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MUSEU DO AMANHÃ

Museu do Amanhã ganha o sotaque pernambucano do novo diretor Cristiano Vasconcelos

Aos 33 anos, pernambucano assume função em um dos maiores museus do País, e encara os desafios com o "tamanho da coragem que o pernambucano tem"

Pernambucano Cristiano Vasconcelos, diretor-executivo do Museu do AmanhãPernambucano Cristiano Vasconcelos, diretor-executivo do Museu do Amanhã - Foto: Albert Andrade

A primeira troca foi sobre ‘ser um Leão do Norte’, em diálogo rapidamente captado após um “Prazer, sou Germana, da Folha de Pernambuco”.

À parte dos cumprimentos formais, a prosa decerto seguiria alimentada pela vaidade de encontrar em terras cariocas um conterrâneo da Terra dos Altos Coqueiros.

Mas havia uma coletiva prestes a começar sobre uma exposição prestes a ser aberta para a imprensa e, portanto, não havia mais tempo de alternar amenidades sobre o jornalismo de lá e de cá, sobre o saudosismo do Bairro do Recife e/ou sobre o fervor do Frevo na capital do samba.

O diretor-executivo do Museu do Amanhã, o pernambucano Cristiano Vasconcelos, precisava sentar para anunciar “Sonhos - História, Ciência e Utopia”, a exposição imersiva que atravessa o sonho, em devaneios que passeiam sob perspectivas diversas - quase, talvez, como as que o jovem de 33 anos guarda do seu presente (e futuro) no museu da Praça Mauá, no Rio de Janeiro.
 

Exposição no Museu do Amanhã fica em cartaz até abril deste anoExposição "Sonhos - História, Ciência e Utopia" | Crédito: Albert Andrade

“Chegar ao Museu do Amanhã, tem umas coisas bem simbólicas: sou um cara de 33 anos, jovem mas com uma trajetória no poder público que valida ter um entendimento da máquina e de gestão”, justifica Cristiano.

Museu do Amanhã fica localizado na Praça Mauá, Região Portuária do Rio de JaneiroMuseu do Amanhã, Rio de Janeiro | Crédito: Germana Macambira/Folha de Pernambuco

Antes da diretoria no Museu, já no Rio ele esteve à frente da implementação do Instituto Inclusartiz para, na sequência, assumir como diretor de Governança do Instituto de Desenvolvimento e Gestão (IDG) - e mais recentemente, assinar como diretor-executivo do museu, um dos equipamentos geridos pelo Instituto, assim como o é o Paço do Frevo, no Recife. 

Um recado
“Quando a direção da instituição resolve chamar um jovem, nordestino, gay (...) acho que é um recado".

De fato, é um recado de representatividade e em frentes diversas, inclusive de integrar o ainda (e lamentável) percentual ínfimo de tão somente ter 0,3% de pessoas LGBTQUIA+ à frente de cargos de liderança em todo o mundo, de acordo com a Human Rights Campaign Foundation.

A organização, americana, atua em favor dos direitos civis e da igualdade das pessoas, com um dos motes pautados na liberdade de que estas pessoas viva sua  liberdade sem medo.

E no IDG, o pernambucano Cristiano Vasconcelos é um representante desta máxima.

Público como termômetro
Mas, pensando que o “desafio é do tamanho da coragem que o pernambucano tem”, leia-se: imensa e infinda, os planos do diretor-executivo do equipamento cultural carioca vai além da missão de cumprir tarefas protocolares, uma vez que o público (as pessoas) são - ou ao menos deveriam ser - termômetros fundamentais para o (bom) funcionamento de um espaço pensado pela/para a arte.

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“O legado que eu quero deixar aqui é de continuidade do que deu certo. O Museu do Amanhã deu certo. Têm ajustes de rota para fazer, melhorias, não tem invencionice, não sou adepto”, ressalta Cristiano, complementando que o grande legado é deixar a instituição mais forte do que quando ele chegou.

E já que o alinhavar destas linhas veio a partir de sonhos, com assente na exposição que dá início às celebrações de uma década de Museu do Amanhã, qual é, afinal, o sonho deste nordestino para os próximos dez anos do equipamento cultural?

“(...) que os artistas estejam mais próximos do Museu. E que esse espaço seja consumido como lazer de final de semana, como lugar de educação, de levar a família”, deseja Cristiano Vasconcelos.

Inconteste admirador do País Pernambuco, por agora ele está habitante de um Rio de Janeiro enriquecido pela essência de um ‘caba da peste’ que sabe que o “Recife está longe”, mas que segue dentro de si, tal qual cantou Antonio Maria (1921-1964) em sua saudade dos passistas traçando tesouras, das batidas de bombos e das ruas repletas (de cá).

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