolher-se para poder amamentar seu filho em paz sem que seja julgada ou desejada mesmo em um ato tão puro e natural. Passou da hora de esse ser um tema de debate em nossa sociedade".

Conforme apurado pelo Globo à época, a empresária e modelo foi detida por desacato à autoridade e não pelo ato de fazer topless. Segundo a Polícia Civil, a mulher alegou que estava apenas passeando com seus cachorros. O crime de ato obsceno, previsto no artigo 233° do Código Penal, tem como pena detenção de três meses a um ano ou multa.

"O que aconteceu comigo, o abuso de autoridade e o julgamento por parte da sociedade, demonstram como a própria interpretação da lei reflete condutas de gênero ditadas pela cultura patriarcal, violenta, em relação ao controle dos corpos femininos" defende-se ela hoje. "Por ser mulher e por ter seios com formas ligeiramente diferentes, eu fui presa. Há uma clara reiteração do controle dos corpos femininos por meio da criminalização. Uma forma perversa de reforçar a pedagogia do recato dirigida à mulher para repressão, hipocritamente em um país que historicamente vende corpos femininos nus, em seu maior evento cultural, o carnaval".

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