Na Mata Norte, é "Claro que Tem" cultura
Projeto contextualiza diversidade cultural na Zona da Mata do Estado, assim como no Agreste e no Sertão
“É para pensar um pouco nisso... de que Agreste, Sertão e Zona da Mata de Pernambuco, além de cenário para tantas obras devem ser vistas também como regiões protagonistas em suas narrativas no cinema”.
É o que deseja Caio Dornelas, cineasta e um dos convidados do projeto “Claro que Tem”, encontro que reúne entusiastas de música, audiovisual e de manifestações culturais da Zona da Mata Norte do Estado em lives que pretendem reverberar debates sobre a importância da cadeia produtiva em regiões distantes do núcleo das “cidades grandes”.
Idealizado pelo artista goianiense Lucas Torres, junto a Ilton Ferreira (da Alcalinas Brisadas), o projeto, veiculado na web nos anos de 2015 e 2016 ganha sua versão online em 2020 com a primeira temporada sempre às terças e sextas-feiras, às 20h, no canal do Alcalinas no YouTube.
Leia também
• Lívia Falcão e Mestre Mauricio Soares no "Festival Arte como Respiro - Edição Cênicas"
• Circuito Cultural de Pernambuco estreia em versão digital
• Entre ladrilhos seculares e modernidade, Teatro do Parque está quase pronto para reabrir
Hoje, por exemplo, Dornellas, que também é artista de Goiana, se junta a André Pina, de Carpina, para debater sobre o tema “Luz, Câmera, Ação! Cinema Política e Ativismo: O Povo na Tela”.
“Vamos levar um pouco dessa textura cinematográfica, da cor e da linguagem que está emergindo fora da Região Metropolitana. Temos realizadores importantes e que precisam sair do campo da experimentação para serem vistos em suas autoexpressões”, complementa o cineasta.
De acordo com Lucas Torres “a ideia principal sempre foi disseminar o fazer artístico e cultural oriundo da Região da Mata Norte, berço da cultural popular e de tantos artistas com as mais variadas estéticas e provocações”.
Ainda segundo o artista, um dos expoentes do cancioneiro autoral pernambucano, e que vai mediar todas as lives da temporada, o formato virtual vem para atender a uma situação emergencial de artistas, fomentadores e brincantes.
“Festivais independentes, projetos culturais, espetáculos, toda uma cadeia prejudicada e pessoas passando por necessidade. Sabemos que não temos braço para abarcar toda a situação, mas a mínima ação que seja, já se traduz em um ato de resistência”.
Fechada em doze encontros virtuais – o primeiro deles realizado na última terça-feira (25), com Sam Silva, Mery Lemos (Anilina Produções) e Elayne Bione (Planeas) - o “Claro que Tem” vai explorar a diversidade artística de brincantes como os caboclinhos, grupos folclóricos que têm a cidade da Mata Norte como nascedouro.
Ao lado do historiador Francisco Marcolino e da antropóloga Maria Acselrad, David Borges integra o debate marcado para a sexta-feira dia 11 de setembro, em live que encerra a programação do projeto e traz à tona o questionamento: “Goiana, Terra dos Caboclinhos. Identidade em Xeque: Resistência ou Saudosismo?”.
“Os Caboclinhos em Goiana ensaiam nas ruas da cidade, da mesma forma um ensaio de Maracatu em Nazaré ou um Coco de Roda em Arcoverde. Quando há retirada dessas manifestações de seus lugares, elas vão perdendo o sentido de serem aquele ‘canal’ de reivindicação e defesa de noções políticas e também de modos de sentir, pensar e agir no mundo, para ser uma atividade de entretenimento cujo objetivo é o dinheiro”, explana David, adiantando em parte o conteúdo que será levado para a live.
Juliano Holanda, Valfrido Santiago, Enoo Miranda, Ezter Liu, entre outras personalidades que fazem a cultura da Região, também integram as lives do projeto.
Programação da 1ª temporada:
LIVE 02 – sexta, 28/08
“Luz, câmera, ação! Cinema, política e ativismo: o povo na tela”
Com Caio Dornelas (9Oitavos Produções), André Pina (Moenda Filmes) e Eva Jofilsan (Espiral Filmes)
LIVE 03 – terça, 01/09
“Festivais independentes: desafios para a difusão da arte na Região”
Com Edson Luna (Festival Trilhos Urbanos - Carpina) , Maylson Visionário (Colere Festival - Paudalho) e Sid Batera (Tipóia Festival - Tracunhaém)
LIVE 04 – sexta, 04/09
“Como nasce uma canção? Composição: inspiração x ofício”
Com os músicos e compositores Juliano Holanda, João Paulo Rosa e Valfrido Santiago
LIVE 05 – terça, 08/09
“O som e a palavra, das margens ao centro: uma revolução social através da arte.”
Com o rapper/músico RT e os poetas Enoo Miranda e Geisiara Lima
LIVE 06 – sexta, 11/09
“Goiana, Terra dos caboclinhos. Identidade em xeque: resistência ou saudosismo?”
Com os historiadores Francisco Marcolino e David Borges e a antropóloga Maria Acselrad