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entrevista

No elenco de "Volta por Cima", Juliano Cazarré assume o sotaque e as origens gaúchas

O ator interpreta Jayme, motorista bem-humorado na Viação Formosa

O ator Juliano CazarréO ator Juliano Cazarré - Foto: DIVULGAÇÃO/GLOBO

Juliano Cazarré tem retornado às origens no set de “Volta por Cima”, atual novela das sete. Natural de Pelotas, no Rio Grande do Sul, o ator nunca tinha vivido um gaúcho no vídeo.

Por isso mesmo, o sotaque carregado e as expressões regionais ficaram um pouco contidas ao longo de seus últimos anos na televisão e no cinema.

A trama de Claudia Souto, no entanto, abriu uma pequena brecha para que o ator, mesmo em uma história ambientada no subúrbio do Rio de Janeiro, retomasse um pouco a prosódia gaúcha para compor o divertido Jayme.

“Nunca tinha feito um gaúcho. Espero a vida toda por essa oportunidade. Então, resolvi eu mesmo me dar essa oportunidade. Sugeri para a direção e todo mundo topou. Feliz de viver um gaúcho”, explica.

Motorista na Viação Formosa, Jayme é vizinho da família de Madá, papel de Jéssica Ellen. Embora mais novo que Lindomar, de MV Bill, vivenciou as várias transformações que o transporte sofreu nas últimas décadas. É bem-humorado, gosta de samba e de reunir os amigos.

É apaixonado pela esposa Tereza, vivida por Claudia Missura. Jayme é uma espécie de síndico da rua. Toma conta de todo mundo, mas também gosta de uma fofoca. Após a morte de Lindomar, se aproxima de Osmar, de Milhem Cortaz.

“Jayme é um gaúcho que mora no Rio de Janeiro. Um cara querido e engraçado. Tem aquele tom de novela das sete. Aquele tom a mais, não tem muito naturalismo”, afirma.

P – Em março, você finalizou o trabalho em “Fuzuê”. Como surgiu a oportunidade para “Volta por Cima”?
R – O convite surgiu pouco depois de “Fuzuê”. Quando me fizeram o convite, eu pedi um tempo para pensar. Queria voltar para o horário das nove e também estava querendo fazer mais séries. Não fiz muitas séries na casa. Mas me avisaram que eu ia trabalhar com o Milhem Cortaz e a Isabel Teixeira. Falei na mesma hora: “Beleza. Onde eu assino?”. Eu gosto muito dessa pegada de engatar trabalhos.
P – Por quê?
R – Só vou descansar imagem quando morrer (risos). Os boletos não descansam. Sou um trabalhador como qualquer brasileiro. Tiro duas ou três semanas de férias e já estou pronto para um novo projeto. Acho que, para superar um personagem legal, nada melhor do que outro personagem legal. Venho de uma leva de boa de trabalhos, né? O Alcides de “Pantanal” e, logo depois, um vilão em “Fuzuê”. Agora estou vivendo o Jayme. Adoro sair de casa para fazer novela. Novela se conecta demais com o povo brasileiro. Essa novela das sete é bem popular.
P – Mas você sente falta do horário das nove?
R – Gosto muito de novela das nove, mas novela das sete é bom demais. É um humor gostoso de trabalhar. Mas, se me escalarem para algo das nove, volto amarradão. Gosto muito dessa adrenalina. Tem aquela coisa de ter de dar certo, o principal produto da casa. Novela das nove é como jogar no Maracanã.
P – Apesar de ser uma história que se passa no subúrbio carioca, o Jayme é gaúcho. Como se deu essa escolha?
R – Eu nunca tinha feito um gaúcho. Fiquei a vida toda esperando por essa oportunidade. Então, resolvi eu mesmo me dar essa oportunidade. Sugeri para a direção e para a Claudia. Eles toparam e estou muito feliz de viver um gaúcho. Tenho colocado várias expressões do gauchês.
P – Após emendar tantos trabalhos, você tem alguma dificuldade para se desvincular dos personagens?
R – Hoje em dia não tenho mais dificuldades. No passado era mais complexo. No começo, eu fiz muitos filmes de mergulho denso, sabe? Passava três meses no interior da Paraíba ou da Amazônia. Então, eu voltava carregado do astral do filme e do personagem. Hoje em dia, eu passo o crachá na catraca e já esqueci o personagem. Sou eu de novo.
P – Como seu trabalho de composição o Jayme?
R – Eu fiz o personagem todo baseado no jeito e expressões do meu pai e do meu avô. Estou representando toda a minha parentada do Sul.
P – Nos últimos anos, você tem vivido personagens bem diferentes entre si. Como tem funcionado essa seleção?
R – Eu fiz essa busca nos últimos anos. Quando a pandemia acabou, eu estava louco para trabalhar. Como já tinha feito muitos personagens broncos e fortes, achava que podia começar a variar um pouco. Sinalizei para a casa que poderia fazer algo mais refinado. Mas começou a produção de “Pantanal”. Falei rapidamente que essa novela eu faria qualquer papel. Fosse peão, vaca ou touro. O Pascal de “Fuzuê” acho que já foi esse entendimento da casa para coisas novas. Foi bem desafiador. Fiquei amarradão. Tenho colecionado projetos inesquecíveis.
P – De que forma?
R – O Alcides (“Pantanal”) nunca vou esquecer. Vinha gravar superfeliz. O Adalto também é inesquecível. Foi o personagem que me projetou nacionalmente. O Mariano de “O Outro Lado do Paraíso” foi demais também. contracenei com a Marieta Severo. Aliás, sempre tive essa sorte de estar ao lado de grandes atrizes, como Marieta, Malu Galli, Regina Casé... Estar perto de gente boa significa que bola sempre vai chegar redonda para você.

“Volta por Cima” – Globo – Segunda a sábado, às 19h30.

Opinião forte
Juliano Cazarré é um homem de opiniões fortes e busca sustentar seus argumentos. Assumidamente conservador e católico, o ator, que reúne quase 3 milhões de seguidores no Instagram, é conhecido por divulgar suas mais variadas opiniões nas redes.

“Só tive ‘haters’ de coisas que eu achava que estava certo. Finquei o pé e vamos nessa. Tem de ter essa diversidade de opinião mesmo. Sei que o que penso não é o que a maioria da classe artística pensa. É meu jeitão”, explica.

O ator, que está há quase 20 anos no vídeo, valoriza o bom relacionamento que tem construído com o público dentro e fora das redes sociais.

“No meu Instagram e na minha vida só recebo amor e carinho. Saio na rua e sou sempre muito bem recebido pelo público. Agradecem por eu falar de Deus e da família. É só amor e carinho”, aponta.

Truque de tevê
Vivendo um motorista de ônibus em “Volta por Cima”, Juliano Cazarré mergulhou no dia a dia dos profissionais que estão diariamente atrás do volante. Ele, porém, não precisou tirar carteira para dirigir ônibus nas sequências em aparece conduzindo um veículo.

“É tudo truque de estúdio. Seria bem complicado tirar carteira. Em ‘Pantanal’, eu precisei tirar carteira para pilotar barcos. Precisei estudar e fazer prova. Depois da novela, nunca mais usei (risos)”, ressalta.
 

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