"Música para morrer de amor" mostra os desencontros de jovens apaixonados
Filme de Rafael Gomes é baseado na peça "Música para cortar os pulsos", que completa dez anos
Após exibições em cinemas drive-ins de algumas capitais, “Música para morrer de amor” chega hoje às plataformas digitais NOW, Vivo Play e Oi Play. Como no poema “Quadrilha”, de Carlos Drummond de Andrade, os personagens do novo filme do diretor Rafael Gomes vivem um emaranhado de sentimentos desencontrados. Ricardo (Victor Mendes) ama Felipe (Caio Horowicz), que se apaixona por Isabela (Mayara Constantino), que não consegue esquecer o ex-namorado.
O longa-metragem é baseado na peça “Música para cortar os pulsos”, também escrita e dirigida por Rafael. O espetáculo, que recebeu diversos prêmios e viajou o Brasil, completa uma década em 2020. “Essa história é um reflexo da minha vontade de retratar o que é estar no mundo no sentido emocional. O filme vem ampliar esse desejo, já que o cinema possibilita outros mergulhos. Diferente do teatro, ele não depende da nossa presença como artistas. A obra vai mais longe, porque consegue ir sozinha”, afirma o cineasta.
Na peça teatral, a história era contada através de três monólogos e os protagonistas não se encontravam no palco. Com o longa-metragem foi possível dar vida a personagens que antes só eram citados. O enredo também precisou acompanhar as mudanças sofridas pela sociedade ao longo de dez anos. “Notavelmente, de 2010 para cá, o que mudou muito foi o papel da tecnologia como mediadora das relações. A nossa existência através das redes sociais e do smartphone passou a ser determinante na maneira como a gente ama e conhece as pessoas. Isso, de alguma maneira, precisou ser incorporado ao filme”, comenta.
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Na escalação do elenco, o filme importou dois dos atores da peça: Mayara e Victor, que repetem seu papéis no teatro. Já Caio Horowicz - conhecido pelas séries “Hebe” e “Boca a boca” - é uma adição ao trio de protagonistas. Também estão em cena Denise Fraga, como a mãe de Felipe, Suely Franco, interpretando a avó de Isabela e Ícaro Silva, no papel do ex-namorado, além de outros nomes. Também há participações especiais de vários cantores, como Milton Nascimento, Fafá de Belém, Maria Gadu, Mauricio Pereira e Clarice Falcão.
A música é um elemento central para a produção. São canções como “Partilhar”, “Como dois e dois” e “Maior abandonado” que embalam os momentos de maior intensidade emocional da trama. “O nosso diretor musical, Marcus Preto, ajudou a dar esse contorno sonoro. Foi ele que trouxe a ideia da participação dos músicos presentes no filme, o que traz para a trilha sonora uma camada para além da auditiva. A gente quis que a música estivesse visualmente presente e interferisse na cena”, explica.
Depois de passar por alguns festivais, como o Festival de Cinema LGBTQ+ de Nova York e o Festival de Brasília, o longa estava previsto para entrar no circuito das salas comerciais de cinema em junho. Por causa da pandemia do novo coronavírus, os planos foram alterados. Para o diretor, no entanto, esse pode ser um bom momento para o filme vir a público. “Todo mundo está muito carente do contato e esse é um longa que fala de encontro, suor, beijo, saliva, aglomeração e festa. Ele pode ser esse abraço de quarentena, um bálsamo de isolamento. É a possibilidade de rever tudo aquilo que a gente está com saudade”, aponta.
Depois de ganhar os palcos e as telas de cinema, a criação de Rafael Gomes pode ainda virar série. Esse é um desejo que o diretor alimenta, mas que ainda não tem previsão para sair do papel. “O projeto existe. Só que, diferentemente de um filme, a produção de uma série precisa ser encomendada por um canal de TV ou um serviço de streaming. Estou aguardando, mas seria um prazer poder continuar contando essa história”, diz.