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Nascida na Ucrânia, Miss Japão renuncia à coroa após suposto caso com homem casado

Relacionamento polêmico e debates raciais marcaram curto período de realeza da jovem

Miss Japão renuncia cargo após polêmicaMiss Japão renuncia cargo após polêmica - Foto: Reprodução/Instagram

Nascida na Ucrânia, a atual Miss Japão, Karolina Shiino, renunciou ao título após se envolver em uma polêmica. De acordo com os organizadores do concurso, que aconteceu no mês passado, a vencedora desistiu da coroa após a publicação de uma revista, que afirmou que a Miss estaria tendo um caso com um homem casado.

Antes mesmo da reportagem sobre o suposto relacionamento, a vitória de Karolina já gerava debate a respeito de sua origem. Embora alguns tenham comemorado a coroação da cidadã naturalizada, outros alegaram que ela não representava os ideais tradicionais de beleza japoneses.

De acordo com o tabloide japonês Shukan Bunshun, em uma publicação da última quarta-feira, a Miss estaria namorando um médico casado.

Em um primeiro momento, a organização do Miss Japão refutou a afirmação, alegando que o parceiro de Karolina teria mentido, dizendo ser solteiro. No entanto, a Associação Miss Japão voltou a público para afirmar que descobriu, nesta segunda-feira, que a jovem se relacionou com o homem sabendo que ele era casado e que pediu desculpas pela situação. Após a revelação, a organização aceitou a que ela abandonasse o cargo.

Ela é a primeira Miss Japão naturalizada e a primeira vez que uma vencedora renuncia ao título. O organizador disse que o cargo ficará vago durante o ano.

A agência responsável pela Miss afirmou, em um comunicado publicado em seu site nesta segunda-feira, que o médico inicialmente disse que era solteiro, mas que Karolina continuou o relacionamento mesmo depois de saber que ele era casado. A agência aceitou a oferta da jovem de rescindir o contrato.

Em seu Instagram, a Miss postou uma mensagem nesta segunda-feira, dizendo que ela “foi incapaz de falar a verdade devido à confusão e ao medo”.

Naturalidade japonesa
Filha de ucranianos, Karolina Shiino mudou-se para o Japão aos 5 anos, após o divórcio de seus pais. Sua mãe se casou com um japonês, cujo sobrenome agora é usado por ela. Ela revelou em uma postagem no Instagram em setembro que havia se naturalizado.

Em uma entrevista ao The Japan Times na semana passada, Shiino falou sobre como ela lutou com sua identidade enquanto crescia – que ela parecia diferente de seus colegas de classe e amigos, mas ainda sentia que pertencia ao país

Shiino foi coroada Miss Japão em 22 de janeiro, reacendendo o debate sobre o que significa ser japonês. Durante a cerimônia, ela disse entre lágrimas que se sentia grata por finalmente ter sido aceita como japonesa.

"Durante toda a minha vida, me disseram que não sou japonês o suficiente, tanto direta quanto indiretamente, mas sei que sou. Eu não posso evitar. Ninguém tem o direito de me dizer que não sou" disse ela. "Não acho que seja algo que faça de você um japonês. O que sei é que é uma questão de coração. Se uma pessoa pensa que é japonesa, então ela é".

Debate étnico
Com suas feições caucasianas, a Miss provocou um intenso debate no país. Pode uma mulher europeia ser considerada a mais bonita do Japão? Houve quem disse que sim, é um claro sinal dos tempos e da receptividade local. Outra turma disse que não, afinal a mensagem pode ser lida de forma truncada: a mulher mais linda do país, na verdade, não se parece com a imensa maioria de suas habitantes.

A modelo aprendeu a ler e escrever a língua local com muita fluência, algo que a organizadora do concurso, Ai Wada, frisou à BBC.

Esta coroação acontece quase dez anos depois da de Ariana Miyamoto, a primeira mulher com ascendência africana a vencer o Miss Japão, em 2015. A vitória de Ariana, uma mulher com mãe japonesa e pai afro-americano, levantou questões sobre se uma pessoa com raízes fora do Japão podia ou não concorrer ao prêmio. Agora, a mesma coisa tem acontecido.

"Essa pessoa escolhida como Miss Japão não tem nem mistura japonesa, é 100% ucraniana. Entendo que é linda, mas é o Miss Japão", escreveu uma pessoa no X, o antigo Twitter

Outro comentou: "Se ela fosse metade japonesa, tudo bem. Mas é etnicamente 0%".Others questioned whether choosing the Ukrainian-born model was a political decision.

Houve quem questionasse se isso não passa uma mensagem errada para o mundo, no sentido de que a pessoa mais bonita do Japão não se parece com a maioria das japonesas e, sim, com uma europeia.

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