Música

Músico pernambucano lança clipe sobre um mundo sem Carnaval

Sergio Gaia transformou em arte as reflexões diante da pandemia

Sergio Gaia compôs a música no fim de 2020Sergio Gaia compôs a música no fim de 2020 - Foto: Rafael Cacau/Divulgação

“Um mundo sem Carnaval”. Esse é o mote da nova canção do músico pernambucano Sergio Gaia. Natural do Recife, ele transformou em arte as reflexões sobre a pandemia, que impediu, por motivos óbvios de segurança, a realização da festa mais popular do Brasil.

Em "Ladeira do fim do mundo", nome que batiza a nova música, podemos ouvir os pensamentos de quem tenta se adaptar a uma nova realidade. A canção foi lançada neste domingo (7), nas plataformas digitais.

“Ladeira do fim do mundo faz parte de uma série de canções surgidas no ano passado, todas muito influenciadas pelo contexto da pandemia, inclusive nos temas. Com a proximidade do Carnaval, foi inevitável que esse sentimento de vida suspensa e de Carnaval suspenso gerasse mais essa canção, que foi feita mais ou menos em novembro ou dezembro de 2020”, explica Sergio. 

Para o compositor, a ideia presente no novo trabalho também se estende para além da época de (não) folia. “O tema veio naturalmente, mas acaba sendo algo para além do Carnaval, referindo-se também a esse contexto de pandemia que aprofundou tanto as diferenças entre as pessoas, seja de pensamento seja de comportamento. Então, todo o contexto de distanciamento e ruptura social, também nesse sentido da ‘mentalidade’, está presente na música”, disse. 

Na semana seguinte ao lançamento da música, vai ao ar, no dia 14, o clipe gravado no Vale do Catimbau, que fica entre o Agreste e o Sertão pernambucanos. Sob a direção de Miguel Gaia, irmão do músico, a produção conta com a participação da artista Milla Andrade e traz elementos caraterísticos da cultura do estado, como a La Ursa, um dos personagens mais famosos do Carnaval local.

Segundo o artista, o cenário rochoso do Vale foi fundamenta para encontrar a estética que o vídeo pedia. “A primeira coisa que nos veio à mente foi que a personagem deveria estar perdida num planeta ermo, como se fosse extinto, para acompanhar a temática da letra. Daí meu irmão, o diretor Miguel Gaia, deu a ideia da personagem estar vestida de La Ursa. Sacamos na hora como isso iria parecer surreal e diferente, uma La Ursa perdida num mundo sem Carnaval, encontrando e interagindo pelo caminho com objetos que lembram o Carnaval perdido. Dessa ideia veio a definição no figurino, uma espécie de La Ursa do espaço, e da locação principal, o Vale do Catimbaiu, com aqueles cenários rochosos que mais parecem outro mundo mesmo”, comentou. 


Clipe foi gravado no Vale do Catimbau

A proposta, aliás, também reuniu a paixão do grupo pelo cinema. “Tivemos a ideia de fazer algumas homenagens a um de nossos filmes futuristas preferidos: 2001 Uma Odisseia no Espaço, de Stanley Kubrick. Essas homenagens aparecem em algumas cenas que serão percebidas facilmente. Isso acrescentou um viés meio cômico ao vídeo que ficou muito legal. Tem ainda algumas poucas cenas em estúdio, com uma linda participação de Milla Andrade, do Afoxe Oxum Panda, e mais uma cena final que não foi no Catimbau”, contou, afirmando que o fim do clipe deve surpreender os fãs.

Quem também assina a coprodução do projeto é o fotógrafo Rafael Cacau, que reflete sobre o universo distópico presente na canção. “Como seria justamente um mundo onde não teria o Carnaval? A ideia foi pensar como seria um mundo distópico. Viver no Recife, nesse período onde não há Carnaval, onde o Carnaval está suspenso”, reforçou.

Ele também destacou a junção entre o rock e outras raízes da musica pernambucana. “Sérgio canta um rock indie mas você também vai ver muitos elementos na música dele que tem Pernambuco junto. Então, é um maracatu, é uma percussão de frevo. É bem curioso a forma como ele mistura a canção pernambucana com o rock”.

Para o compositor, por sua vez, “Ladeira do fim do mundo” pode aguçar o saudosismo do público. “A gravação tem a participação de Marco Melo em algumas guitarras, além de ele ter mixado a música, e de Cláudio Rabeca, dando um brilho todo especial ao som. Acho que a canção vai despertar uma nostalgia não apenas da vida pré-pandemia, mas também da união que o Carnaval representava, quando ainda não nos sentíamos tão divididos. Acho que esse é o contexto social e político por traz do tema principal, e que talvez também seja sentido pelas pessoas. Então, talvez a principal coisa da canção seja menos passar uma mensagem e mais despertar sensações provocadoras”, analisou Sergio Gaia.

 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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