Museu em Marselha, na França promove visitação de naturistas em exposição sobre nudez
Mostra em Marselha atrai visitantes para experiência de aceitação corporal e destaca movimento cultura
Um grupo de visitantes escutava atentamente seu guia na última sexta-feira, em um dos maiores museus de Marselha, no sul da França. Uma mulher analisava pôsteres antigos com cores vibrantes, enquanto outra examinava fotografias em preto e branco. Todos estavam nus, exceto pelos sapatos.
Os visitantes estavam no Museu das Civilizações da Europa e do Mediterrâneo (Mucem) para participar de uma exposição sobre o nudismo social, que seus praticantes chamam de naturismo.
De acordo com o museu, cerca de 100 mil pessoas visitaram a mostra desde julho. Em cinco eventos especiais, aproximadamente 600 visitantes estiveram completamente sem roupas.
Enquanto alguns eram naturistas habituais, outros estavam experimentando a nudez em público pela primeira vez. Para esses, era uma forma inédita de interagir com seus corpos e com a arte.
— Normalmente, os corpos são tão sexualizados. Gostei da ideia de estar em um lugar onde ser nu é apenas normal — disse Jule Baumann, de 27 anos.
Naturismo
A exposição, intitulada “Paraísos Naturistas”, apresenta o desenvolvimento do naturismo na Europa, desde suas origens como um movimento de saúde social até sua incorporação à positividade corporal. A mostra inclui revistas antigas, fotografias em preto e branco, vídeos, pinturas e textos explicativos.
Para muitos naturistas, a exposição é uma forma de validação.
— Estamos constantemente tentando racionalizar, justificar e explicar isso — afirmou Stéphane Deschênes, presidente da Federação Internacional de Naturismo.
Na última sexta-feira, o evento final com nudez ocorreu antes do encerramento da mostra, previsto para 9 de dezembro. Os visitantes chegaram após o horário regular e, no local, se despiram em um vestiário improvisado.
— Se posso vir aqui nu, com outras pessoas nuas? Combina com o clima — disse Xavier Cassagne, naturista há muito tempo.
Apesar da nudez, os sapatos eram obrigatórios, e muitos visitantes usavam acessórios como bolsas, chapéus e colares.
Leia também
• Exposição no Museu do Estado celebra os 80 anos de José de Moura
• Museu do Imip celebra 14 anos; confira datas e horários de visitação
• Rússia ordena fechamento do famoso museu do Gulag em Moscou
França
Embora o naturismo tenha raízes fortes na Alemanha, a França é considerada o principal destino para turistas naturistas, segundo a Federação Francesa de Naturismo. Estima-se que cerca de dois milhões de turistas naturistas visitem o país anualmente.
— Há também essa noção de que a França é um lugar de liberdade — comentou Stephen Harp, historiador e autor de um livro sobre o tema.
Apesar dessa imagem libertária, os naturistas insistem que sua prática não é sexual.
— Olhar para uma garota completamente nua não é excitante. É entediante — afirmou Éric Stéfanut, diretor de comunicação da Federação Francesa de Naturismo.
Aceitação
Os visitantes da exposição representavam uma diversidade de corpos, desde tatuagens e piercings até cicatrizes de cesariana.
— Todo mundo está agindo normalmente. Então eu também posso agir normalmente — disse Kaja Baumgart, de 22 anos, sobre a experiência.
Após o evento, alguns líderes do naturismo se reuniram na casa de Stéfanut para confraternizar. Entre conversas sobre cirurgias e férias, eles demonstraram o que a filosofia naturista preza: conforto consigo mesmos e com os outros.