Na crise, Globo vai usar todos os canais do grupo em grade única
Diretor da TV Globo garante que a grade de 2021 será uma das mais "diversificadas e potentes" que já testemunhou
Com a crise econômica intensificada pela crise sanitária, a indústria da TV pisa no freio e reduz gastos. A Globo não foge à regra, mas se viu calçada num planejamento oportuno para apresentar uma grade de programação robusta no ano que vem, graças à união com os canais pagos do grupo e seu serviço de streaming, o Globoplay, num modelo batizado como "Uma Só Globo", em prática desde o início deste ano.
Disponíveis só para assinantes no Globoplay, as séries "Arcanjo Renegado" e "Todas as Mulheres do Mundo" vão ao ar na Globo no primeiro trimestre de 2021, ano em que a emissora pretende apostar alto na produção de um remake de "Pantanal", novela da extinta Manchete feita em 1990.
O diretor da TV Globo, Amauri Soares, diz que a emissora não teria orçamento para realizar sozinha todas as produções. Bom vendedor, ele garante que a grade de 2021 será uma das mais "diversificadas e potentes" que já testemunhou como responsável pela programação, desde 2013.
É verdade que alguns sacrifícios vêm sendo feitos para preservar a maestria das novelas, e isso vai bem além do enxugamento da folha de pagamentos de artistas que tiveram contratos encerrados.
Há 25 anos no ar, "Malhação" deixará de ser produzida. Já que a reprise atual invadirá metade de 2021 e a audiência é satisfatória, optaram por redirecionar os recursos que seriam gastos numa safra inédita, adiada para 2022.
Questão de custo-benefício, argumenta o diretor, que defende a maestria das novelas das sete e das nove, "intocáveis" em seus orçamentos. Para a faixa das 18h, a produção de "Nos Tempos do Imperador", de Thereza Falcão e Alessandro Marson, tampouco é modesta, e traz Selton Mello como dom Pedro 2º.
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Quanto a "Pantanal", a diretora de Desenvolvimento e Acompanhamento Artístico, Mônica Albuquerque, diz que "cada dia parece que a probabilidade de filmar lá está mais segura". Uma equipe da emissora irá até o Pantanal na próxima semana para confirmar a viabilidade da realização da novela e a escolha de locações. Segundo ela, a decisão de produzir a história de Benedito Ruy Barbosa neste momento, mais de 30 anos após a Globo ter recusado o projeto, é uma conjunção de fatores.
Só no fim do ano passado o autor recuperou plenos direitos sobre a obra, envolvida em pendências jurídicas com a massa falida da TV Manchete. Além disso, a emissora não traz o cenário rural ao horário nobre desde "Velho Chico", de 2017, e o momento é oportuno para um enredo que aborde meio ambiente. "Pantanal" deve estrear em outubro.
Em março, a Globo termina de exibir "Amor de Mãe", de Manuela Dias, e em abril estreia "Um Lugar ao Sol", de Lícia Manzo, na faixa das 21h. No horário das sete, "Salve-se Quem Puder", de Daniel Ortiz, será sucedida por "Quanto mais Vida Melhor".