Logo Folha de Pernambuco

INCÊNDIO

Neta de Valdemar de Oliveira lamenta incêndio em teatro fundado pelo avô: "Me deixou sem esperanças"

Chamas destruíram biblioteca, registros históricos e móveis antigos que estavam no local

Estrutura do Teatro Valdemar Oliveira após ser atingido por incêndioEstrutura do Teatro Valdemar Oliveira após ser atingido por incêndio - Foto: Júnior Soares/Folha de Pernambuco

Um incêndio que teve início na madrugada desta quarta-feira (7) tornou ainda mais distante o sonho de ver o Teatro Valdemar de Oliveira reaberto. Fechado desde 2020, o espaço localizado no bairro da Boa Vista, na região central do Recife, amargava um crescente abandono nos últimos anos, sendo constantemente invadido, depredado e furtado. 

Thiana Santos, neta de Valdemar de Oliveira, fundador do teatro, afirma encarar o acontecimento com uma “tristeza profunda”. “Peço desculpas aos meus ancestrais por não ter conseguido salvar o prédio, que desde a pandemia, obrigado a fechar as portas, começaram a acontecer as invasões e depredações. A impunidade e a impotência diante dos fatos e da falta de apoio público, me deixou sem esperanças”, disse. 

Ex-associada do Teatro de Amadores de Pernambuco (TAP), proprietário do espaço incendiado, Thiana chegou a ocupar o cargo de diretora de patrimônio do grupo. “Mesmo sem experiência, mas munida de muita coragem, fiz o que pude para salvaguardar o teatro”, apontou. 
 

“Perdemos tudo da Biblioteca Samuel Campelo: livros, revistas e boletins, nacionais e estrangeiros, além do mobiliário que foi da biblioteca de Valdemar. Aliás, tudo isso já estava perdido quando roubaram o forro e o teto do teatro”, lamentou Thiana. Ainda de acordo com ela, o acervo histórico do TAP, no entanto, está protegido na sua casa e na da irmã, além de alguns documentos já terem sido entregues para a Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj).

"Tristeza e muita revolta"
A notícia de que o Teatro Valdemar de Oliveira foi atingido pelas chamas gerou reações por parte da classe artística, políticos e ex-frequentadores do espaço. O Grupo João Teimoso e o Movimento Guerrilha Cultural, que protocolaram o pedido de tombamento do equipamento cultural junto à Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), lamentaram o ocorrido por meio de uma nota. 

No texto, os artistas e ativistas culturais afirmam terem recebido a notícia com “tristeza e muita revolta”. “Quando demos entrada na solicitação de tombamento, em dezembro de 2023, alertamos para a especulação imobiliária, com indicativos de que havia interesses no prédio, inclusive com a compra e derrubada da casa de um dos lados do teatro. Desde dezembro estamos acompanhando o processo sem que haja nenhuma devolutiva oficial”, reclamou. 

A abertura do processo de tombamento do Valdemar de Oliveira foi oficializada em setembro do ano passado pela Fundarpe. O TAP, no entanto, informou não haver interesse na ação, alegando que ela implicaria em “um ônus burocrático que pode prejudicar as tratativas em curso e retardar a almejada recuperação e reabertura do Teatro Valdemar de Oliveira”.

Veja também

Academia confirma 'Ainda estou aqui' como elegível ao Oscar
CINEMA

Academia confirma 'Ainda estou aqui' como elegível ao Oscar

"Amor da Minha Vida": série com Bruna Marquezine estreia no Disney+
Streaming

"Amor da Minha Vida": série com Bruna Marquezine estreia no Disney+

Newsletter